segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O Peso do Destino - Cap 12

o peso do destinoAquela Artémis não parecia flor que se cheirasse, apesar da sua beleza, não parecia nada bela por dentro. Eu não era pessoa de julgar as outras pessoas sem as conhecer, mas a verdade era que as primeiras impressões não me costumavam enganar.


Fui para casa e já depois de ter chegado, eis que tocam á campainha. Fui abrir e era o Ian, contente por me ter encontrado em casa, já que tinha resolvido aparecer sem avisar, com a intenção de fazer uma surpresa. Cozinhei e jantámos juntos, a noite parecia correr bem. Já depois de jantar, estávamos a ver um filme na sala, quando eu lhe digo na brincadeira:


- Não fazia ideia que sabias cozinhar! – Disse surpreendida.

- Porquê? Porque sou homem? – Gozou.

- Não, porque nunca tinhas mencionado. Um homem que sabe cozinhar dá-se sempre bem. – Insinuei. 

- Ohhh, está bem, erro meu. Não me lembrei disso, mas também há outras coisas sobre mim que tu não sabes… - Disse, num tom atrevido.

- Como por exemplo? – Perguntei inocentemente.

Sem responder á questão, aproximou-se e beijou-me. E naquele beijo percebi o que a Mira quis dizer quando insinuou que o Ian estava interessado em mim.

Mas eu nunca olhei para ele dessa forma, e muito ingenuamente brincava com ele mas nunca foi minha intenção de o levar a pensar que estava interessada da mesma maneira. Ele era um excelente rapaz e se eu conseguisse libertar-me dos fantasmas do meu passado, podia ser uma boa oportunidade de seguir com a minha vida com ele. Infelizmente, o que eu queria, ele não tinha para dar.

Não é só uma cara bonita e simpática que ia conquistar o meu coração. Não o via como mais do que um amigo, e mesmo o seu beijo não deixava dúvidas de que ele não podia ser mais do que isso. Tive de o afastar, e compreendi que mesmo sem querer, tinha sido uma cabra e provavelmente tinha levado a que ele entendesse que podia haver algo mais.

- O que se passa? - Perguntou ele confuso.

- Eu não posso fazer-te isto...

- O quê?

- Iludir-te desta forma, não foi intencional mas agora vejo que te levei a pensar assim. - Clarifiquei, criando alguma distância no sofá.

- Pensei que gostavas de mim... - Disse desiludido.

- E gosto, mas não dessa forma, lamento muito.

- Não lamentas não, eu é que lamento por me ter deixado enganar. - Acusou-me.

- Não te enganei, nunca te disse que queria algo mais, ou disse? - Perguntei incrédula.

- Pois não, mas sempre me provocaste. - Insistiu ele.

- Não, simplesmente sentia-me á vontade contigo para falar e brincar abertamente. Lamento que te sintas assim, e se realmente a culpa foi minha então peço desculpa.

- Demasiado á vontade pelos vistos. - Diz num tom de desdém.

Levantou-se do sofá, pegou nas suas coisas e saiu sem se despedir.

Passei a noite e o dia seguinte a sentir-me pior que estragada, por mim, por ele e por tudo. Eu tinha o dom de estragar sempre tudo, fosse com intenção ou não. Depois do trabalho, ia a caminho casa quando o Julian passa de carro por mim e me convida para jantar lá em casa com o resto da malta. Chegámos e estavam todos lá; o Nick, o Talon, o Kyrian, o Ash, a Mira e até a Amanda e a Sunny estavam lá, duas velhas amigas minhas.

O Julian e a Grace tinham organizado aquele jantar para oficializar o noivado, já que na noite do pedido nem todos puderam estar presentes.

A Sunny e a Amanda já tinham sido apresentadas aos restantes, mas como eu não as via há algum tempo, aquilo foram abraços e beijos de meia-noite que nunca mais acabavam. Enquanto a Mira ficou de conversa com elas, vi a Grace sozinha na cozinha e aproveitei a oportunidade. Estava a ajudá-la mas estava aflita para fazer perguntas e a Grace já me conhecia bem os tiques:

- Sei que queres ajudar, mas vá lá, faz as perguntas que vieste fazer! - Diz ela continuando a secar a loiça.

- Vocês estão a ficar demasiado parecidos. - Apontei.

- Até parece que não te conhecia antes de conhecer o Julian.

- Está bem, ontem á noite estava a fechar o café e o Ash estava lá…e quem resolveu aparecer? – Disse, tentando criar mistério.

- Quem?

- Artémis!

- A sério? Para quê? - Perguntou em choque.

- Ela disse que tinha de agradecer pessoalmente á pessoa que tinha salvo o Ash, naquela noite que ele ficou ferido…

- E ela apareceu propositadamente para isso? Para outras coisas mais importantes não se digna a aparecer! – Disse, um pouco irritada.

- Sim, realmente não fez muito sentido! Mas diz-me uma coisa…o que raio se passa entre ela e o Ash? - Perguntei curiosa.

- Não sei, ninguém percebe se estão juntos ou não, ele faz tudo o que ela quer…sinceramente não compreendo. – Disse a Grace.

- Porquê? Ninguém lhe pergunta? – Perguntou a Eva.

