quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O Peso do Destino - Cap 23

o peso do destino, dark hunters, dark-hunters, fanfic, historias,Escapei entre a multidão, o mais depressa que pude e enfiei-me na casa de banho. Precisava de uns segundos sozinha, mas seriam precisos mais que simples segundos para perceber o que tinha acontecido com o Ian, ele não parecia o mesmo homem que havia conhecido há uns meses atrás.

Olhei para o meu reflexo e perguntei-me se seria eu o problema, provavelmente seria. Era este o meu castigo por ser assim. Vi o meu aspecto, o meu cabelo claro, os meus olhos azuis, os meus lábios carnudos ligeiramente rosados, vi tudo isso, mas o que gostava em mim não era físico.



O que eu gostava em mim era a minha paixão pela vida, pelos simples prazeres como desfrutar de um bom livro, ou saborear um chocolate como se fosse a melhor coisa do mundo, da ingenuidade de acreditar que o amor verdadeiro existe, o meu amor profundo e fraterno pelos meus amigos e família, e a dor no meu coração de imaginar o mundo sem eles. Essas são as coisas que realmente interessam e fazem sentido na vida de alguém.

Tanta beleza, tanta atenção, tudo tem um lado negro, tudo tem uma consequência, como tudo tem um preço, e este era o preço que eu tinha de pagar. Desde cedo que sempre olhei para todas as minhas conquistas com aquela desconfiança inicial, porque custou-me perceber e demorei algum tempo para ver que muitas das coisas e muitas das pessoas com quem me cruzei, tinham segundas intenções. Eventualmente, e felizmente, consegui distinguir.


Não podia ficar ali escondida o resto da noite, após uns minutos voltei para a festa. Ao sair da casa-de-banho tinha o Ash á minha espera, com cara de preocupado:

- Estás bem? – Perguntou.

Sorri, não tive como não o fazer:

- Não te escapa nada. Sim, tá tudo bem.

- Afinal a noite não correu assim tão bem. Queres que lhe vá dar uma palavrinha? – Brincou, com um sorriso malandro.

- Não é preciso. Isto…são as coisas a resolverem-se por si só. Consigo prever certas coisas de pessoas á minha volta, o que me vai acontecer a mim permanece um mistério, só nunca imaginei que fosse assim.

- O que aconteceu?

- Não sei bem. Até acho que sei. Acho que inconscientemente dei esperanças ao Ian, mas nunca foi essa a minha intenção, sim eu sei, essa é a desculpa mais comum que uma cabra pode dar. Bem, ele não aceitou isso muito bem, e pelos vistos não vai aceitar tão cedo.

- Ele é um grande idiota então. Deixar que uma coisas dessas se intrometa no meio de uma amizade.

- Oh, não digas isso. Eu também não sou perfeita, tenho os meus defeitos, e ele é um bom rapaz, está apenas magoado, não o posso culpar. – Disse envergonhada.

- Tenho de te informar que para a maioria dos homens, és perfeita. Até agora não vi defeitos, só qualidades. És uma mulher forte, determinada, sincera, generosa, altruísta… És uma lutadora e és linda. Lá por estar magoado, não lhe dá o direito de se portar como um idiota contigo. – Confessou.

- Tens de parar com os elogios Ash, ou um dia destes ainda penso que estás a ser sincero. – Sorri, tentando disfarçar o quanto encantada ele me fazia sentir com aquelas palavras.

- Quem disse que não estou? – Ele sentia que era demasiado fácil descarrilar perto daquela mulher, devia ter cuidado.
...

Ele riu do seu próprio embaraço. Foi um momento constrangedor e ele percebeu, era demasiado fácil, e podia ser perigoso deixar-se levar pelos sentimentos, pelo desejo quando estava perto dela, pensou ele.
...

O Ash a tentar animar-me, e mesmo sem querer estava a ser sedutor até dizer chega, sendo simplesmente ele próprio. Foi nesse mesmo momento que o sonho da noite anterior me veio á cabeça e comecei a ter calores e arrepios ao mesmo tempo:

- Passa-se alguma coisa? Estás a ficar um pouco corada. – Disse ele inocentemente.

- Talvez uma bebida nos fizesse bem, que achas? Não posso deixar que isto me afecte muito. - Desconversei.

Ele acenou e riu da forma evasiva como eu tinha fugido á conversa, ele achava piada ao meu embaraço. Voltámos á mesa com as bebidas mas mal cheguei e me sentei, o Nick roubou-me para uma dança. Nem me levou á pista, mesmo ali perto da mesa serviu para dançar. Dançámos e cantámos até fartar, fomos o entretenimento do grupo para o resto da noite, e claro encorajámos outros a juntar-se a nós.

Um dos poucos que não se aventurou a levantar foi o Ash. Não, ele preferiu ficar a conversar com o resto da malta, ou a fingir que o fazia, e fingia muito bem, não fosse o meu olhar perspicaz.

