quarta-feira, 4 de março de 2015

O Peso do Destino - Cap 28

o peso do destino, fanfic, historias, dark-hunters, dark hunters,Aqueles pesadelos horríveis continuaram a atormentar as minhas noites, e apesar de não serem todas as noites, insistiam em repetir-se, repetiam as mesmas imagens dolorosas sempre. 

Sabendo como o Ash era acerca da sua vida pessoal, eu não tinha ninguém com quem desabafar, nem me atrevia a fazer tal coisa, não tinha esse direito. Ter aqueles pesadelos quase todas as noites estavam a dar cabo da minha sanidade mental, ou o que restava dela.


Presenciar todo aquele sofrimento e não poder fazer rigorosamente nada, eu sabia que aquilo era o passado do Ash, mas era tudo tão vivido que parecia estar realmente a acontecer no momento, e simplesmente observar como uma inútil, era demais para suportar, até já tinha receio de ir dormir. Agora entendia o porquê de tanto mistério acerca da sua vida, o porquê de querer manter o seu passado escondido. O Ash tinha vergonha dele próprio, das coisas que lhe tinham feito, das coisas que ele foi obrigado a fazer para sobreviver. Ele tinha vergonha da pessoa que havia sido e tinha vergonha de ter deixado que lhe tirassem tudo, incluindo a sua dignidade.




Uma noite que o Ash não ficou lá em casa a dormir, recebi uma visita inesperada. Alguém que já há algum tempo estava á espera que o Ash não estivesse por perto para aparecer, e eu sabia que aquilo um dia iria acontecer, só não sabia quando. Estava sentada á mesa da cozinha no computador, a fazer tempo para ir dormir quando Styxx resolver presentear-me com uma aparição.

Até podia tê-lo confundido com o Ash, mas desta vez já não me deixei enganar, ele nem tinha óculos, podia distingui-lo perfeitamente, e a sua presença era diferente da do Ash. Ainda que me tenha assustado, deixei-me estar, de cabeça erguida, pronta para o enfrentar se fosse necessário.

- Sabes o que é bater á porta? – Perguntei calmamente.

- Não pensei que te conseguisse enganar outra vez. – Disse, igualmente calmo.

- E pensaste bem.

- Não vim aqui para lutar, fica descansada. - Afirmou.

- Não obrigado, não depois do que me fizeste da última vez que te encontrei.

- Mas desta vez não te quero magoar.

- Eu não te deixaria sequer tentar Styxx. - Respondi confiante.

- Sabes o meu nome… - Disse distraído, enquanto olhava a casa de cima a baixo.

- Claro que sei o teu nome, sei o nome dos meus inimigos.

- Sabes? - Perguntou, como que ironicamente. - De qualquer das formas, vim com uma proposta para te fazer.

- Uma proposta? Que proposta será essa? – Nada me podia ter surpreendido mais, pensei que teria de lutar com ele, afinal ele queria conversar.

- É bem simples. Só tens de vir comigo de livre vontade, para eu te entregar no Olimpo e nenhum dos teus amigos se magoa. – Propôs com a maior das naturalidades.

- Diz-me uma coisa, o que me impede de acabar contigo neste preciso momento? – Perguntei.

- Tenho uma resposta simples para isso. Se me matares, matas também o Ash, e tu não queres isso pois não? – Disse em tom de gozo.

Eu não estava á espera que ele fosse fazer uma proposta daquelas, e as suas frias palavras gelaram-me o sangue. Era óbvio que eu não queria que algo de mal acontecesse ao Ash, ou às outras pessoas importantes para mim. Aquilo tinha sido um golpe muito baixo da parte do Styxx.

- Podes ao menos dar-me algum tempo? Sei lá, para organizar as coisas, para pensar. Não sei o que me pode acontecer assim que pisar o Olimpo.

- Eu também não sei o que vai acontecer. Quanto a mim, vou ser recompensado de certeza. Dou-te algum tempo, mas não abuses da minha boa vontade, e não te atrevas a abrir a boca sobre isto a ninguém. – Ameaçou-me.

- Eu não vou dizer nada. – Disse, dando-me por vencida.

Ele conseguia ser muito sarcástico. Styxx desapareceu e eu relaxei na cadeira. Ele tinha-me deixado preocupada e confusa, fiquei sem saber o que fazer. Não queria que alguém saísse magoado, e se para evitar que algum mal acontecesse, tinha de me entregar, era isso mesmo que iria fazer. Apanhada de surpresa e ainda com a adrenalina a correr pelo meu corpo, vesti o fato de treino e sai para a rua. Nada como ar fresco e matar uns deamons para esfriar a cabeça. 

Enquanto dei a volta ao quarteirão e ao bairro, encontrei apenas dois míseros deamons, bem que me perguntei a mim mesma onde andariam os outros todos.  Prestes a voltar para casa, senti uma grande tensão no ar, e concentrando-me bem, consegui percebeu que, algures ali perto, estava uma bela luta a acontecer. Consegui encontrar o local num instante, uma vez que quem estava a lutar não estava a tentar esconder a sua presença.

Encontrei um lutador solitário mas divertido, ele estava a ter imenso prazer em exterminar aqueles deamons. E eu aproximei-me com cautela.

- Podes partilhar? – Perguntei referindo-me aos deamons.

- Porque haveria eu de o fazer? – Respondeu ele admirado.

- Preciso urgentemente de bater em alguém e estes seres nojentos servem perfeitamente.

- Nesse caso, estás á vontade. – Disse, depois de ouvir a minha resposta.

A luta não durou muito tempo, eles eram fracos, poucos e os últimos acabaram por fugir, mas foi o suficiente para me deixar mais animada.

- Obrigado, estava mesmo a precisar. – Agradeci ao estranho.

- Quem és tu? - Perguntou ele.

- Digo-te quem sou, depois de me dizeres quem tu és.

- O meu nome é Zarek. – Acabou por confessar um pouco desconfiado.

- Zarek? O ex-predador psicótico e anti-social? - Perguntei.

- Vejo que a minha fama me persegue. – Confirmou Zarek com um sorriso malicioso.

- O meu nome é Eva, temos alguns amigos em comum.

- Já ouvi falar de ti, és a filha de Afrodite e Ares, amiga dos predadores.

Fiquei com receio que ele fosse fazer alguma coisa, como tentar arrastar-me para o Olimpo, mas ainda que um pouco receosa, mantive a compostura.

- Não precisas de te preocupar comigo, eu estou-me nas tintas para as picardias dos deuses. Desde que esteja com a minha mulher e possa dar cabo de alguns daemons de vez enquanto, fico satisfeito. – Disse com sinceridade.

- É bom saber, obrigado. – Respondi aliviada.

- Não precisas de agradecer.

- Estou a agradecer por partilhares a luta comigo. - Revelei.

- De nada. Não sei porque, não é coisa que me aconteça frequentemente, mas simpatizo contigo, se alguma vez precisares de alguma coisa, chama.

- Obrigado Zarek, não me vou esquecer, da próxima vez que encontrar uma boa luta, serás o primeiro que irei chamar. – Disse-lhe sorrindo antes de Zarek desaparecer.

Estava surpresa. Tinha ouvido tantos rumores acerca de Zarek, e a maior parte deles não eram nada bons, nunca pensei que ele afinal fosse tão boa pessoa. Talvez fosse apenas incompreendido, mas tinha um coração bom, ainda que duro e calejado do tempo neste mundo, das traições e más momentos por que havia passado.

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