domingo, 15 de dezembro de 2013

Um Sonho Ou Realidade - Cap 15

Aquele foi um dos dias mais longos da minha vida. As horas iam passando, e aquela onda de pânico que se abatia sobre mim, quando não estava distraída, era cada vez maior. Passei algum tempo com as crianças, a rir das suas brincadeiras infantis. Juntei-me a Julia e a Marianne para saber sobre quem coscuvilhavam. Procurei por Beth, mas ela e Richard tinha saído para passear a cavalo.

Conseguir encontrar um pouco de paz na biblioteca. Enquanto folheei alguns livros, a minha cabeça não pensava no James nem nos problemas. No entanto, quanto terminei a minha leitura e fiquei sem nada para fazer, a minha mente começou a disparar cenários e pensamentos que me fizeram ficar ainda mais ansiosa, ao ponto de começar a falar sozinha.



- Nem sequer conheço o Richard assim tão bem para acreditar na sua palavra. Como posso eu confiar nele? Ou no James? Não quero pensar que ele não vai voltar e honrar o seu compromisso. Ele não é capaz de fazer isso, ou será? Tenho de enfrentar a realidade, estou a pôr o meu destino nas mãos de estranhos.

No entanto, ao ouvir a minha voz e o meu discurso absurdo, tomei consciência do caminho decadente que a minha mente estava a tomar e decidi sair daquele divagar de pensamentos negativos. Não podia pensar mal do James, realmente não parecia ser esse tipo de pessoa, e o Richard também não. Tinha de tentar ter um pouco de fé.

Ainda assim, ao final da tarde, antes de me arranjar para o jantar e temendo que as coisas corressem mal, arrumei algumas coisas minhas, o essencial, e fui esconder o saco perto da muralha, do local que tinha usado antes para escapar. Sim, estava desesperada, o dia estava a chegar ao fim e não havia sinal de James em parte alguma.

Depois de fazer o que tinha a fazer, dirigi-me calmamente para os meus aposentos. Tomei um longo e relaxante banho, vesti um dos meus melhores vestidos, arranjei o meu cabelo, coloquei umas gotas de perfume no pescoço, belisquei as minhas bochechas para que parecessem no mínimo rosadas, pois senti que o meu sangue e calor corporal tinha sido sugados de mim.

Quando estava a terminar de me arranjar, senti que alguém me observava. Olhei na direcção da porta do quarto e ela estava encostada. Levantei-me, abri a porta, espreitei mas o corredor estava vazio. Admito que senti um arrepio subir pela minha pele acima.

Finalmente estava pronta para descer até ao salão, para me juntar á minha família e aos Hastings, que esperavam que James estivesse pronto para dar uma resposta. O problema é que eu sabia que James não tinha regressado. Ia juntar-me a eles e estava preparada para mentir, preparada para ganhar algum tempo e depois do jantar, a meio da noite, estava preparada para ir embora e nunca mais voltar.

Sai do quarto e cada passo que dava o meu coração acelerava mais. Sentia que, cada passo que dava, estava a caminhar na direcção errada. Mas tinha de ser feito, aquele não era o momento para ataques de pânico e correr para as colinas, tinha de representar bem o meu papel enquanto fosse necessário, tinha de aguentar. Mas seria eu capaz de aguentar? A poucos metros do salão senti que o ar me estava a faltar, senti que o espartilho estava a ficar cada vez mais apertado. Entretanto apareceu a Beth, que vinha á minha procura, preocupada que tivesse fugido, e encontrou-me assim.

- Belle o que se passa? – Perguntou preocupada, amparando-me.

- Não consigo fazer isto… Não consigo respirar. – Disse ofegante.

- O que aconteceu? Queres que chame alguém?

- Não por favor, o que iriam dizer se me vissem neste estado… - Respondi tentando recompondo-me.

Larguei-a, precisava de espaço, apesar de a sua presença me ter acalmado, precisava de um momento para me recompor.

- Fala comigo irmã. – Pediu ela.

- Não é nada que valha a pena conversar, nada que já não imagines. Dá-me um instante e volto contigo para o salão. – Pedi, em resposta.

Encostei-me a uma parede, fechei os olhos e respirei fundo. Estão coisas não tinham nada a ver comigo. Desde quando deixava eu que o medo me controlasse, e se acontecesse, desde quando deixava que alguém me visse assim? Apanhei a minha dignidade do chão, ergui-me daquele ataque de pânico, ajeitei o vestido e o cabelo, dei o braço á minha irmã e entrámos juntas no salão.

Quando atravessámos aquelas grandes portas de madeira, queria parecer bem, destemida e tinha colocado aquela armadura impenetrável de coragem, mas quando olhei para a mesa e descobri o James sentado na cadeira ao lado da minha, como se nada fosse, toda a minha fachada caiu por terra.

Ele tinha regressado, e não tinha ido falar comigo primeiro, como havia prometido, porque razão estava ele ali sentado, aparentemente calmo enquanto eu sofria por antecipação? Por um lado senti um alívio ao vê-lo ali, mas por outro, uma indignação e raiva tentavam apoderar-se do meu espírito.

Acompanhei a minha irmã até á mesa, ela sentou-se ao lado do Richard, e eu na minha cadeira, agora ao lado de James. Lord Hastings e o meu pai levantaram-se para discursar, mas James interrompeu-os, levantando-se, dirigindo-se para o meio do salão.


- Se não se importarem, gostaria falar primeiro, para partilhar com todos os presentes a minha decisão relativamente á proposta que me foi feita. – Pediu James com todo o respeito e diligência.

- Claro rapaz, como certamente deves imaginar todos esperam impacientes para saber quantos casamentos se irão realizar. – Responde o meu pai.

- Tens permissão James, leva o tempo que for necessário. – Diz Lord Hastings esperançoso.

Olhei para ele desconfiada e o olhar que ele me devolveu nada revelou. A minha vontade naquele momento foi ir até ele e esbofeteá-lo repetidamente. O que raio estava a ele a fazer? Qual era o seu plano?

3 comentários:

  1. O espírito da curiosidade insana me possuiu agora. Sim Ou Não parecem respostas previsíveis. Creio que James tem uma carta na manga. Joana, trate de dar a luz a esse cap 16 logo, hein!
    Eu que queria te mandar um link para uma história minha, no meu blog. Posso deixar aqui ou você prefere por e-mail?
    Kiss

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  2. Vamos ver o que acontece Jon. Pode deixar aqui o link sem problema, assim quem quiser pode visitar também a sua página. Vou ver se consigo começar a ler a sua, Amado Ofensor, prometo. Beijo ;D

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  3. Puxa vida, Joana! Será uma honra VOCÊ ler a minhas narrativas. Muito Obrigado. Mas não repare. Não escrevo tão bem quanto tu.
    Fica, então, o link:

    http://jonparedes.blogspot.com.br/2013/06/meu-amado-ofensor.html

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