terça-feira, 14 de abril de 2015

O Peso do Destino - Cap 33

o peso do destino, fanfic, dark hunters, Foi uma noite muito bem passada na companhia das minhas melhores amigas, amigos e novos conhecidos. Conversámos, dançámos, rimos, lembrámos o passado, atualizámos o presente e brindámos ao futuro, quase me esqueci de que podia não ter um futuro. Aquela podia bem ser a minha última noite passada assim, se as coisas não me fossem favoráveis. 

Abri a porta de casa e ouvi uma melodia, era o Ash que estava sentado no sofá da sala tocando viola. A divisão estava pouco iluminada, a única luz era a do seu computador em cima da mesa de centro. Ele tocava Wish You Were Here dos Pink Floyd, uma das minhas favoritas, e certamente uma das suas também. Assim que me aproximei ele parou.


- Não pensei que te fosse encontrar aqui. - Afirmei surpreendida.

- Decidi vir para casa mais cedo. - Revelou.

- Podias ter ficado, de certeza que te tinhas divertido.

- De certeza que sim, mas andei a resolver umas coisas e precisava de relaxar, algum sossego.

- Aconteceu alguma coisa? - Perguntei preocupada.

- Nada de especial, as minhas investigações relativamente ao meu irmão continuam e insistem em revelar-se inuteis.

Eu não podia opinar sobre o assunto, tinha feito um pacto com Styxx, um pacto que ia honrar, nem que isso significasse deixar o Ash continuar a sua caça aos gambozinos, desde que o deixasse a ele e aos meus amigos e família fora de qualquer perigo e ameaça.

- Se precisares de alguma coisa, estou no meu quarto, estou cansada, vou dormir. - Disse, deixando-o.



Assim que fechei a porta do quarto atrás de mim, a nostalgia e a tristeza tomaram conta do meu espírito, de tal forma que me apanharam de surpresa. Vesti a camisa de dormir e deitei-me, o problema não era a falta de sono mas sim angústia de saber que iria ter pesadelos. Ainda andei ás volta na cama algum tempo, mas acabei por desistir. Levantei-me, sai do quarto, atravessei a sala onde o Ash continuava tocando baixinho na sua viola, abri a janela da sacada e deixei-me estar ali a apanhar o ar fresco da noite.

Perguntei-me se haveria forma de eliminar Styxx sem que este levasse o Ash consigo, mas eu não era experiente no assunto e não podia simplesmente perguntar a alguém. Poderia eu enganá-lo? Poderia eu fugir e nunca mais voltar, sem mim a sua vingança contra os que me eram próximos não faria sentido, mas será que ele o faria na mesma? Estava tão envolvida nos meus pensamentos e preocupações que me assustei quando o Ash apareceu atrás de mim.

- O que se passa? Não conseguiste adormecer? - Perguntou ele.

- Não tenho muito sono. – Menti.

- Pareces-me cansada.

- Estou bem, não te preocupes.

- Claro que me preocupo.

Ele aproximou-se só um pouco, mas foi o suficiente para me causar arrepios por todo o corpo.

- O que se passa Eva? – Insistiu ele.

- Não se passa nada Ash.

- Sabes que não vale a pena tentares enganar-me, isso não funciona. Ainda tens aqueles pesadelos? - Perguntou diretamente.

Se fosse só esse o meu problema. Eu não sabia se havia de confessar-lhe que andava a ter aqueles pesadelos horríveis sobre ele.

- Sim, ainda os tenho. Eles insistem em repetir-se todas as noites, apesar de já os conhecer de trás para a frente. – Disse com alguma dificuldade, uma vez que as lágrimas estavam a querer brotar dos meus olhos.

Ele segurou a minha face e olhou-me com genuína preocupação no seu olhar.

- Talvez ajude se falares sobre isso, podes falar comigo, sabes isso não sabes?

- Não sei se isso vai ajudar Ash, não sei o que poderá ajudar. Só sei que não quero adormecer, não aguento mais reviver aqueles sonhos todas as noites. Estão a dar cabo de mim. – Disse desesperada.

- Esses pesadelos…são sobre o quê? - Fez a derradeira pergunta.

O ar gelou e tudo parou. Era o momento de tomar a decisão. Dizer ou não dizer. Então decidi arriscar e fazê-lo.

- Os meus pesadelos são sobre ti Ash. – Disse finalmente.

- Pesadelos sobre mim? Sonhar comigo é assim tão mau? – Brincou.

- Se eu sonhasse coisas boas não lhes chamava pesadelos. Os meus sonhos têm relatado a tua vida Ash, desde que nasceste até recentemente. Compreendes agora o meu tormento? - Expliquei.

Quando fiz aquela revelação, o meu coração quase que parou, á espera de uma reacção da parte do Ash. Como ele não me dizia nada, talvez ainda em choque por eu saber tanto sobre o passado que ele queria esconder, insisti.

- Compreendes o que acabei de te dizer?

- Sim. – Disse afastando-se. - Agora já sabes…andavas sempre tão curiosa sobre mim, agora já sabes tudo.

- Eu sei o que é importante.

