domingo, 19 de abril de 2015

O Peso do Destino - Cap 34

o peso do destino, fanfic, dark hunters, escrita criativa, historias,Eu não lamentava, aliás, só lamentava que aquele beijo tivesse terminado daquela forma tão inesperada. Ele desapareceu e deixou-me especada no meio da sala, sem justificação plausível para tal comportamento. Só passado uns segundos é que me sentei e comecei a ganhar consciência, a perceber realmente o que tinha acontecido á instantes. Eu tinha sido arrebatada por ele, completamente.

Já tinha sido beijada antes, tocada antes, mas nunca nenhum homem me tinha deixado naquele estado de excitação e entusiasmo, prestes a entrar em combustão espontânea. O que raio era ele? O Deus do sexo e da sedução? Ri do meu próprio pensamento.








Acabei por adormecer ali mesmo, no sofá, e para meu espanto, os pesadelos não me visitaram naquela noite. Fui trabalhar no dia seguinte, mas não conseguia encontrar a concentração, que tinha ficado perdida entre a mesa e o sofá da sala, na noite anterior. Estava demasiado distraída, fazia asneira atrás de asneira, ainda bem que era a minha própria patroa, caso contrário, já tinha sido despedida.

Eu não tinha intenções de contar aquilo a ninguém, não quando nem eu sabia o que significava. Estava ansiosa por chegar a casa e encontrar o Ash, mas quando cheguei ele não estava lá, á minha espera. Nem nos dois dias que se seguiram. 

Inicialmente pensei que ele tivesse ocupado com alguma coisa, mas quando percebi que o seu afastamento era propositado, cai em mim. Senti-me desiludida, uma tola, magoada. Não esperava aquele comportamento da parte dele, não esperava de todo.

Nunca me tinha sentido tão frustrada e juntando mais problemas aos problemas já existentes, lembrei-me de Styxx, que devia estar cansado de esperar, e assim que pensei no seu nome, ele apareceu no meio da sala:

- Estava a pensar que te tinhas esquecido o nosso acordo. – Disse num tom ameaçador, mas descontraído.

- Claro que não esqueci, mas preciso de mais tempo… - Pedi educadamente.

- E agora estás a gozar comigo, certo? - Sentindo-se afrontado.

- Não estou a gozar. Disse que ia contigo e vou, mas não estou preparada, preciso de mais algum tempo. E se morrer lá?

Ele olhou-me de cima a baixo com aquela expressão vazia habitual, que eu já começava a conhecer:

- Tudo bem, mas não quero ter de te vir buscar pessoalmente, se tiver de o fazer…os teus amigos vão pagar por isso… - Ameaçou.

- Não terás de cá vir pessoalmente, não vou fugir nem demorar muito e sei onde te encontrar. – Garanti.

Assim que ele foi embora e uma vez que o assunto tinha ficado a pairar no ar, comecei a imaginar as coisas que me podiam acontecer assim que me entregasse no Olimpo. Será que me iam prender? Torturar e outras coisas bem piores? Eu sabia que possivelmente seria julgada, ainda que julgada por um crime que não tinha cometido. Eu iria com Styxx, como ele tinha ordenado, em prol da vida dos meus amigos, por isso aproveitar os últimos dias era essencial.

O que iria eu fazer relativamente ao Ash? Claramente, já não podia dizer que ele era simplesmente um amigo, quando era muito mais que isso. Contudo, ele tinha-me magoado, eu não percebia o que raio andava ele a fazer, ou quais eram as suas intenções. Depois daquela noite ele nunca mais deu a cara. 

Não sabia o que doía mais, se o facto de ter pensado que ele era um homem a quem valia a pena entregar o meu coração, ou o facto de ele me ter iludido e abandonado mesmo sabendo de todo o sofrimento pelo qual eu havia passado. Teria ele feito isto deliberadamente ou não de propósito?

Ele tinha desaparecido somente para mim, eu sabia que ele estava bem, que continuava a sua vida e a liderança dos seus predadores. Estava simplesmente a evitar-me, só a mim. Independentemente do motivo, estava magoada e sentia-me humilhada.

Eu sabia que ele tinha uma relação diferente comigo, já várias pessoas o tinham dito. Sabia que ele se sentia mais á vontade comigo do que com alguns dos seus “amigos”. Desde que nos conhecemos, o Ash sempre provocou uma reacção diferente em mim, primeiro foi o fascínio por sentir que ele era tão poderoso, depois foi a atracção, agora era um misto de carinho, necessidade de o proteger, desejo de beijá-lo e abraçá-lo. Tudo isso era paixão, talvez amor. Mas naquele momento desejava não sentir nada daquilo.

Questionei todos os motivos possíveis, todos os que me passaram pela cabeça. Estaria ele a fazer aquilo para me proteger caso Artémis descobrisse, ou estaria ele com receio de algo diferente, algo que ele não conseguisse controlar?

Uns dias mais tarde, depois de algum tempo sem socializar, de casa para o trabalho e do trabalho para casa, lá concordei ir jantar á da Grace. Ela ligou preocupada e para despistar tive de dizer que estava tudo bem, que tinham sido dias de muito trabalho. 

