
Sentia falta do seu olhar, do seu sorriso, do perfume que parecia emanar naturalmente da sua pele, sentia falta das conversas, ainda que fossem breves. Sentia-me diferente com ele… O que significavam estes sentimentos todos? Seria ele assim tão importante e só agora tinha dado conta?
O dia seguinte correu normalmente, de casa fui para o trabalho e do trabalho voltei para casa, mas de noite tinha planeado fazer uma patrulha com o Kyrian e com o meu irmão, os meus parceiros do crime. Combinámos em frente á casa do Julian e partimos daí.
A patrulha prolongou-se pela noite, abrangeu o bairro todo e as áreas circundantes. Tínhamos de aproveitar que podíamos estar os três juntos, já que não éramos todos predadores, só o Kyrian, assim não nos enfraquecíamos por estarmos perto uns dos outros. No final de uma noite bastante proveitosa, recebo um telefonema inesperado.
- Olá, quem fala? – Perguntei ao não conhecer o número.
- Eva? É o Valerius. - Revelou com um certo entusiasmo.
- Valerius? Está tudo bem?
- Vim em patrulha e encontrei um esconderijo, estão cerca de trinta deamons lá dentro. Quero acabar com eles, mas sozinho não consigo… - Admitiu ele.
- Está bem, estou a perceber, dá-me um segundo. – Disse tapando o telemóvel e dirigindo-me aos meus companheiros - O Valerius precisa de ajuda…
Fiquei durante uns segundos á espera de uma reacção, até que o Kyrian respondeu.
- Está bem, conta comigo…
- A sério? – Perguntou o Julian a Kyrian, admirado.
- Sim. - Confirmou.
- Bem, se é assim conta comigo também. É para fazer o quê?
- Ele encontrou um esconderijo de deamons… - Respondi.
- Boa. – Diz o Julian animado.
- São cerca de trinta…
- Ups… - Diz o Julian, como quem devia ter perguntado antes de se voluntariar.
- Não importa, chamo o Talon e acho que conseguimos dar conta do recado… - Diz o Kyrian confiante.
- Não, ele saiu com a Sunshine, além disso tenho alguém em mente que acho que se vai divertir imenso. - Disse eu misteriosamente.
- Quem? – Perguntou o Kyrian.
- Já vais ver. – Peguei no telemóvel e respondi ao Valerius. - Vamos ai ter, não te preocupes, estamos a caminho.
Desliguei a chamada, olhei em direcção ao céu e chamei:
- Zarek? Preciso de ti!
- Ele é quem vais chamar? – Perguntou o Julian com um ar de incrédulo.
- Quem mais, diz-me Julian, conheces alguém que tire mais prazer em matar deamons que ele? Além disso, ele é um semi-deus, não um predador, menos isso para nos preocuparmos.
- Ela tem razão Julian. - Concluiu o Kyrian.
Do nada ouviu-se aquela voz familiar e assustadora:
- Chamaste? – Pergunta o Zarek.
- Sim.
- Para quê?
- O Valerius precisa que ajuda…
- Chamaste-me para o ajudar? Lamento…
- Ele tem trinta deamons á nossa espera. – Interrompi cortando-lhe a palavra.
- Ok, podias ter começado por ai. Vamos lá, tenho a sensação que me vou divertir bastante esta noite.

Fizemos as contas e dividimos os deamons igualmente por todos, estes atacaram sem piedade e nós recebemos todos de braços abertos e armas em punho. Eu podia ver que todos se estavam a divertir, principalmente o Zarek, com as suas gargalhadas diabólicas, ele fazia-me lembrar aquelas personagens dos filmes, que mesmo todas rebentadas continuam a lutar e a tirar prazer disso, ele era diabólico.
A noite acabou por correr melhor do que esperava. Tínhamos acabado com aquele grupo de aberrações, ninguém tinha ficado ferido e a vitória sabia espantosamente bem. No final lá os convenci a tomar uma bebida comigo para celebrar aquela vitória. Relutantemente, todos aceitaram, até o Zarek, sem reclamar.
Combinei aquele encontro com receio de não os voltar a ver a todos, afinal éramos família, e reuniões destas era coisa que não sabia se ia acontecer novamente.
- Obrigado Zarek… - Agradeci depois dos outros três terem ido embora.
- Não agradeças, não perguntes o porquê, mas sabes que se chamares eu venho. – Disse honestamente.
- Fico contente em saber isso, e sabes que também podes contar comigo…sempre. – Disse, beijando-o na face para me despedir.
- Eva?
- Sim?
- Tem cuidado contigo. – Disse, como se soubesse o que eu ia fazer.
- Vou ter.
Quando cheguei a casa fiz uma breve retrospectiva do que tinha sido a minha vida e das coisas boas que tinha feito acontecer, não havia nada que me fizesse mais feliz do que saber que tinha proporcionado felicidade a outros.
Respirei fundo e chamei por Styxx, estava na hora de o enfrentar. Nesse instante, ao dizer o seu nome, fui transportada para outro lugar, até a minha roupa mudou, agora parecia estar vestida como uma verdadeira deusa grega.
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