terça-feira, 9 de junho de 2015

O Peso do Destino - Cap 44

o peso do destino, fanfic, dark hunters, escrita criativa, contos, historias,Depois de Apollymi ir embora, fiquei ali um bocado, pensando para os meus botões. Será que Ash sabia que Artémis estava por de trás daquilo tudo? Ele não sabia, caso contrário nenhum de nós estaria aqui para contar a história. Acho que ele teria um acesso de raiva tão grande que destruiria tudo, ninguém o conseguiria parar. Seria compreensível, se estivesse no lugar dele, faria o mesmo.

Qual será a sua reacção quando descobrir? Sim, porque ele iria descobrir. Eu até tinha medo, só de pensar nisso. Por essa mesma razão não podia deixá-lo combater sozinho. Apesar de me ter magoado imenso, não era capaz de não estar a seu lado, não era capaz de o abandonar.




Mas sobre uma coisa eu tinha certeza e estava decidida. Se o Ash hesitasse em destruir Artémis, eu própria trataria disso com todo o gosto. Não podia deixar aquela cabra viver e continuar a arruinar a vida das pessoas. Ela não fazia falta nenhuma neste mundo.

Nessa noite nem consegui dormir direito. A minha cabeça estava a mil, a pensar nas diferentes alternativas, no que deveria fazer quando o momento chegasse. Eu sabia que não devia falar sobre isto a ninguém, mas tinha de começar a preparar o terreno. Por isso decidi chamar os predadores que me eram mais próximos para se reunirem comigo no final do dia seguinte. Falei com o Julian, o Kyrian, o Talon, com o Vane, o Wren, Wulf, Valerius, Zarek e com o Sin.

Todos eles atenderam ao meu pedido e apareceram na mansão. O apartamento não era um local seguro para tal reunião. Sentaram-se confortavelmente na sala, distribui cerveja e agradeci por terem aparecido:

- Fico contente que todos vocês tenham decidido vir. – Disse.

- Disseste que era importante. – Confirmou o Julian.

- E é, é sobre algo que diz respeito a todos. É sobre esta guerra pela qual esperamos há meses.

- Há alguma novidade? – Pergunta o Kyrian.

- O que aconteceu? – Pergunta o Vane.

Olhei á minha volta e encontrei caras surpresas e ansiosas de informação:

- Não era suposto eu falar sobre isto até ao momento certo, mas eu não consigo ficar sem fazer alguma coisa. É meu dever avisar-vos para se prepararem para o que está para vir, dentro de alguns dias.

- Dentro de dias? – Perguntou o Talon preocupado.

- O Ash sabe disto? Porque não está presente ele? – Questionou o Wulf.

- O problema é mesmo esse. Dentro de dias o Ash irá fazer alguma coisa…sozinho. – Respondi.

- Como sabes isso tudo? – Perguntou o Vane.

- Apollymi veio até mim. Ela não mentiria, não sobre isto. Ela contou-me também que Strykerius está por detrás disto.

- Já desconfiava. – Confirmou o Julian sem surpresa.

- Mas ele não está sozinho. Ele tem Artémis do seu lado.

- O quê? – Exclamaram alguns deles ao mesmo tempo.

- Essa cabra… - Diz o Talon.

- Esta é a verdade. Só peço que não falem disto a mais ninguém, sobretudo com o Ash. Apollymi virá ter comigo quando chegar o momento e eu mesma vos contactarei. Espero contar convosco. – Pedi esperançosa.

- E nós estaremos lá para ti e para o Ash. Depois de tudo o que ele fez por nós, nunca o abandonaríamos, ele é nosso amigo, nós somos uma família. – Falou o Julian e todos acenaram positivamente.

- Muito obrigado rapazes. Não sabem como é bom ouvir isso. Preparem-se, uma boa e difícil luta está para vir. - Confirmei.

- Era disso mesmo que estávamos á espera. – Conclui o Zarek animado.

Só consegui sorrir como agradecimento. Este era um grupo de homens, amigos, pessoas excepcionais, leais, que eu soube que podia sempre contar.

Nessa noite consegui ir para a cama e dormir mais descansada, ligeiramente preocupada, mas ao menos já me sentia mais aliviada. Estava contente que os predadores tivessem vindo quando os convoquei, não era uma obrigação, era simplesmente um pedido, e mesmo assim eles vieram.

