sexta-feira, 5 de junho de 2015

O Peso do Destino - Cap 43

o peso do destino, dark hunters, fanfic, escrita criativa, contos, historias,A Mira despertou pouco depois. Mesmo num estado de fúria quase incontrolável, fiquei claramente aliviada ao ver que ela estava fora de perigo. O pensamento, a possibilidade perdê-la tinha quase acabado comigo. Pensar que aquilo tudo tinha sido propositado… Podia ter sido, ninguém sabia.

- Leva-a para casa, não a deixes sair da tua vista e protege-a com a tua vida Nick. - Ordenei.




- Prometo Eva, podes confiar.

- Eu confio. Tenham cuidado, os dois. – Disse, um pouco mais calma.

Levantei-me e afastei-me em silêncio. Andei calmamente durante alguns metros, até que Ash me impediu de andar mais, metendo-se no meu caminho.

- Eva… - Disse Ash, olhando para mim, desamparado, sem saber bem o que dizer.

Não respondi. Limitei-me a fitar o chão, receava explodir se olhasse para ele. 

- Estás bem? – Perguntou ele.

- Sim.

- A Mira está bem, já podes acalmar-te um bocadinho.

- Posso?

Desta vez foi ele que não respondeu. Ele estava a ter bastante dificuldade na escolha das palavras. Sabia que tinha de dizer alguma coisa, só não sabia como, ou o quê.

Cansada de esperar, passei por ele com intenções de ir embora, mas ele agarrou-me pelo braço. Era um movimento arriscado, não sabia como iria reagir se ele me forçasse a ouvir.

- Peço desculpa, lamento por isto tudo que está a acontecer. Sei que parte desse sofrimento, sou eu o causador. E mesmo pelo sofrimento que não me pertence, peço desculpa.

- Não peças desculpa Ash. Isso não vai servir de nada.

- Tenho de pedir desculpa, quero que saibas que eu não queria que tivesses de passar por isto. Quero que saibas que me preocupo contigo.

- Preocupas-te?

- Claro que sim.

Ri amarguradamente na cara dele:

- Tu não te preocupas comigo Ash. Se te preocupasses comigo, se eu significasse realmente alguma coisa para ti, nunca me deixarias passar por isto tudo. Olha para mim, vê no que me tornei.

- Isso não é verdade…

- É sim, mas a culpa foi minha. Nunca deveria ter-te dado tanto espaço na minha vida. E fui estúpida em pensar que tu eras capaz de lutar por aquilo que desejas.

- Não estou contente com certas escolhas que fiz até agora. E certamente, não estou contente com certas escolhas que fiz relativamente a ti, mas sabes bem que não tenho alternativa.

- Tens pois, simplesmente negas fazer alguma coisa porque és um cobarde. – Olhei para ele magoada – Por tudo o que me estás a fazer, espero que te sintas tão miserável como eu me estou a sentir. Não mereço nada disto, especialmente vindo de ti.

Depois daquela troca amargurada de palavras, afastei-me dele, deixando-o sem reacção, chocado com a minha frontalidade. As minhas palavras deixaram uma marca profunda no seu pensamento.

Ele percebeu que me tinha magoado de todas as formas possíveis e imaginárias. Como poderia ele ter magoado alguém que o amava, e que ele amava de volta? Quando é que o universo se tinha tornado tão distorcido?

Andei por mais algum tempo, sem rumo, na escuridão e no silêncio da noite. Só passadas algumas horas é que regressei a casa, mas trabalhar no dia seguinte, não estava definitivamente nos meus planos.

Naquele momento, o meu apartamento parecia tão pequeno e estranho. Por um lado não queria estar sozinha mas sabia que qualquer companhia que fosse escolher, me iria fazer perguntas, eu não estava com disposição para conversar. Sentei-me no sofá, enrolei-me no cobertor e embalei o meu próprio corpo.

No silêncio ouvi uma voz vinda do nada.

- Não desesperes minha querida...

- Quem está ai? - Pergunto, levantando-me sobressaltada.

- De certeza que não reconheces a minha voz?

De facto aquela voz era familiar, mas de onde? Procurando nas minhas memórias, lembrei-me de ouvir aquela voz nos meus sonhos. Aquela era a voz da mãe de Ash.

- Apollymi?

- Afinal ainda te recordas.

- O que quer de mim? - Perguntei com receio.

- A tua tristeza invadiu o meu palácio nos confins do mundo. Não podia deixar de vir e pedir que perdoes os erros que o meu filho cometeu. - Implorou.

- E porque faria eu isso? – Perguntei, céptica.

- Porque, tu melhor que ninguém, já viajaste ao passado de Acheron, deverias compreender os seus medos, a sua dificuldade em confiar nas pessoas, por mais que ele o deseje. Sabes bem que ele prefere guardar tudo para ele. Prefere levar com o dano todo, que ver os outros sofrer.

- Sim, eu compreendo isso tudo. Só não compreendo porque nega ele fazer alguma coisa quando eu lhe digo que pode haver uma solução. Ele simplesmente desistiu.

- Ele tem receio, por isso mesmo não deves desistir dele, deves ficar do seu lado, deves fazê-lo acreditar. - Insistiu ela.

- Isso é impossível. - Conclui tristemente.

- Nada é impossível. Depois da vossa conversa desta noite, ele ficou com dúvidas, ele começou a questionar-se, a si e tudo o resto, de uma forma que nunca tinha feito antes.

- Ficou com dúvidas?

- Sim, ele ficou tocado pelas tuas palavras. Mexeram com ele o suficiente para motivá-lo a fazer alguma coisa.

- Ele precisou de me magoar para que a razão lhe entrasse naquela cabeça dura? – Conclui com tristeza.

- Se não acreditas nele, acredita e mim. O meu filho está prestes a despoletar uma guerra. Eu tenho receio que ele esteja a planear combater sozinho. Principalmente porque quer compensar-te, a ti e a todos, pelos seus erros.

- Tem a certeza do que está a dizer? – Perguntei preocupada.

- Sim.

- Quando planeia ele avançar com esse plano suicida? Não posso deixar que enfrente o inimigo sozinho. - Acabei por admitir.

- Vou dizer-te, mas a seu tempo. Eu vou avisar-te e dar-te tempo que para que te possas preparar. Agora, só posso adiantar que isso acontecerá dentro de dias.

- Dias? Há imenso tempo que nos preparamos para este momento, agora que ele chegou não sei se estamos preparados. Ainda por cima quando desconhecemos o inimigo.

- Têm de estar preparados, o momento chegou. O vosso inimigo é uma dupla de traidores que merecem ser aniquilados.

- Isso significa que sabe quem são.

- Sim.

- Pode dizer-me? - Perguntei.

- Sabia que ias perguntar. Se eu te contar, tens de me prometer que não falas disso a ninguém.

- Prometo.

- Quem está por de trás deste plano descabido é o meu próprio protegido, o Strykerius juntamente com a cabra da Artémis.

- Não conheço o Strykerius, mas devo dizer que não me admiro da participação de Artémis.

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