sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Um Sonho Ou Realidade - Cap 9

Antes de sairmos do salão, ficámos para trás propositadamente. Senti que lhe devia uma explicação e o James não perdeu tempo, e dirigiu-se a mim:

- És uma das filhas do Lord Carvain? Não te passou pela cabeça que era importante mencionar isso e que estavas noiva do meu irmão? – Sussurrou ligeiramente irritado.
- Tu também não me disseste. Não ia dizer quem eu era a um completo desconhecido. Podias bem ser um bandido e não ter as melhores das intenções.
- Que eu saiba, foste tu que me tentaste roubar. – Disse indignado.

Ele passou a mão pelo cabelo, estava um pouco desorientado com tudo o que tinha acontecido:

- Eu não teria…feito o que fiz, se soubesse. – Disse, sussurrando perto do meu ouvido.
- Não sei do que estás a falar. – Disse, virando-lhe a cara, fingindo não me recordar do beijo.

A conversa terminou e quando nos demos conta, o meu pai e Lord Hastings, que tinham ficado para trás a discutir algo, olhavam na nossa direcção desconfiados. Aumentamos a distância entre nós e saímos do salão discretamente. Entrei no meu quarto e vi o James entrar no último ao final do corredor.

Estava tão cansada, completamente de rastos, aquela pequena aventura tinha dado cabo de mim. Estava a precisar de um bom banho e de uma cama bem quentinha, mas a última iria ter de esperar um pouco, ainda tinha um banquete para enfrentar. A Beth ficou pronta primeiro, veio ter comigo e ficou de boca aberta quando viu a nódoa negra que tinha nas costas:

- O que raio aconteceu naquela floresta Belle?

Olhei pelo espelho e vi que realmente não era algo muito bonito de se ver:

- Quando o John me derrubou para evitar que eu apanhasse com a seta, ambos caímos mal.
- Não sei como conseguiste aguentar o caminho todo assim… - Disse ela, olhando horrorizada para as minhas costas.
- Tive de aguentar, o James estava bem pior.

Sabia que ela estava morta por fazer perguntas. A minha irmã era muito curiosa e tinha demasiada imaginação. Por vezes era melhor alguém lhe pôr um travão antes que a sua imaginação voasse demasiado alto.

- Como é que se encontraram? Quer dizer, parece-me ter sido uma grande coincidência, dar de caras logo com um dos filhos do Lord Hastings. – Perguntou curiosa e insinuante.
- Depois de ir embora, andei dois dias seguidos, estava faminta e cansada quando avistei o seu abrigo e tentei roubar-lhe o pão mas ele apanhou-me. – Deu-me vontade de rir ao lembrar-me. – Amarrou-me as mãos e não tive escolha se não ficar com ele, ao menos tinha abrigo, comida e água. Entretanto fomos atacados e depois trouxe-me de volta. – Resumi rapidamente.
- Mas porque voltaste com ele? Obrigou-te?
- Não, voltei porque quis. Tivemos muito tempo para conversar e foi ele que me encorajou a voltar e enfrentar o pai.
- Ah foi? – Disse surpresa. – Parece ter sido uma aventura interessante.
- Não comeces. – Insisti.

Acabei de me vestir e aperaltar. Tinha de deixar as calças, pelo menos por alguns dias enquanto estivéssemos aqui, não ia ter muitas oportunidades de montar. Trocava agora a roupa menos feminina por um lindíssimo vestido de cores claras, creme e prateado. Estava a estreá-lo mas tirava-me o fôlego da mesma forma quando o vi pela primeira vez. Não que a minha família tivesse de se preocupar com dinheiro, mas quando o meu pai me ofereceu, imaginei que lhe tivesse custado os olhos da cara.

A caminho do salão, passando por aqueles corredores frios, de pedra escura, iluminados por tochas, sentia a tensão aumentar a cada passo, a minha irmã estava cada vez mais nervosa:

- Achas que o pai vai mudar de ideias? – Perguntou Beth.
- Espero que sim, quer dizer, se o casamento for teu e do Richard todos ficam a ganhar, só não vê quem não quer ver.
- Não sei o que farei se ele ignorar os nossos argumentos Belle, realmente não sei. – Diz ela desesperada.
- Tem calma, ainda não sabemos a sua decisão, não sofras por antecipação. – Respondi, dando-lhe a mão.

Entrei timidamente no salão junto com a Beth, ciente de que os homens não eram nem um pouco dissimulados. Não olhei para ninguém, limitei-me a caminhar atrás da minha irmã. Não gostava de ser o centro das atenções, por isso esperei até chegar a porto seguro, a minha cadeira, onde me senti mais á vontade. Olhei em redor, acenei a todos os presentes. Encontrei o olhar do James que me olhava surpreso, como se nunca tivesse visto uma mulher antes. Sabia que se devia a estar muito mais apresentável, como uma mulher de classe.

5 comentários:

  1. Eita! Esse banquete promete!!!!
    Agora tudo está nas mãos do Senhor Edward. Uffff! Calafrios!

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  2. Como sempre... acabamos um capítulo com vontade logo de ler o seguinte :)
    Muito bom!!! Beijinhos :)

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  3. É bom sinal Sandra, ainda bem. Obrigado por acompanhar e comentar. Beijinhos =D

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