segunda-feira, 25 de maio de 2015

O Peso do Destino - Cap 41

o peso do destino, fanfic, dark hunters, contos, historias, escrita criativa,Cheguei á minha antiga casa a meio da noite, tentei ser o mais silenciosa possível, os caseiros eram capazes de vir ver o que se passa e eu não os queria incomodar. A casa continuava imaculadamente bem cuidada, tal como quando a minha mãe ainda vivia aqui, o que trazia muitas memórias e uma grande nostalgia.

Sempre pensei que depois de Tabitha falecer, que iria ser difícil voltar a entrar neste casarão, mas a verdade é que de todas as emoções que sentia ao ali estar, nenhuma delas era tristeza, saudade sim, mas tristeza não. Prometi a mim mesma lembrar-me sempre dos bons momentos e não me deixar invadir pela tristeza. Esta casa não merecia permanecer assim, vazia e sem alegria, era uma casa de família, por isso decidi que quando fosse altura de formar uma família, se isso se concretizasse, este seria o meu lar.




Dormi uma noite descansada na minha antiga cama. Dormir uma noite sossegada e sem preocupações era algo que já não acontecia há muito tempo. Eu sentia-me exausta, cansada de tudo, sentia-me como que se todos os acontecimentos dos últimos tempos tivesse sugado parte da minha vida, da minha alegria e até da minha juventude. Por vezes, desejava não ser a pessoa que era, não me apegar a ninguém e preocupar-me única e exclusivamente comigo mesma, assim poderia partir sempre que pretendesse.

Infelizmente ou felizmente, as coisas não funcionavam dessa forma. Eu tinha amigos, família que adorava e sobretudo alguém especial, que simplesmente não era capaz de abandonar. Tinha-me afastado, não os tinha abandonado. Á luz das circunstâncias, tinha sido a melhor coisa a fazer.

O que podia eu fazer quando uma pessoa recusava receber a minha ajuda, achando que é um caso perdido, mesmo quando poderá existir uma solução?

Uma noite sai sozinha para fazer uma ronda, como qualquer outra noite normal, mas desta vez tive uma surpresa agradável:

- Vane?

- Eva, olá.

- Estás a fazer a ronda nesta zona? - Perguntei surpreendida.

- Estou.

- Eu também.

Ele sorriu abertamente, aquele encontro casual tinha sido do seu agrado:

- Podemos continuar a ronda juntos, que dizes? - Perguntou.

- Acho que é uma excelente ideia. - Respondi animada.

A companhia do Vane era como uma lufada de ar fresco. Ele era super simpático, engraçado, encantador e sedutor. Ele era o tipo de homem que qualquer mulher desejaria.

- Não te tenho visto nas reuniões… - Confirmou ele.

- Achei que era melhor afastar-me por algum tempo. Não quero colocar ninguém em perigo. – Conclui.

- Eu compreendo, acredita. De momento tem estado tudo calmo.

- Mas vais ver que se eu voltar, as coisas mudam logo.

- Talvez, ainda não conseguimos saber quem está por de trás disto, infelizmente.

- Já estiveram mais longe. Não acredito que este sossego dure muito mais tempo.

- Sim, acredito que sim. Ficar á espera é agonizante.

- É isso que o inimigo quer.

No final de uma noite calma, antes de nos despedirmos, o Vane tomou a iniciativa de fazer uma proposta.

- Devíamos fazer isto mais vezes… 

Olhei para ele, para aqueles olhos quentes, para aquele olhar que derrete qualquer pessoa. Eu não tinha nada a perder se aceitasse a sua proposta.

- Claro, porque não? Aviso-te da próxima ronda que fizer.

- Combinado. – Disse com um grande sorriso, desaparecendo na noite.

Depois disto acabámos mesmo por nos encontrar várias vezes para fazer a patrulha, era muito mais agradável na companhia de uma pessoa como ele. Eu sabia que ele começava a nutrir algum interesse, mas infelizmente não era assim tão fácil para mim esquecer o Ash, ele não era o tipo de homem que se pudesse esquecer da noite para o dia, ou esquecer de todo.

Durante todo aquele tempo, tinha sido Vane a pôr-me a par da situação. Apesar das conversas diárias com Grace e com Miranna, elas não andavam tão bem informadas. E eu, também não lhes tinha mencionado os meus casuais encontros com Vane.

Bem, não se podiam chamar encontros, uma vez que era em trabalho, mas era definitivamente uma forma de tornar o trabalho muito mais animado e lavar a vista, já que ultimamente a minha vida social era inexistente e o percurso era casa, trabalho, casa, patrulha, casa.

Fazia duas semanas que havia deixado a cidade. Independentemente de me manter ocupada, não conseguia evitar pensar no Ash e no quanto sentia a sua falta. Dizendo bem, já sentia a sua falta á muito tempo. Desde aquela noite no meu apartamento, a noite em que as coisas tinham atravessado a barreira do intimo, que as coisas nunca mais tinham sido iguais. 

Acabava perguntando-me também, quantas vezes teria ido ele ao encontro de Artémis. Tal pensamento destroçava o meu coração em mil pedaços, pedaços pequeninos impossíveis de voltar a juntar. Apesar de pensar em Ash ser doloroso, eu não conseguia evitar fazê-lo, por mais que Vane me distraísse. 

