Já sabia que tinha tido sorte quando o James se cruzou no meu caminho, logo de imediato senti uma forte atracção por ele. Quando o conheci era apenas um jovem, bonito, um guerreiro, mas agora que realmente conheço o seu interior, vejo que ele é um homem com um coração do tamanho do mundo, que partilha a ânsia de ser livre tal como eu, que do nada, sem me conhecer muito bem pôs fé neste sacrifício que nos junta.
E nestes momentos em que ele não se apercebe e posso observá-lo á vontade, vejo que é absolutamente lindo. Por isso digo que tive sorte ao comprometer-me com ele, a este ponto, a ideia de o ver com outra pessoa deixa-me doente. Não digo que o amo, não sei se é isso, mas sei que gosto muito dele.
Entretanto para estragar o momento, o Shadow começou a ladrar, quase que de propósito, o maldito. O James acordou sobressaltado:
- O que se passa?
- Nada, o teu Shadow decidiu que era hora de acordares!
- Já estás acordada há muito tempo? – Perguntou, recompondo-se.
- Não, há uns minutos.
- Precisas de alguma coisa?
- Preciso de comida, estou esfomeada.
- Acredito. – Riu.
Assim passei duas semanas na cama, não podia fazer esforço com a perna ou os pontos poderiam abrir. É óbvio que o James nem sempre esteve comigo, não ia pedir que ficasse nem ia ficar zangada se não o pudesse fazer. Ele e o Richard ausentavam-se muitas vezes com o pai para tratar de assuntos que não diziam respeito a nenhuma de nós, mas calculei que fosse sobre as alianças e delinear planos estratégicos caso rebentasse a guerra. Nestas duas semanas só o vi durante alguns dias e por breves períodos de tempo.
Graças aos deuses tinha chegado o dia de tirar as ligaduras e receber permissão para sair finalmente da cama. Estava deitada, tinha a camisa de dormir subida e o mestre estava a verificar a ferida. Entretanto batem á porta, era o James:
- Então como está? – Perguntou corando imediatamente ao olhar para as minhas pernas – Desculpem-me, posso voltar mais tarde!
- Não faz mal, podes ficar, vais ter de te habituar certo? – Disse para o envergonhar mais ainda.
- Bem, menina Isabelle, a ferida sarou e não há sinais de infecção, está curada, mas não pode fazer esforços como montar ou correr, espere mais dois ou três dias.
Levantei-me da cama, como soube bem pôr-me de pé. O James pôs-se logo a meu lado caso me desequilibrasse, mas não aceitei o seu apoio, tinha de conseguir sozinha:
- És mesmo teimosa!
- Parece que já me vais conhecendo.
- Vou mesmo. É verdade, hoje vamos ter cá convidados, só por esta noite, o meu pai vai dar um jantar e um baile.
- Quem são os convidados?
- Não sei, ele não disse e eu também não perguntei, mas deve ser alguém importante.
- Agora fiquei curiosa.
Ele saiu, depois fui tomar banho e aperaltar-me como era requerido para esta noite. A Beth tinha escolhido o meu vestido e Lady Catherine tinha dado a sua opinião. Certas mulheres gostavam mesmo de brincar às bonecas em gente grande.
Eu não quis discutir, era um vestido lindíssimo e eu tinha grande honra em vesti-lo, tinha sido uma prenda de Lord Hastings. Relativamente ao penteado, optei por algo simples, solto e ligeiramente ondulado.
Fomos as três juntas para o salão, e como mulheres bonitas, assim que entrámos recebemos toda a atenção. Foi ai que vi quem eram os convidados, Lord Blackwell e o seu filho Andrew. Apeteceu-me logo dar meia volta, mas em vez disso tive de continuar na sua direcção.
Cumprimentámos todos, recebi um olhar caloroso do James, que foi interrompido quando o Andrew veio ao pé de mim e se intrometeu:
- O que fazes aqui Belle? – Perguntou, olhando-me de alto a baixo, como seu eu fosse o que ele mais desejava de possuir na vida, via isso no seu olhar, não era nada dissimulado, tudo quanto dizia ou fazia não se dava ao trabalho de aligeirar.
- Isso não te diz respeito. – Respondi indiferente com a intenção de me afastar mas ele insistiu na conversa.
- E o pedido que te fiz? – Perguntou, ignorando tudo e todos á sua volta.
- Que pedido? – Fiz-me de esquecida.
- De casamento?
- Sim considerei…considerei que não. A propósito, já estou comprometida. – Esclareci.
- O quê? Com quem? – Questionou chocado.
- Comigo. – Interrompeu o James, um pouco irritado.
- E tu és?
- James, filho do Lord Hastings.
- James…ah o bastardo, queres tu dizer… - Disse arrogantemente.
- Essa arrogância não te fica nada bem Andrew.
- Não quero saber. Isto significa que preferes um bastardo a um futuro Lord?
- Não, prefiro alguém de quem gosto a alguém que não suporto. É essa a diferença. - Constatei.
Afastou-se com o seu ego a valores negativos. Agarrei o James pelo braço e disse-lhe:
- Não lhe ligues, ele é mesmo assim um idiota.
- O que ele disse não me afectou, está descansada, a sua insistência contigo é que me tirou do sério!
Senti uma ponta de orgulho, sabia que ele estava com ciúmes, incomodado e ficava tão sexy. O resto da noite correu bem, sem mais intervenções arrogantes do Andrew, que se manteve á distância. Acredito que ele não estava á espera de me encontrar aqui e muito menos já comprometida. Só não percebo como ele podia pensar que eu ia considerar a sua proposta, quando sabia perfeitamente como me sentia acerca dele.
Que lindo seu texto .
ResponderEliminarMuito obrigado =)
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