quarta-feira, 13 de maio de 2015

O Peso do Destino - Cap 38

o peso do destino, fanfic, dark hunters, contos, historias, escrita criativa,Terminámos o petisco e finalmente fomos para a sala, ter com os restantes. O Ash estava sentado no sofá grande com Julian e Kyrian cada um do seu lado. O Talon estava debruçado sobre as costas do sofá, o Vane estava num dos sofás pequenos, o Valérius no outro e eu estava encostada ao mini bar ao lado de Wren. 

Assim continuámos numa discussão sobre o que fazer com os daemons, a tentar descobrir um padrão e onde poderiam atacar a seguir. O mais importante de tudo, era que todos tentavam dar a sua contribuição para descobrir quem, na realidade, estava por de trás de tudo aquilo.



Eu agora sabia que não era Styxx. Ele podia ter entrado no plano inicialmente, mas algo o fez mudar de ideias, abandonar o nosso inimigo para ganhar a minha atenção. Tinha o pressentimento que aquilo tudo tinha sido ele a pedir ajuda, ele não tinha mais ninguém, estava sozinho e apenas procurava alguém, uma companhia e ao ver tudo o que o irmão tinha conseguido, ele queria algo assim, queria fazer parte de algo assim.

Eu agora também tinha as minhas suspeitas sobre quem estava por de trás desta situação, infelizmente não tinha provas, a minha teoria era infundada.

Depois de mais algum tempo de discussão o Ash concluiu a noite:

- Acho que esta noite quatro de nós chegam para patrulhar.

- Estou dentro, preciso de alguma acção. – Disse entusiasmada.

- E eu. – Acrescentou o Talon.

- Podem contar comigo. – Terminou o Valérius.

- Já estamos todos, cada um sabe a que área se dirigir. No fim da noite ligam-me com os relatórios. Não vale a pena vir aqui acordar o Julian e a Grace. – Disse, sorrindo-lhes.

- Vamos então. – Disse o Talon animado.

- Até amanhã. - Fiz a minha despedida.

Todos saíram para a rua, preparando-se para a patrulha. No meu caso, verifiquei o meu equipamento, tirei o ipod coloquei-o no bolso de trás das calças, coloquei os auriculares e acenei a todos antes de desaparecer na noite.




Tentei manter a concentração e entrar no espírito da coisa, mas saber que o Ash andava algures por ali, não muito longe de mim…o meu coração mandava a minha concentração ir dar uma volta sem qualquer dificuldade. Apesar de tudo, eu tinha um trabalho a fazer, e para o fazer como deve de ser, tinha de me deixar de sentimentalismos enquanto andava á caça de daemons. 

A noite começou bem e relativamente animada, mas após várias horas só encontrar um par de daemons, comecei a ficar frustrada, aborrecida e decidi pôr fim á ronda. Peguei no telemóvel e a caminho de casa liguei ao Ash. Ele curiosamente não atende e eu deixei-lhe uma mensagem de voz:

- Ash, é a Eva. Queria avisar-te que vou dar a patrulha por terminada. Está tudo calmo, não detectei sinais de problemas e só encontrei dois miseráveis daemons. Realmente espero que vocês tenham tido mais sorte. – Fiquei constrangida, sem saber como me despedir. – Vemo-nos por ai.

Assim que desliguei o telemóvel senti o rubor subir-me á face e inspirei profundamente, tentando acalmar o coração que martelava no peito a toda a velocidade. Calmamente me dirigi a casa, caminhando com tranquilidade, ouvindo a minha música e apreciando a noite.

Alguns minutos depois ouço uma mota aproximar-se e parar a meu lado, era Ash.

- Acabei de ouvir a tua mensagem, estava por perto e decidi oferecer-te boleia para casa. - Disse, ligeiramente agitado, tentando ser simpático.

- Obrigada, mas não. Eu gosto de caminhar. - Respondi friamente antes de começar a andar outra vez, ignorando-o.

Ele segui-me com a mota desligada, fazendo-a deslizar pela estrada ao lado do passeio onde eu estava.

- Vá lá Eva não sejas assim. - Pediu, quase implorando.

- Assim como?

- Deixa-me simplesmente dar-te boleia até casa, depois disso deixo-te em paz. - Prometeu exasperado, passando a mão pelo cabelo.

- Tens medo que volte a desaparecer novamente? Isso não vai voltar a acontecer.

Abrandei o passo, acabei mesmo por parar, fitando-o, com dificuldade em manter a postura de durona, e ele parou também.

- Devias simplesmente ter seguido o teu caminho, devias ter-me deixado em paz. - Confessei.

- Mas não o fiz, esta foi a minha vontade, por agora ela ainda é minha.

- Será? - Perguntei ironicamente. - Acho que ambos sabemos que isso é só meia verdade.

Ele não respondeu. Como poderia responder, se ele sabia perfeitamente que era verdade, ele não era o verdadeiro dono da sua vontade, em muitos aspectos. Parte dele era controlada por outra pessoa, a outra metade pelos seus próprios demónios.

- Então como me seguro? - Perguntei ao sentar-me atrás dele na mota.

- Podes segurar-te a mim. - Disse, não conseguindo evitar um sorriso.

- Não abuses. - Respondi seriamente.

Aqueles quinze minutos de mota até casa agarrada a ele, foram pura tortura para mim. Quando ele estacionou á frente do meu prédio, desci da mota e aprecei-me a fazer as despedidas.