Uma noite depois de uma ronda bastante produtiva, estava um pouco cansada, pronta para ir para casa, mas o Vane fez-me um convite inesperado.

- Devíamos ir tomar um copo, que dizes? – Perguntou esperançoso.

Devia-lhe isso, por todas estas noites que ele me havia ajudado a passar o tempo com as rondas aborrecidas.

- A esta hora? Onde? - Perguntei.

- O santuário está aberto.

O Santuário, um dos últimos sítios que me apetecia ir, mas deu-me pena fazer a desfeita ao Vane.

- Uma bebida…está bem.

- Combinado.

Fomos os dois, conversando e rindo até ao bar. Não era muito tarde ainda, por isso íamos encontrar pessoas conhecidas por lá. Eu só esperava que uma delas não fosse o Ash. Nessa noite, o Santuário até estava movimentado, estava lá o Kyrian e a Amanda, o Talon com a Sunshine, o Nick com a Mira e o Wren estava a ajudar o Dev no bar. Sentia saudades daquele sítio, das pessoas, da atmosfera.

Entrei acompanhada pelo Vane, e é claro, não conseguimos evitar os olhares dos mais curiosos. Avançámos pela multidão e fomos ter com os nossos amigos na zona mais recatada do costume:

- Bons olhos a vejam Eva! – Diz o Kyrian.

- Olá a todos! – Respondi.

- Por onde tens andado? – Pergunta o Nick.

- Tenho andado a…resolver uns assuntos pessoais, mas tenho feito a patrulha todas as noite com o Vane.

- Bem acompanhada, bem me parece. – Apontou a Mira, sem perder a oportunidade.

Tive de rir, não era mentira, o Vane era uma excelente companhia, isso não podia negar.

- Só juntámos o útil ao agradável. – Interferiu o Vane em minha defesa.

Juntei-me às minhas amigas para pôr a conversa em dia e o Vane sentou-se junto dos rapazes. Sentia falta de estar com elas, eram uma parte muito importante da minha vida, pessoas que sempre estiveram presentes quando mais precisei, nos melhores e nos piores momentos.

- Então, tu e o Vane... - Começa a Mira na brincadeira.

- Eu e o Vane somos só amigos. -Respondi.

- Um homem daqueles não é do tipo de ser só amigo Eva. Caramba, aquilo é um pedaço de mau caminho de alta categoria. - Continuou a Sunshine.

- Eu já tinha reparado, mas ainda assim, somos só amigos. Por mais que eu quisesse que fosse algo mais, não consigo que seja.

- Porque não? Ele é tudo o que uma mulher pode desejar. - Salientou a Amanda.

- Há outra pessoa. - Admiti.

- Quem? Ainda andas com aquele tipo, o Ian? - Perguntou a Sunshine.

- Não, o Ian é passado e ainda bem.

- Ainda não nos disseste quem é o sortudo... - Insistiu a Sunshine.

- E não vou dizer, infelizmente não vale a pena, mais uma daquelas coisas que não vai dar em nada.

- Lamento muito. - Diz a Amanda.

- Um dia destes, mais cedo do que imaginas o homem dos teus sonhos vai bater á tua porta. - Diz a Sunshine, numa tentativa de me animar.

- De que me serve ele bater á porta, se depois se recusa a entrar? - Perguntei, dando um gole na bebida para ajudar o aperto no coração a ir para baixo.

Esta era uma das coisas que sentia falta, elas sabiam o que dizer para me animar, ainda que não estivessem dentro do assunto. Naquele momento não estavam. Só a Miranna, a Grace, e o Julian sabiam do que se passava com o Ash. Algumas partes pelo menos.

A conversa estava animada, até ao momento que o Ash se lembrou de aparecer. Aparentemente, ficou surpreso por me ver, eu notei que ele não estava á espera de me encontrar ali. Ali vinha ele, melhor que nunca, com o seu casaco de cabedal escuro, com o seu andar naturalmente sensual e o seu olhar selvagem de predador. Isto era ele sendo ele próprio. 

Cumprimentou os rapazes e em seguida veio cumprimentar as raparigas:

- Boa noite meninas.

- Olá. - Diz a Mira.

- Olá Ash. - Dizem as outras duas ao mesmo tempo.

- Eva, é bom ver-te, já faz algum tempo.

- Pois é.

Eu não ia dizer que também estava contente por vê-lo, isso era simplesmente uma tortura. A presença daquele homem fazia-me sentir uma mistura de sentimentos. Alguns bons e outros deprimentes.

Minutos mais tarde o Vane aparece para nos oferecer bebidas:

- Meninas, o que querem tomar? Esta rodada é por minha conta. - Diz ele animado.

- Eu quero um Cosmo. - Diz a Sunshine.

- Dois. - Acrescenta a Amanda.

- Para mim pode ser uma Vodka com Redbull. - Diz a Eva.

- O mesmo para mim também. - Concluiu o Mira.

- Está certo, volto já com os vossos pedidos.

- Obrigado Vane. - Agradeci, por todas.

- Não tens de agradecer, eu faço gosto. - Responde ele, com aquele sorriso sedutor.

Sem comentários:

Enviar um comentário