Ele pensava que estar sentado num canto mais escuro, recatado escondia o seu olhar, mas não escondia. Umas vezes apanhei-o simplesmente nas suas divagações e pensamentos misteriosos, mas outras vezes quando os nosso olhos se cruzavam, via no seu olhar pura excitação e de certa forma uma grande indecisão, debatia-se com ele próprio.

A meio de umas quantas músicas, encostei-me ao parapeito de ferro que separava esta zona recatada da pista. Estava simplesmente a descansar para me preparar para mais uma ronda de dança, até a música era mais calma. A principio perscrutava a multidão, distraída até que a música mudou, assim como o ambiente, como se ela dissesse tudo o que estava implícito. Mesmo de costas, sentia os seus olhos em mim.



You close the doors
When you're with me, slowly
Lay down next to me
Just the alight of our fate

This was not part of the plan
I was just on my way
You make me comfortable

This is love with a stranger
Just the touch is enough
I let go with a stranger
Just to see you, just to feel

No questions, please don't ask
Please don't worry 'bout the past
This is love with a stranger
When I walk out the door
You won't see me no more
This is love with a stranger

Até que me voltei de frente para ele e continuei a minha bebida, conversando com quem quer que fosse que estava ao meu lado, sem sequer me aperceber do tema. E não interessava mesmo nada, aquela troca casual de olhares, de silêncio, de tensão, era muito mais interessante. Sentia uma certa ousadia invadir o meu espírito.

I drifted away
Lost myself
With the current
Let my eyelids feel heavy
Hypnotized by our heart beat

This was not part of the plan
I was just on my way
You make me comfortable

This is love with a stranger
Just the touch is enough
I let go with a stranger
Just to see you, just to feel

No questions, please don't ask
Please don't worry 'bout the past
This is love with a stranger
When I walk out the door
You won't see me no more
This is love with a stranger

I barely even know your name
Be easy, let's keep it simple
Just enjoy the moment, baby
Relax and close your eyes
When you wake up in the morning light
Don't act like you're surprised
I'll disappear into the night
I'll vanish like a ghost

oooh

This is love with a stranger
Just the touch is enough
I let go with a stranger
Just to see, just to feel
This is this is love, love with a stranger
This is this is love, love with a stranger
This is this is love, love with a stranger
This is this is love, love with a stranger

É claro que tudo acabou antes de realmente começar quando a música voltou a animar, a ligação simplesmente perdeu-se. No entanto, antes do final da noite, aconteceu algo inesperado. O Ash levantou-se da mesa e roubou-me ao Nick:

- Bom, agora é a minha vez. - Ele afirmou.

- Tu não danças! – Acusou o Nick surpreendido.

- Hoje vou abrir uma excepção. – Respondeu o Ash.

- Que raio, vou começar a cobrar por cada dança. – Brinquei, para disfarçar o choque.

- De certeza que ganhavas uma fortuna. – Concluiu ele.

Ele limitou-se a sorrir, aquilo irritava-me, ele agia, tomava iniciativa, mas mantinha todos os seus pensamentos para ele próprio. E a música voltou a acalmar, com que propositadamente.

- Não sabia que sabias dançar... – Disse , provocando.

- Há muita gente que pensa que eu não sei fazer muita coisa…

- Deixa-me adivinhar…estão completamente errados?

- Redondamente...

- Uhhh, que confiante!

ash, eva, Ele não respondeu, limitou-se a sorrir, mas a sorrir com um sorriso que leva uma pessoa a imaginar todas as possíveis segundas intenções daquela proximidade toda.

Todo aquele sentimento primitivo de posse, porque foi isso que ele fez, reclamar-me para ele próprio como se fosse só dele, nem que fosse só por uma inocente dança, que de inocente nada tinha.

Aquele magnetismo á nossa volta era imensurável. Podia já ter dançado com todo o tipo de gente na minha vida, mas nunca senti uma coisa assim. A proximidade era tanta que podia jurar que sentia o seu coração bater. A minha face estava colada na dele, podia sentir o seu hálito doce na minha cara. Uma das minhas mãos estava atrás do seu pescoço, a outra segurava a dele e a sua agarrava bem a minha cintura. Ele fazia despertar em mim coisas que não sentia há muito tempo, e outras coisas que eu nunca tinha sentido antes.



Este homem era um enigma para mim, um enigma que parecia que nunca ninguém iria desvendar. Sempre que pensávamos que já conhecíamos o suficiente, ele ainda nos conseguia surpreender, e de forma inesperada.

A música acabou cedo demais, a nossa vez acabou cedo demais e fomos separados pela aproximação de alguns membros do seu grupo de amigos que queriam questionar a sua sanidade e fazer pouco do seu ato inédito. Fomos separados custosamente, ainda que com um sorriso nos lábios.

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