quarta-feira, 11 de março de 2015

O Peso do Destino - Cap 29

o peso do destino, dark hunters, dark-hunters, fanfic, historias, escrita criativa,Conseguia ler muito bem as pessoas, apesar de ter acabado de conhecer Zarek, tinha sido o suficiente para ficar a saber algumas coisas sobre ele. Lia bem as pessoas excepto, claro, a pessoa que eu mais gostaria de conseguir compreender, o Ash. Aquele poço de mistérios e segredos sem fim. Ainda que já conhecesse parte do seu passado, ele pouco me transmitia sobre os seus sentimentos.

Voltei para casa, para cair na cama e voltar aos mesmos pesadelos horríveis. Eu agora sabia porque razão o Ash não falava do seu passado, ele tinha vergonha. Tinha sido abandonado, obrigado a servir sexualmente outras pessoas como um escravo, como se lhe tivessem feito uma lavagem cerebral. Tinha sido agredido, traído torturado de todas as formas e feitios, física e psicologicamente, tinham-lhe tirado a vontade de viver.


Ainda mesmo depois de ter sido libertado, viu-se obrigado a prostituir-se para sobreviver, era o que sabia fazer de melhor, dar prazer a estranhos. Tinha sido alvo de tanta maldade, que tudo isso moldou a sua mente, nunca mais voltou a ser a mesma pessoa. Mas, apesar do que sofreu, não tinha abandonado a humanidade às mãos do mal, era isso que ele fazia, protegia os inocentes que não se podiam proteger a eles mesmos. Esse era o seu objectivo e dos seus predadores, por essa razão era o seu líder.

Ele tinha passado por tudo aquilo porque carregava uma estúpida maldição. Ele seria o homem mais desejável que alguma vez existiria, atraindo a atenção tanto de mulheres como de homens, por isso tentava a todo o custo ser o mais discreto possível. 

Tinha descoberto também, o que ele era realmente. Ash era o deus atlante da destruição e do destino, mais poderoso que qualquer deus de qualquer panteão. Ele carregava consigo o poder de destruir o planeta e o universo até, bastava querer. Era por isso que todos o temiam, mesmo sem saberem o que ele era, sabiam que Ash era muito poderoso e eram espertos o suficiente para não o testarem.

O Ash podia alterar o destino das pessoas, ver o passado, presente e o futuro, mas por norma não o fazia. Contudo não podia ver o seu futuro ou o dos que lhe eram próximos, isso também era uma maldição. Cheguei á conclusão, que mesmo sem querer já tinha percebido a razão para o Ash aturar Artémis. Ele precisava dela para se alimentar. Ela era o seu fardo.

Após a visita de Styxx, passei a ver as coisas de outra forma, não podia evitar imaginar que seria a última vez que faria algumas daquelas coisas. O lado positivo foi ele respeitar o meu espaço, deu-me tempo suficiente, deixou-me á vontade. Ele sabia que eu não ia a lado nenhum, sabia que eu ia honrar o nosso acordo, e eu sabia que ele andava de olho em mim, não como um mirone obcecado, mas atento.



Não tinha contado á Mira que o Ash agora estava lá em casa, achei melhor não entrar em detalhes sobre a situação, não queria ter de explicar o porquê, não queria assustá-la.

Desde que nós os dois começámos a partilhar o mesmo tecto, muitos episódios cómicos, constrangedores e caricatos aconteceram. Era impressionante como a minha rotina, o ambiente da casa e até o meu humor tinham mudado desde que ele ali estava. Nos dias que se seguiram, uma manhã, cedo antes de ir para o trabalho, estava na cozinha a fazer o pequeno-almoço ainda em pijama, quando pelo canto do olho vejo o Ash passar do quarto para a casa-de-banho, sem t-shirt. 

- Bom dia. - Diz ele.

- Sim, bom dia. - Brinquei.

O resultado da minha distracção, foi quase queimar a mão na frigideira. Em vez de olhar para as panquecas que estava a fazer, distrai-me com o seu tronco musculado. Fiz o suficiente para três pessoas, contando com a Simi, no entanto tinha quase a certeza que ele não iria comer. Depois de devorar a minha parte, precisava de ir lavar os dentes e o Ash ainda estava no banho. Realmente tinha de me despachar, por isso tive de bater á porta.

- Posso? - Perguntei.

- Sim. - Respondeu.

- Preciso de lavar os dentes.

