quinta-feira, 9 de julho de 2015

O Peso do Destino - Cap 48

o peso do destino, fanfic, dark hunters, escrita criativa, contos, historias,Estaria eu preparada para enfrentar o Olimpo? Seria forte o suficiente para enfrentar a raiva e o julgamento dos deuses? Queria acreditar que sim, a hora de duvidar de mim própria havia já passado, a decisão estava tomada, não havia como voltar atrás. No entanto, quando deixei a casa do meu irmão, não consegui evitar partir com o coração pesado. Decidi aparecer de surpresa, nem sequer avisei a minha mãe, Afrodite, da minha visita. 





Estava no meio do que parecia ser um tribunal, uma sala apalaçada, larga e aberta, ladeada de colunas e cadeiras de mármore branco, parecia uma assembleia, no entanto, naquele momento estava completamente vazia, sem vozes ou discussões políticas.

Para além das suas colunas, dos seus limites, parecia que ia dar a lado nenhum, a única coisa que se podia observar dali para fora era luz e nevoeiro. Perguntava-me onde iria dar se passasse por ali. No seu silêncio celestial, ouvia-se o som de uma brisa que ecoava no imenso e amplo espaço da sala e passava entre as colunas e o vácuo.

A minha chegada não tinha passado desapercebida e pouco depois deixei de estar sozinha, alguém ocupava agora o lugar central e mais alto de todos os assentos, e se não estava em erro, sabia perfeitamente na presença de quem estava.

- Quem ousa entrar no reino dos deuses sem autorização? - Pergunta Zeus, em toda a sua gloria divina.

- Pensei que como procurada, fosse reconhecida pelos meus caçadores... - Respondi sem receio.

- Quem és tu? - Insistiu ele já ligeiramente irritado.

- Realmente não me reconhece, querido avô? - Esclareci.

Nesse momento a sua cara de choque relevou a sua surpresa e a minha mãe apareceu do nada a seu lado, com cara de preocupada, podia perceber que ela não esperava a minha visita.

- O que fazes aqui Eva? Devias ter-me dito. - Diz ela em tom de desespero.

- Dizer ou não dizer, o resultado seria o mesmo mãe, não podias ter feito nada.

- Então esta é ela. - Confirmou Zeus. - Decidiste vir aqui mesmo ciente das consequências?

- Sim, não podia ser evitado, não quero passar o resto da minha vida a fugir ou com medo.

A plateia ia ficando mais cheia, os lugares aos poucos iam sendo ocupados pelos seus respectivos donos. Um a um, os deuses e deusas do Olimpo que tinham direito a uma lugar e a uma participação nas decisões divinas, foram tomando as suas posições. Agora parecia que finalmente a minha audiência perante este tribunal havia começado.

Não tinha medo, mas a preocupação da minha mãe comovia-me, ela estava calmamente tentando esconder a onda de pânico que a inundava. Eu permanecia no centro, sem direito a advogado, a minha defesa dependia somente de mim, dos meus argumentos.

- Estás ciente da razão porque és procurada? - Continuou Zeus, de forma imparcial e fria.

- Sim, estou ciente.

- E além disso, se não me engano, mataste a sangue frio um dos nossos. Se realmente estás ciente como dizes, porque raio havias tu de estar aqui no meio de nós? - Questionou ele.

- Será que me permite apresentar os meus argumentos? - Perguntei.

- Claro que sim, não te daria menos que um julgamento justo. - Confirmou o meu avô.

- Nada acerca dos deuses e das suas excentricidades é justo, mas esse assunto fica para uma próxima vez. - Disse com sinceridade.

A minha mãe olhou-me chocada pela minha ousadia. Sabia que não podia exagerar no que pretendia dizer, apesar de não estar com medo por mim, preocupava-me com o destino da minha mãe, dos meus amigos caso falhasse.

- Como já disse, não pretendo ter de me esconder o resto da minha vida. Não levanto quaisquer objecções em ser julgada por crimes que cometi, mas por crimes em que não tive mão, bem, isso já é uma história diferente.

- Continua por favor. - Insistiu Zeus, gesticulando com a mão.

- Se este julgamento realmente pretende ser justo, acho que os jurados concordam com a minha inocência, eu não posso ser julgada pelos erros cometidos por outros. Sim, sou fruto de uma infidelidade, mas que culpa tenho eu da fraqueza dos meus pais. Acho que este assunto devia ser posto de lado de uma vez por todas, continuar a insistir num erro do passado é uma simples perda de tempo. Deviam de olhar para mim como uma bênção em vez de uma maldição, uma ameaça, porque eu não sou nenhuma delas.

Olhando directamente nos seus olhos, soube que Zeus percebeu onde eu queria chegar. Ele sabia com quem estava a falar, sabia perfeitamente a extensão do meu poder, que eu podia erradicar aquele panteão num piscar de olhos e escolhi não o fazer, ele percebeu que eu não pretendia ser vista como uma ameaça, de todo, esse facto pareceu descansá-lo um pouco.

Quando olhei á minha volta, para a cara de todos os presentes, percebi que a maioria não tinha um carácter tão rígido como o de Zeus. Ele era um dinossauro da velha guarda, conservador e antiquado. Apesar de todos o temerem, respeitarem, ele precisava da participação dos seus para fazer as suas decisões. Não que isso o tenha impedido no passado de cometer algumas loucuras precisando apenas da sua permissão.

- Não preciso de pedir a opinião de mais ninguém para perceber que este caso está encerrado. Reconheço que foste corajosa por vir até aqui e está decidido que não serás julgada por essa infelicidade do passado. No entanto existe uma questão do presente que tem de ser discutida, Artémis. - Disse seriamente. - O que tens a dizer em relação a isso?

- Muito, tenho muito a dizer, e relativamente a esse crime, não me declaro inocente, e por esse sim, mereço ser julgada.

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