- Estou entregue, sã e salva, obrigada. - Disse, virando-lhe as costas dirigindo-me ao edifício.

- De nada. - Respondeu calmamente.

Subi as escada rapidamente, entrei em casa e fechei a porta atrás de mim. Tive de parar um segundo e encostar-me a qualquer coisa, as minhas pernas tremiam, e o meu coração estava prestes a explodir, era assim que ele me deixava. 

Nem mesmo depois de o deixar lá em baixo, ele me deixou em paz. Respirei fundo e acendi as luzes, e estaquei mesmo ali no hall de entrada, vendo o Ash no meio da sala. Ele estava calmo, mas demasiado sério:

- O que estás a fazer aqui? Pensei que tínhamos concordado que ias embora depois de me deixares em casa.

Ele estava impaciente, nervoso, preocupado, um pouco irritado e andava de um lado para o outro.

- O que aconteceu Eva? Onde tens estado este tempo todo? Achas mesmo que eu não ia fazer perguntas? – Perguntou calmamente, sem olhar para ela.

- Porquê? – Respondi calmamente.

- Porquê? – Repetiu incrédulo, fitando-me. – Porque me preocupo contigo, todos nos preocupamos.

- Pensei que não te importasses, não antes de me ir embora. – Joguei na cara dele.

- Não vamos por ai Eva, por favor. – Pediu, desviando o olhar.

- Claro que não.

- Ainda não me respondeste… - Disse desesperado por uma resposta, passando a mão pelo cabelo, parando e fitando-me.

- Eu não te devo respostas Ash. - Respondi num tom frio, magoado. - Eu não te devo nada.

- Não, a mim não, eu sei disso, mas ao teu irmão e aos teus amigos e amigas, que deixaste preocupados, deves. - Fez questão de me lembrar.

- Fui embora para ajudar um amigo, alguém que precisava de encontrar o caminho certo. Não fui embora por causa tua, ou pelo que foi que se passou entre nós. – Disse irritada.

- Não podias ter avisado? - Insistiu, olhando-me magoado pela indiferença das minhas palavras.

- Não, não podia.

Ele começou outra vez a deambular para trás e para a frente, enquanto que eu estava imóvel no mesmo sítio, sem fazer ou dizer mais nada. Aproximou-se de mim, fitando-me e parou quando estávamos frente a frente:

- Lamento muito ter-te magoado, juro por tudo o que me é sagrado Eva. Era suposto manter-me afastado de ti, mas não consegui. Não fazes ideia do que provocas em mim. Não quis ficar afastado, não aguentei mais e acabei por fraquejar. Não pode repetir-se. – Terminou, afastando-se novamente.

Senti um aperto no peito. Sabia que ele estava a ser sincero e que isso lhe estava a custar imenso, eu sentia exactamente a mesma coisa.

- Eu também lamento Ash. Lamento muito. Se achas que alguma vez foi fácil para mim, especialmente quando viveste aqui, estás completamente enganado. - Disse timidamente.

Ele voltou-se para mim completamente chocado com o que eu acabara de lhe confessar. Esperançosamente, voltou a aproximar-se e perguntou:

- O que queres dizer com isso?

- Não sei, não sei se quero saber o que significa ou o que podia ter significado…

- Eva… - Fitou-me profundamente, com um olhar apaixonado e com uma dor profunda a dilacerar-lhe a alma – Eu estou ligado de tal forma a Artémis que não posso fazer nada, estou condenado para o resto dos meus dias. Não posso, nem quero arrastar ninguém comigo, ela consegue ser uma cabra vingativa, se eu fizer alguma coisa.

Revirei os olhos só de pensar naquilo. No quanto ele dependia dela, daquela deusa cabra que o torturava há tanto tempo.

- De certeza que há algo que podemos fazer. - Disse eu tentado ser optimista.

- Não, não há, não tenho escolha. - Respondeu ele, acabando com a pouca esperança que me restava.

- Há sempre uma maneira. De certeza que estamos prontos para a enfrentar, eu estou. - Insisti.

- Se depois de tudo o que viste e sabes sobre mim e a minha vida, ainda pensas assim, é porque és ingénua, boa pessoa, e não estás preparada.

Ele falou cada palavra com uma dor tão profunda que me dilacerou o coração, a alma por ele, por não poder dar-lhe a salvação. Eu queria acreditar que existia uma forma, mas era difícil quando nem ele próprio acreditava que tal coisa era possível.

- Tenho de ir Eva. – Disse tristemente.

- Sim. – Concordei contrariada.

- Ficas bem aqui sozinha?

- Sim, acho que consigo tomar conta de mim, não precisas de te preocupar.

- Se precisares de alguma coisa chama-me.

- Eu vou tentar que não seja necessário. – Sorri tristemente.

Ele encaminhou-se para a porta, mas antes de sair lembrei-me de o avisar:

- Ash…

- Sim?

- Algo está para vir, algo mau e muito em breve…

- Eu sei, consigo sentir a tensão no ar. Só gostaria de saber quando.

- Isso não sei dizer, mas o teu irmão, o Styxx, ele não é o nosso inimigo. – Confessei.

- E como sabes isso? – Perguntou intrigado com a minha afirmação.

- Sei, simplesmente, e se a minha palavra significa alguma coisa para ti, vais ter de confiar em mim.

- Eu confio em ti completamente, acho que sabes disso.

Acenou, saiu e o bater da porta deixou-me o coração em partido em pedaços aos meus pés.

Sem comentários:

Enviar um comentário