Da cozinha consegui ouvir os aplausos delas e incredibilidade da parte deles. Eu não gostava de mentiras, nem de mentir e na realidade não era muito boa nisso, no entanto tinha sido necessário, não ia dizer á frente daquela gente toda que o Ash seria a minha escolha. Ele era afinal uma escolha impossível e fora do meu alcance.
Já todos tinham acabado de comer e estavam na conversa, quando o Julian e a Grace se levantam, de mãos dadas e cara de apaixonados, e anunciam:
- Bem, decidimos fazer este jantar também para anunciar que já escolhemos os padrinhos de casamento…infelizmente só podemos escolher dois de vocês! - Diz o Julian com muita pena.
- Mas prometemos ter filhos suficientes para que todos possam ser padrinhos e madrinhas! – Afirma a Grace divertida.
- Então decidimos que o Ash será o padrinho e a Eva a madrinha! – Confirmou o Julian.
Todos os presentes concordaram com a decisão, ainda assim eu e o Ash ficámos surpresos pela decisão:
- De certeza que é isso que querem? – Perguntei.
- Claro que sim, sem dúvida alguma. – Declarou a Grace.
- Então assim será, farei o meu melhor como padrinho! – Diz o Ash.
Depois do jantar ainda ficámos lá algum tempo a conversar, a beber uns copos ou a jogar bilhar, até que já eram horas de ir. O Talon e o Kyrian foram patrulhar a zona norte, o Nick levou a Mira, a Amanda e a Sunny a casa, enquanto que eu fui a pé para a minha casa, aproveitando para patrulhar a zona. Quanto ao Ash ele ainda ficou de conversa com o Julian.
Já era tarde, não se via viva alma na rua. Estava um silêncio de morte e um vazio de fazer os mais corajosos se apressarem para casa, e eu sabia muito bem que tipo de coisas assustadoras se podia encontrar na rua á noite. Já não estava longe do meu prédio, já estava quase a chegar, quando vi, no outro lado da rua, o que me pareceu ser uma rapariga que vinha a cambalear, parecia ferida. Olhei á minha volta para avaliar se havia perigo, e quando vi que era seguro, corri até ela.
A rapariga assim que me viu aproximar tentou afastar-se e estava completamente assustada:
- Calma, eu não te vou fazer mal. Estás bem? – Perguntei preocupada, olhando-a á procura de ferimentos.
- E como é que eu sei se estás a falar a verdade. – Perguntou a rapariga receosa.
- Porque eu não faço mal ás pessoas, eu ajudo-as… - Não tinha outra coisa para responder – Quem te fez isso?
- Foram os demónios louros… - Disse arrependendo-se logo de seguida, com receio que eu não fosse entender.
- Demónios louros…daemons? Atacaram-te?
- Tu sabes deles?
- Sim, sei.
De repente vindos do nada, apareceram três. E meti-me entre eles e a rapariga, não ia deixar que lhe fizessem mal.
- Se nos deres a rapariga prometo que não te fazemos mal! – Mentiu um deles.
- Claro, e acham mesmo que eu sou parva o suficiente para acreditar em alguma coisa que sai dessas bocas imundas? - Disse enojada.
- Não digas que não te avisámos querida. Hoje vamos ter um banquete, meus caros! – Festejou um deles, olhando para os outros dois que também partilhavam do seu entusiasmo.
- Ou não… - Conclui.
Avancei para eles dando início ao confronto. Derrubei o primeiro para aparecer logo o segundo que foi trespassado pelo punhal trazia dentro da bota. De seguida foi o terceiro que me lançou uma espécie de feitiço, mas felizmente falhou, por pouco, e acabou pontapeado e foi dar um encontrão ao primeiro que se estava a tentar levantar.
Enquanto eles estavam a tentar recompor-se, convoquei os meus poderes e acertei com uma bola de fogo em cada um, para lhes acabar logo com a tosse. Voltei de imediato para perto da rapariga, ela estava mais fraca, mas antes de apagar ainda disse:
- Impressionante…
Desmaiou segundos depois e eu não tive outro remédio a não ser levá-la para a minha casa e tentar cuidar dos ferimentos. Eu havia tentado convocar poderes de cura com o Ash mas não tinha resultado, agora estava com receio que também não fosse resultar. Levei a jovem até casa e deitei-a na minha cama. Ela estava ferida no ombro, tinha marcas de garras e pedaços de carne haviam sido arrancados.
Lá tentei convocar poderes de cura, com toda a minha concentração, mas mais uma vez voltei a falhar. Era certo que a cura não era o meu dom. Limpei a ferida e cobri-a com gaze. Depois sentei-me na cadeira que tinha junto á cama, observei por minutos aquela estranha rapariga e acabei por adormecer.
Enquanto dormia estava a sentir-me incomodada, e quando abri os olhos e dei com a rapariga a observar-me atentamente. Levantei-me num salto, tentando não me mostrar assustada:
- Vejo que já estás melhor! – Digo eu mais calma.
- Sim, não totalmente, mas definitivamente melhor! – Diz a rapariga, que se encontrava sentada na cama como se nada fosse.
- Como te chamas? – Perguntei voltando a sentar-me.
- Bem, salvaste a minha vida, penso que confio o suficiente em ti para te dizer o meu nome. Sou a Simi e tu? – Respondeu.
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