Toda a gente tinha sido convidada, até o Ash. Eu fui mais cedo para ajudar a Grace na cozinha enquanto o Julian preparava a sala para caber tanta gente. Á hora marcada, os amigos foram aparecendo e eu estava cada vez mais ansiosa, esperando que o Ash aparecesse. Chegou o Talon e a Sunshine, a Miranna e o Nick, a Amanda e o Kyrian, depois apareceu o Valérius, o Vane, o Wren e o Wulf que traziam o clã Peltier todo atrás. Convidámos a Carmen e a Catherine também.

Estava o grupo todo ali reunido. Vi o Kyrian cumprimentar o Valérius, o que me deixou muito feliz, satisfeita por se estarem a reconciliar e que o Kyrian estava finalmente a pôr o passado atrás das costas.

Estava toda a gente ali, mas o Ash ainda não tinha aparecido. Será que não vinha se soubesse que eu estava ali também? E não apareceu mesmo…

O jantar correu bem, comida não faltou, como a Grace havia receado, queixando-se a tarde toda que o Julian tinha trazido pouca carne e que não ia chegar para todos. Mas por sorte toda a gente comeu, repetiu e ficou satisfeita. Todos conversaram, fizeram-se inúmeros brindes, brincadeiras. As mulheres a cuscar de um lado e os homens a discutir coisas sem interesse do outro, apesar de tudo foi uma noite bem passada.

No final da noite, já metade do pessoal tinha ido embora, eu tinha ficado a ajudar a arrumar as coisas junto com a Miranna e o Nick. Estava na cozinha a secar a loiça quando ouvi da sala uma voz, uma voz demasiado familiar para o meu gosto. O Ash afinal tinha resolvido aparecer no final da noite para se desculpar, mas eu não fui á sala para o cumprimentar nem ele veio á cozinha. Eu estava a planear ficar ali no meu canto até que fosse necessário aparecer, e se não fosse, melhor ainda.

Conseguia ouvir o que estavam a falar na sala. O Julian estava a contar como tudo tinha corrido e quem tinha vindo:

- Correu tudo bem, ainda pensámos que a comida não fosse chegar mas felizmente chegou…

- Isso seria um grande fail da tua parte como anfitrião, deixares os convidados sem comida. – Brincou ele.

- Eu sei. Mas pronto, já foram quase todos embora, a Miranna e o Nick estão a ajudar a Grace a arrumar a sala e a Eva está na cozinha a secar e a arrumar a última loiça.

Porque raio tinha ele de me mencionar, eu estava bem ali onde estava, sem incomodar ninguém. Assim que o Julian tocou no meu nome, o Ash apressou-se a despedir-se e a ir embora, nem sequer passou pela cozinha para me falar. Aquilo tinha-me magoado imenso, já não tinha qualquer dúvida que ele me estava a evitar. 

Para mim aquilo foi o fim, fosse qual fosse a nossa relação, tinha terminado ali. Iria ajudar os predadores no que fosse preciso, mas uma futura relação com Ash, só a esse nível. Tinha decidido aquilo ali no momento, e eu não era pessoa de ter atitudes destas, mas tinha decidido que não queria ser humilhada de novo.

Assim que acabei de ajudar a arrumar a cozinha, despedi-me do meu irmão e dos meus amigos e fui para casa, ainda que a Mira e o Nick ficassem de conversa com o Julian e com a Grace.

Cheguei a casa, descalcei-me á porta, fui até á cozinha e servi-me de um belo copo de vinho. Sentei-me no sofá de copo na mão a ver o filme que estava a passar na televisão. Passaram uns bons vinte minutos desde que havia chegado, quando a campainha tocou e me fez saltar do sofá.

Fui abrir a porta e encontrei a Miranna com cara de preocupada:

- O que estás a fazer aqui a esta hora Mira?

- Estou preocupada contigo.

- Porquê?

- Tiveste estranha a noite toda, não parecias ser tu.

- Eu estou bem, não tens de te preocupar.

- Vá lá Eva, podes enganar muita gente mas a mim não.

Sabia que era verdade, por mais que negasse e afirmasse que não se passava nada, a Miranna ia saber que eu estava a mentir.

- Onde está o Ash? – Perguntou ela.

- Não sei. – Respondi calmamente.

- Como não sabes?

- Não sei, ele não tem vindo aqui…

- Mas ele dormia aqui…

- Dormia, já não dorme! – Interrompi.

- O que se passou?

- O que se passou? Nem eu sei bem… - Disse, sentando-me no sofá novamente.

- Então? O que aconteceu? – Perguntou a Mira, sentando-se também.

- Resumindo: tivemos uma conversa um pouco pessoal, ele beijou-me e eu deixei-me levar, entretanto o telefone dele tocou e ele simplesmente disse que lamentava e desapareceu. Esta noite é a primeira vez que aparece desde á uma semana. – Lamentei.

- Oh…não estava á espera disso. A sério? Ele beijou-te? O Ash…aquele pedaço de mau caminho? E desapareceu?

- Sim a todas as tuas perguntas.

- Mas porquê?

- Isso gostava eu de saber…ele está claramente a evitar-me.

- E não vais tentar falar com ele?

- Eu? Não, não fui eu que me afastei. Se ele quiser voltar a falar comigo não sou eu que o vou fazer falar. Isso está fora de questão.

- Certo…

- Não é a minha natureza, eu sei disso, mas eu tenho de me proteger, não me posso deixar humilhar assim.

- Sim, tens razão, mas eu gostava que as coisas se resolvessem. 

- Já somos duas, mas isso não vai partir de mim, podes ter a certeza.

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