- Não faz mal, ainda estou na banheira, podes entrar á vontade. - Confirmou.

Lá entrei de mansinho, sem querer incomodar. Estava a lavar os dentes e ao mesmo tempo a pensar que devia ter apostado num cortinado mais opaco, não o conseguia ver claramente, mas via claramente os contornos do seu corpo. Nesse momento, para tornar as coisas ainda mais interessantes, começo a ouvir a maçaneta da porta da entrada, só podia ser a Miranna.

- Oh meu Deus... - Disse, fechando a torneira para ouvir melhor.

- O que foi? - Perguntou ele curioso.

- Acho que a Mira acabou de entrar.

- E então?

- Ela, bem, não sabe que estás aqui em casa...

- Eva? - Perguntou a Mira, lá da sala.

- Estou na casa de banho. - Gritei.

De repente comecei a ouvir os seus passos na direcção da casa de banho e entrei imediatamente em pânico, não sabia o que fazer, só sabia que aquilo não ia correr bem. Fiz a única coisa que me veio á cabeça naquele momento, não queria que ela descobrisse daquela forma que o Ash estava lá em casa.

- Ash, peço desculpa, mas não tenho alternativa. - Disse baixinho.

- O que vais fazer? - Perguntou com receio.

Tapei os olhos com uma mão e com a outra, abri a cortina e enfiei-me dentro da banheira.

- Aguenta comigo por favor... - Pedi-lhe sussurrando.

- Tu és doida... - Respondeu.

O meu timing foi incrível, agi mesmo segundos antes da Mira entrar. O meu coração batia a mil á hora, estava colada ao Ash para que ela não percebesse que estavam ali duas pessoas.

- Bom dia, desculpa aparecer assim sem avisar, mas a minha mãe fez-me prometer vir deixar aqui um pouco do bolo de limão que fez ontem á noite, sabes como ela é. - Esclareceu, falando quase sem respirar.

- Não faz mal, sabes que gosto muito dos doces da tua mãe. - Disse á falta de outras palavras, naquela situação estava ter dificuldades em articular qualquer coisa.

- Mas ainda estás no banho a esta hora? Vais chegar atrasada.

- Já tomei o pequeno-almoço, hoje decidi inverter a ordem dos procedimentos matinais. - Inventei.

- Está bem, mas não achas isso perigoso? Tomar banho depois das refeições? - Questionou preocupada.

- Só começamos a fazer a digestão trinta minutos depois de comer, por isso não há problema.

- A sério? Não sabia disso. Bem de qualquer das formas, tenho de ir, vou ter uma manhã atarefada. - Diz ela, com um riso maroto. - Esta noite vou jantar com o Nick, vai ser uma noite romântica, tenho de me preparar, se é que me entendes.

- Acho que te entendo perfeitamente. - Respondi.

- Não te atrapalho mais. Vou andando, até logo.

- Até logo.

Até ouvir a porta bater e esperar alguns segundo para ter a certeza que ela tinha ido mesmo embora, nem me mexi, nem respirei. Depois disso é que tive noção de onde estava, com quem estava e da situação mais que embaraçosa em que me encontrava.

A água continuava a correr, eu continuava encostada ao peito do Ash e com uma mão a cobrir os olhos. Sentia o movimento do seu corpo conforme ele inspirava e expirava, ele estava relativamente calmo. Nunca tinha passado situação semelhante, sabia que ele estava sem roupa e de repente o meu pequeno pijama de verão, uns calções curtos e um top de alças completamente encharcados, fizeram-me perceber que pouco me faltava para estar nua também. Ficámos ali em silêncio por alguns segundos embaraçosos, mas excitantes. 

- Lamento imenso por isto tudo Ash... - Comecei.

- Está tudo bem não te preocupes. - Interrompeu ele.

- Vou sair da banheira...

Conforme o larguei para me virar, ainda de olhos tapados, escorreguei e o meu primeiro instinto foi agarrar-me a qualquer coisa para não cair. Agarrei-me a ele e acabei por ter o prazer de o ver nu, em toda a sua glória, e tenho de admitir que ao passear o olhar brevemente pelo seu corpo, vi que ele estava tão entusiasmado quanto eu. Olhei para os seus olhos e vi uma fome crescente, uma luxúria que ele não tentou disfarçar. Desviei o olhar e sai da banheira com cuidado.

- Desculpa. - Voltei a pedir antes de sair e fechar a porta.

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