Agora era esperar que Apollymi aparecesse para nos avisar. Os dois dias que seguiram não foram nada fáceis, a ânsia estava a dar cabo de mim. E um encontro com o Ash na casa do Julian, não ajudou em nada.

Tinha lá ido fazer uma visita, estava com saudades de conversar com a Grace. As suas sensatas opiniões sobre a vida dos outros estavam a deixar saudades. Ela estava super entusiasmada com o casamento, falava sem parar. Estava tão entusiasmada que acabei por ser eu a fazer a sobremesa para o jantar enquanto a Grace falava sem parar, gesticulando os detalhes pormenorizadamente.

Estava a preparar as natas para juntar á mousse de chocolate que tinha confecionado antes, para fazer um doce com mousse, natas e bolachas embebidas em café, quando ouvi a porta e o Julian a conversar com alguém. Alguém cuja voz reconheci logo.

O meu primeiro pensamento foi desaparecer, mas eu era uma mulher adulta, não podia portar-me como uma criança. Portanto agi como um adulto deve agir, com graça, dignidade e com coragem para enfrentar o que fosse necessário. 

Dirigi-me á sala, acompanhando Grace, para cumprimentar quem tinha acabado de chegar. Dei um abraço ao meu irmão e disse um "Olá" educado ao Ash.

- É bom ver-te mana.

- A ti também Julian, como sempre. - Respondi.

- O Ash janta cá hoje. - Anunciou a Grace.

- Temos comida suficiente para nós os quatro. - Declarou o Julian.

- A sobremesa que estou a acabar é suficiente, de certeza. - Conclui.

Voltei para a cozinha e enquanto acabava a sobremesa, pensei na vontade que sentia de contar ao Ash sobre a traição de Artémis, mas por mais que desejasse não podia fazê-lo, tinha prometido que não o faria. Pensei também no embaraço que sentia ao lembrar-me da última conversa com Ash, das palavras duras e azedas que lhe tinha dito. Claro, estava enraivecida, mas eu não sentia nada do que tinha dito.

O jantar correu normalmente, ainda que todos os presentes sentissem uma certa tensão no ar, assim como os motivos associados. Eu estava contente por me estar a aguentar bem, estava a lidar com a situação como uma adulta. Não ia começar uma discussão com o Ash, e ele também aparentava estar calmo. Estaria também ele fazendo um esforço, como eu?

Depois de jantar, enquanto a Grace e o Julian discutiam algo sem importância relativamente ao casamento, comecei a levantar a louça e a levá-la para a cozinha. Estava a colocar os pratos na máquina de lavar quando reparo, pelo canto do olho, que o Ash se aproximava, com uns copos nas mãos:

- A comida estava ótima, mas a sobremesa estava de comer e chorar por mais.

- Não deixes que a Grace te ouça. - Brinquei.

Ele sorriu, deixou os copos na bancada e encostou-se fitando-me.

- O que foi? - Perguntei.

- Gostava de pensar que palavras serão precisas para te fazer ver que lamento o que aconteceu com a Mira, e tudo o resto.

- Não precisas de te desculpar Ash, quanto a Mira, ela é vítima de me ser próxima. Sabes bem que não és o único alvo.

- Não me importava de ser, se significasse que nenhum de vocês algum dia corresse perigo, era de boa vontade.

- Não faria diferença, acredita. As pessoas maldosas encontram sempre forma de nos atingir, seja com pessoas que conhecemos ou não. - Respondi tristemente.

Ele não respondeu, sabia que não existia um mundo perfeito, e neste nosso mundo imperfeito, de facto, não ia fazer diferença.

- Prometo que vai acabar depressa, isto tudo… - Assegurou.

- E como vais fazer isso?

- Não faço ideia, mas tenho de tentar.

- Sabes que não precisas de tomar esse fardo sozinho, tens os teus amigos do teu lado, tens-me a mim também.

- Eu sei, quer dizer, relativamente a ti, não tinha certeza. – Disse calmamente, com aquele sorriso adorável.

- Independentemente do que aconteceu entre nós, por mais que me afastes ou magoes, acho que nunca seria capaz de te abandonar. - Confirmei timidamente.

Ele olhou-me fixamente, pegou na minha mão, os nossos dedos entrelaçaram-se e ele depositou um beijo gentil nela. 

