sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O Peso do Destino - Cap 15

o peso do destino, dark-huntersTal como ela não viu em mim, também não vi mal nenhum em apresentar-me. Mesmo sem a conhecer já simpatizava com ela e sentia ao mesmo tempo um instinto protector, era uma sensação estranha.

- Eu sou a Eva. - Revelei. - Diz-me Simi, porque andavam os daemons atrás de ti?

- Eles vão atrás de mim sempre que me sentem por perto, é da nossa natureza!


- Da vossa natureza? Como assim? - Perguntei cada vez mais intrigada.

- Sim, quer dizer, os daemons têm preferência por humanos mas na verdade atacam tudo o que lhes passe pela frente. No meu caso, somos inimigos, eles matavam-me, se conseguissem! – Diz com orgulho.

- Está bem, mas afinal o que és tu? – Perguntei.

- Oh, é verdade, muitas vezes esqueço-me que estou na minha forma humana, mas sou um demónio, a minha verdadeira forma é de um dragão e ás vezes assumo a forma de uma tatuagem no corpo do akri, é mais seguro, diz ele! – Concordou, ainda que com desagrado.

- Fascinante…ultimamente foram-me reveladas muitas coisas que nunca pensei que fossem mais do que parte do nosso imaginário, mas isto…tu…incrível! – Admiti.

- Obrigado! – Agradeceu a Simi contente por alguém lhe dar valor.

- Então não achas que é melhor ligarmos ao teu akri, ao menos para ele saber o que aconteceu e onde estás? Quem é ele mesmo? – Perguntei.

- Ele provavelmente está ocupado e vai ficar furioso quando souber o que aconteceu…mas é melhor ligar, o nome dele é Ash! – Respondeu hesitante.

- Ash? De Acheron? 

- Sim, é ele mesmo! Vocês conhecem-se?

- Se é a pessoa que eu estou a pensar, sim, conheço-o, mais ou menos! – Afirmei.

- Ele é único, não há pessoa igual. É muito poderoso e extremamente belo… - Diz ela orgulhosa dele.

- Sim…é ele mesmo! – Interrompi sem pensar.

- Espera lá – a Simi olhou para mim como se estivesse a tentar lembrar-se de algo – Eu ouvi falar de ti…Eva, sim…

- Ah ouviste? Quem falou em mim?

- Foi o akri. Também lhe salvaste a vida. Ele disse que eras muito simpática…e muito bonita também! – Diz descaradamente, esconder segredos não era o seu forte.

- Ele disse isso? Não parece o tipo de pessoa que fale abertamente sobre os seus pensamentos!

- E não é, mas comigo ainda deixa escapar uma coisa ou outra! – Riu ela.

Levanto-me da cadeira e passo a mão gentilmente no rosto de Simi:

- Bem, eu vou ligar-lhe e vou preparar algo para comeres, mas depois tens de repousar mais um pouco, aposto que quando acordares os ferimentos já estão completamente sarados. 

- Obrigado Eva, por tudo! – Disse carinhosamente.

Sai do quarto e encostei a porta. Pego no telemóvel e marco o número do Ash, tento duas vezes mas ele não atende, então deixo-lhe uma mensagem:

- Olá Ash, sou eu, a Eva. Deves estar ocupado, mas vou deixar uma mensagem…é importante. A Simi está em minha casa, ela foi atacada por daemons, eu encontrei-a e trouxe-a para cá, mas está tudo bem. Quando puderes passa por aqui. 

Fui até á cozinha, fiz ovos mexidos com bacon, torradas, waffles, café e sumo de laranja. Até pensei que estava a exagerar na comida, mas o mais impressionante é que a Simi parecia ter o apetite de um elefante. Devorou tudo o que lhe foi posto á frente, e depois adormeceu que nem um bébé quando acaba de beber o leitinho. 

Nunca tinha visto nada como ela em toda a minha vida e tentei imaginar como seria ela na sua forma verdadeira. E lembrei-me também de como ficava bem na pele bronzeada do Ash. Esse simples pensamento derreteu-me por completo. Como sentia a falta do toque masculino, e pensei que o Ash era o tipo de homem que, devido á sua idade e experiência, podia facilmente deliciar e satisfazer uma mulher. Tinha de admitir que não era necessário tocar-lhe ou a sua presença para que o desejasse, bastava pensar nele.

Mas porque raio estava eu a pensar naquelas coisas? Seria porque há muito tempo que não estava intimamente com um homem, ou estaria a passar muito tempo perto do Talon e a ficar ninfomaníaca? 

- Onde está ela? – Perguntou o Ash aparecendo no meio da sala, vindo do nada.

Estava tão distraída que quando ouvi a voz do Ash atrás de mim, assustei-me e deixei cair o prato que estava a lavar, que me escorregou das mãos e que se partiu dentro do lava-loiça. Então com a mão cheia de espuma apontei para ele acusatoriamente:

- Não faças isso, caramba, queres acabar com o meu coração?

Limpei as mãos ao pano e acompanhei-o ao meu quarto:

- Ela tinha ferimentos bastante graves no ombro e nas costas, estava muito assustada, mas já está a melhorar. Mais umas horas e a sua pele não terá quaisquer ferimentos. – Sussurrei.

- Isto é tudo culpa minha, não a devia ter deixado sair sozinha! – Disse ele e saiu do quarto.

Ele estava furioso. Mais furioso a cada segundo que passava. Segui-o até á sala e reparei, enquanto ele deambulava por ali, que os seus olhos estavam de um tom avermelhado. Ele estava prestes a partir quando o agarrei pelo braço, ele olhou-me furioso e afastou-me bruscamente:

- Não me toques! – Ordenou, num tom que assustador.

Devia estar aterrorizada como ele pretendia que ficasse, aqueles olhos, aquela aura, ele queria afastar-me a todo o custo, mas como não me assustava facilmente, quando ele me voltou as costas novamente, agarrei-o de novo, voltando-o para me encarar:

- Ash! – Disse firmemente.

Por breves segundos sustive a respiração, num misto de preocupação e receio, fitando-o directamente e com o coração desenfreado, esperei pela sua reacção. Iria ele atirar-me á parede perdido de raiva ou ia ouvir o meu pedido para se acalmar? Mesmo assim não me afastei.

Sem comentários:

Enviar um comentário