- Não, nós não nos metemos na vida do Ash, ele não fala sobre isso e nós não perguntamos, mas tu podes sempre perguntar? – Gozou.

- Eu? Pois claro…mas caramba que desperdício… - Disse suspirando.

- Não tenhas dúvidas, ele é uma pessoa espectacular, já ela…não se pode dizer o mesmo. Nem quando algum deles está em perigo ela vem ajudar, e depois é o Ash que tem de arcar com as consequências!

Olhamos as duas na direcção do Ash e disseram ao mesmo tempo, sem intenção:

- Oh que desperdício…

E desatamos a rir desalmadamente. Depois da risada toda, voltei á sala e a Mira sentou-se a meu lado no sofá:

- Encontrei o Ian hoje, ele disse-me que ontem á noite esteve contigo… - Insinuou entusiasmada.

- Ah disse-te? Sim, estivemos juntos… - Confirmei.

- Não me pareces muito contente. – Apontou a Mira.

- É porque não estou contente! – Afirmei um pouco incomodada.

- Então, o que se passou?

- Ele beijou-me…

- Oh!!! – Disse surpreendida – E estás aborrecida porquê?

- Ao contrário de ti e das tuas expectativas em relação a nós, eu não queria realmente nada mais do que ser sua amiga, e aparentemente fiz tudo mal…

- Pronto, as minhas expectativas para vocês eram saudáveis, e acho que não devias de as ter ignorado, ele é um bom rapaz… - Disse, fazendo de conta que ia amuar.

- Ele é um excelente rapaz, porque raio não consigo dar-lhe uma oportunidade? Estarei destinada apenas a atrair os cretinos? Já começo a achar demasiado estranho. – Confessei frustrada.

- Porque dizes isso? - Perguntou ela intrigada.

- Sinceramente, eu já não sei o que pensar Mira, em relação a tudo o que tem acontecido. De todas as vezes que me envolvo com alguém acabo magoada, para não falar da última vez…

- Mas isso já foi há muito tempo. Não há mesmo possibilidade de tu e o Ian...?

- Não, acho que não. Para falar a verdade já começo a ter receio de encontrar alguém e de me deixar envolver. Será que é pedir muito por um homem sincero, com boas intenções, sensual e sentido de humor. - Implorei fitando o tecto.

- O que procuras mesmo? - Questionou-me.

- Amor claro, mas também procuro paixão. O Ian não é capaz de me dar o que eu quero. E eu quero mais, quero tudo, quero amor, aventura e uma paixão que me consuma.

- Lá se vai a minha imagem da tua pureza. Ainda por cima és exigente. - Diz ela na brincadeira.

- Mira, relativamente a isso…eu não sou virgem, não ia ser a primeira vez, nem a última, ou assim espero. – Respondi. - E eu não sou exigente, quero tudo que qualquer mulher deseja.

- Bem, sim, tenho de concordar contigo. Pensas como eu, e para mulheres como nós, uma cara bonita não é suficiente se não tiver conteúdo. - Admitiu a Mira abertamente.

- Não sei o que estou a fazer de errado, sinceramente não sei, mas tenho saudades de não acordar sozinha, do toque e do cheiro masculino. Sinto saudade mas tenho medo, porque quando procuro dá porcaria, e eu não quero mais sofrer por quem não me merece. É um ciclo e um dilema ao mesmo tempo. – Disse, com a irritação a subir-me á cabeça.

Apercebendo-me que me havia exaltado um pouco, olhei á minha volta, para ver se alguém tinha ouvido o que havia dito, e encontrei dois pares de olhos vidrados em mim, intrigados. Os do Kyrian e os do Ash. 

- Oh por favor, não olhem assim para mim! Eu não preciso de pena. - Pedi.

Levantei-me do sofá e fui lá para cima. Estava sem paciência e não queria causar problemas. Primeiro sentei-me na cama, estendi-me, mas não consegui ficar quieta, por isso levantei-me e fui até á janela. Eu não estava assim simplesmente pelo sexo, que podia passar sem, mas sentia a falta da companhia que um homem pode fazer. Sentia falta do carinho, do calor humano, da intimidade, dos olhares que em silêncio podiam dizer tudo. E no entanto, estava de tal forma magoada, que sentia receio de procurar.

4 comentários:

  1. Nossa, muito criativo seu blog!

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  2. Bom dia Histórias.
    Amiga eu não tenho acompanhado esta historia e vou comentar apenas sobre este capitulo algumas partes quais me chamou a atenção.
    O homem que sabe cozinhar se dar em muitas coisas mesmo.
    a maioria das mulheres hoje em dia sente falta de acordar pela manhã e ter um homem para fazer companhia de travesseiro entre outras coisa que toda mulher gosta de fazer.
    É muita complicada esta jovem..rsrsrs
    Agradeço por ter compartilhado.
    Desejando um ótimo fim de semana.
    Abraços sempre.
    ClaraSol

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    1. Obrigada pelo comentário Clarasol. Esta jovem devido ás dificuldades da vida e desilusões tornou-se demasiado insegura no que diz respeito ao amor, mas ela vai ultrapassar, ela é forte.kkkkk Abraço

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