Muitas palavras, muitos sentimentos e, claro, muitas vontades ficaram a pairar á nossa volta. Ele saiu da cozinha, foi até á sala e despediu-se da Grace e do Julian. Eles vieram á cozinha preocupados:

- O que aconteceu? – Perguntou o Julian.

- Nada, estávamos só a conversar. – Expliquei.

- Mas ele foi embora. – Insistiu a Grace.

- Juro que só falámos, calmamente e sem discussões.

O Julian pareceu confuso e intrigado ao mesmo tempo, a tentar perceber o porquê do amigo ter ido embora.

- Prepara-te Julian.

- Porquê?

- Tenho uma sensação que depois desta noite muita coisa vai mudar. Acho que o momento que todos esperámos está aqui, amanhã vai ser um dia decisivo. - Anunciei.

- Como sabes disso?

- Pela forma como Ash falou. Ele estava frustrado, desesperado por resolver as coisas de uma vez. Só espero que corra tudo bem, pensar que algo de mal pode acontecer a algum de vocês…nem quero imaginar.

- Não quero pensar nisso. – Diz o Julian preocupado. – O que fazemos com as raparigas? Elas têm de ficar num sítio seguro.

- Já tinha pensado nisso. Podiam ficar todas juntas na mansão da minha mãe, elas, o Nick, a Simi e os escudeiros. São pessoas que devem ficar o mais longe possível da batalha.

- Bem pensado, acho que o Nick e a Simi dão conta do recado, ele não vai ficar contente por não ir connosco, mas é melhor assim.

- Ele há-de compreender, ele tem um dever a cumprir, tem de proteger as amigas que não podem lutar.

O Julian estava um pouco cético relativamente a tudo, mas era assim que as coisas tinham ficado combinadas. Voltei a casa para encontrar Apollymi á minha espera. Como que um espectro, um fantasma de figura perfeita, infalível, ela esperava calmamente.

- Está na hora, amanhã por esta altura estaremos em guerra. O Acheron antes de se aventurar irá ao Santuário, tens de arranjar forma de agrupar os teus e ir ao seu encontro antes que ele desapareça sozinho. – Ordena ela.

- Nós vamos ao seu encontro, não vamos deixar que se aventure sozinho. 

- Tu tens de estar preparada.

- Eu estou preparada.

- Estás mesmo? Achas que sim? Quer dizer, está preparada para acabar com Artémis sim, mas depois de o fazeres vais ter de enfrentar o Olimpo. Sabes disso, certo? – Questionou ela.

- O que sugere que faça?

- Não tens de fazer nada, eu vou dar-te os meus poderes.

- Os seus poderes, não será uma medida um pouco extrema? – Perguntei surpresa.

- Será? Se fores ao Olimpo e o teu avô Zeus, o Hades e Poseidon se virarem contra ti, achas que só com os teus poderes tens hipótese?

Fiquei pensativa durante uns segundos, a ponderar aquelas três bestas poderosas contra mim, e Apollymi estava certa.

- Não, acho que não tenho hipótese. – Disse, rindo nervosamente.

- Se eu te der os meus poderes, não tens de fazer nada, quando lá chegares eles próprios vão perceber a extensão da tua força. Só tens de ir e apresentar o teu caso e defender as tuas acções.

- Você tem mesmo tudo planeado… Bem, será assim, tudo vai correr bem.

- Mais uma coisa, com os meus poderes vais poder proteger os predadores de se enfraquecerem enquanto estiverem juntos. Depois de chegares ao Olimpo e demonstrares o que vales, não há volta a dar, vais ficar com um olhar diferente também.

- Estou pronta para aceitar tudo isso, se significar que posso proteger as pessoas que amo e acabar com esta guerra.

- E eu fico contente em saber isso, saber que o meu poder fica bem entregue, já que comigo não servem de muito, ficarei com o suficiente para sobreviver. – Disse tristemente.

Estava á espera de um grande ritual para que a troca de poderes pudesse ser feita, mas não aconteceu nada.

- Antes, todos os deus receavam-me e ao meu filho devidos aos nossos poderes, mas agora... Bem, tu és um caso diferente, eles não irão temer-te, irão estremecer á simples menção do teu nome, é tudo o que basta. - Confirmou com um certo orgulho.

- Obrigado por tudo.

- Não me agradeças ainda, muito pode acontecer. – Disse, desaparecendo.

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