- E o que é importante no meio de tanta coisa vergonhosa?

- Vergonhoso? Não foi vergonhoso Ash…

- Diz-me, depois de tudo o que viste, como queres que não sinta nojo de mim mesmo? Como podes achar que o meu passado não foi vergonhoso? – Perguntou-me furioso, aproximando-se como um predador.

Aceitei a sua aproximação, ergui a mão e fiz-lhe uma carícia na face enquanto o encarava carinhosamente, tentando oferecer-lhe algum conforto:

- Foi horrível, doloroso, solitário sim, mas não tens de te sentir envergonhado. Não tens culpa do que te fizeram, foste uma infeliz vítima de uma maldição que te foi injustamente lançada.

- Podes dizer essas coisas bonitas, se achas que me vai fazer sentir melhor, mas não vai. Para mim foi vergonhoso, brutal e fiz coisas das quais não me orgulho, é algo que não faço intenções de recordar. Não quero recordar a pessoa que fui no meu passado.

- Não devias esquecer o passado Ash.

- Por que não? Tenho de o fazer para não enlouquecer.

- A pessoa que foste, o que te fizeram, tornaram-te no homem que és hoje. - Admiti envergonhada.

- E de que me serve isso hoje? Diz-me?

- Outra pessoa no teu lugar teria crescido com sede de vingança, com maus propósitos, uma pessoa amargurada. Mas tu não…apesar de tudo, preocupas-te com os outros antes de ti, fazes sacrifícios pelas pessoas que amas. O teu passado horrível moldou a pessoa admirável que és hoje. Eu não podia estar mais orgulhosa de ti Ash…

Ele olhou carinhosamente para mim, emocionado até. Como se nunca lhe tivessem dito algo assim em toda a sua vida. Pela primeira vez, percebi que fiz com que ele se odiasse um pouco menos que o habitual.

- Seres exactamente como és agora, é uma das coisas que mais admiro e gosto em ti…

Ao perceber que tinha revelado demais sobre os meus sentimento do que aquilo que devia ter feito, afastei-me e coloquei o sofá entre nós. Mas ainda assim, ele não conseguia desviar os olhos dos meus. 

...

Ele teve a necessidade de se aproximar daquela pessoa, daquela mulher, que lhe tocou no fundo da alma como nunca ninguém havia feito. Como ele a queria naquele momento, na forma mais primitiva e crua. Ele desejava-a desde a primeira noite que se haviam encontrado e viver com ela na mesma casa estas semanas todas estavam a deixá-lo louco.

De certa forma, o que inicialmente não passava de uma atracção tinha-se tornado em algo mais, ele queria aquela mulher, toda ela, o seu corpo, a sua alma e principalmente, ele queria o seu coração.

...

Ele usou os seus poderes e apareceu por trás de mim, encurralando-me entre ele e o sofá.

Passou os braços por baixo dos meus e sussurrou-me ao ouvido:

- Obrigado Eva. Seres exactamente como és, é uma das coisas que mais gosto e admiro em ti… Se conseguisses perceber o efeito dessas tuas palavras, saberias o quão feliz estou por teres sido tu que as tenhas dito…

- Eu sei, consigo sentir. – Disse, com a voz rouca e com dificuldade em respirar.

Ele baixou a cabeça para inspirar o perfume do meu cabelo, desviando-o para inspirar o perfume da minha pele, passando os seus lábios pelo meu pescoço.

Voltei a cabeça para encontrar um olhar faminto de desejo, igual ao meu. Rodei o meu corpo para o aconchegar ao de Ash, ele não demorou, nem fez cerimónia em tomar os meus lábios com os seus, algo que desejava fazer há já algum tempo.

Eu simplesmente não tive força, ou vontade para me debater, tal como ele, já tinha sonhado com aquele momento infinitas vezes, e recusava-me a desperdiçar aquela oportunidade. Eu queria-o como nunca tinha desejado nenhum outro homem antes. Naquele momento, senti que podia morrer em paz e feliz, nunca mais iria sentir algo igual. A felicidade e o prazer que me inundavam era a melhor sensação do mundo, eu não queria que aquele momento terminasse.

Ele beijava-me avidamente, como se não fosse ter outra oportunidade, como se o mundo fosse acabar amanhã, e só eu sabia quantas vezes tinha imaginado este momento na minha cabeça.

As suas mãos deslizavam pelo meu corpo, ele agarra-me pelas coxas, senta-me nas costas do sofá e posiciona-se entre as minhas pernas, e eu debatia-me tentando arrancar-lhe a t-shirt, que consegui finalmente tirar.

Infelizmente, como nenhum de nós dava sinais de se querer afastar, e pelo vistos, a aquele momento estava destinado a terminar antes de realmente começar, o telemóvel do Ash decidiu dar por terminada a sessão. Com aquela interrupção, senti que de repente voltava a perdê-lo, ele recuperou o controlo e percebeu que estava a fazer algo errado.

Ele afastou-se com dificuldade, pegou no telemóvel e no casaco e disse antes de desaparecer:

- Lamento Eva, tenho de ir.

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