quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O Peso do Destino - Cap 9

o peso do destinoNo sábado acordei cedo. De manhã tratei da limpeza da casa, coisa que me aborrecia imenso mas que tinha de ser feita. Cheguei quase ao ponto de ligar á Miranna para me ajudar, só que depois tive vergonha na cara, não podia ser assim tão preguiçosa. 


Acabei as limpezas, passei a tarde a relaxar em casa, ou seja, a fazer nenhum, o que às vezes também sabia bem. Pensei que nessa noite, se não fosse sair com a malta, iria fazer a ronda, e pensei em ligar ao Julian para irmos juntos, assim podíamos pôr a conversa em dia. Quando lhe liguei é claro que não lhe disse, mas ele soube.


De noite ele veio ter a minha casa por volta da meia-noite e saímos. Deambulámos pela cidade, conversando sobre várias coisas, eu contei-lhe que o Ash me tinha visitado para me agradecer e questionar, contei-lhe do sonho estranho que tinha tido e outras coisas mais, mas relativamente ao assunto que tinha em mente, nada me saiu, então o Julian acabou por intervir:

- Podes perguntar, se quiseres…

- Perguntar o quê? - Fiz-me de parva.

- O que realmente queres saber sobre mim. Acho que é o momento de falarmos sobre isso! - Concluiu.

- Também acho que sim… Quem és tu afinal? – Perguntei receosa de saber a verdade.

- Bem, o meu nome é mesmo Julian, Julian da Macedónia, para ser mais exacto…

- Julian da Macedónia…agora estás a brincar, Julian da Macedónia, certo, o lendário general macedónio filho de Afrodite e de um mortal… - Brinquei.

Ele continuou sério sem mostrar sinais de querer sorrir por estar a inventar. Eu não queria acreditar no que ele me acabara de dizer, mas sabia quando ele estava a mentir e quando não estava, e naquele momento não estava.

- Oh merda, estás a falar a sério Julian? - Perguntei de novo.

- Sim, estou! – Garantiu.

- Mas se o que dizes é verdade… Não era suposto teres morrido há cerca de dois mil anos?

- Acontece que há coisas que nem nos livros de história aparecem.

- Eu sei, mas o teu misterioso desaparecimento levou a concluir a tua morte.

- Não morri, fui aprisionado por castigo.

Então ele contou-me a história de Penélope, de como a tinha feito apaixonar-se por si com a ajuda do seu irmão cupido, Eros. Contou-me do seu conflito com o seu outro irmão, Príapo que o aprisionou num pergaminho por ter dormido com as suas virgens. Que tinha passado todo este tempo como escravo sexual preso num pergaminho, sendo convocado ao longo dos tempos por ínfimas mulheres, até ter sido convocado acidentalmente por Grace.

Contou-me tudo desde ai, como se tinha libertado, como fizera as pazes com a mãe Afrodite e com Eros, como Príapo havia sido castigado, tudo graças ao amor que sentia por Grace.

- Esta é de longe a história mais doida que já alguém me contou Julian, mas eu acredito em ti, quer dizer, já presenciei muita coisa que julgava impossível de acontecer. – Disse-lhe abraçando-o carinhosamente.

- Obrigado Eva por acreditares em mim, só não estava preparado para falar disto porque não sabia como ias reagir, e não queria perder a tua amizade. - Confessou.

- Nunca me irias perder Julian. - Assegurei-lhe.

Continuámos envolvidos naquele abraço fraternal durante mais uns segundos, até que ele interrompeu o momento jogando mais lenha para a fogueira, por assim dizer:

- E nós mal tocámos na superfície, há muito mais do que possas imaginar… - Disse sabendo que eu era curiosa.

Larguei-o para o olhar cara a cara.

- Há mais? 

- Pensei que, como sabes de história, tivesses pensado nisso quando contei a minha história…

- O quê?

- Se eu existo, todas as outras coisa existiram, ou continuam a existir, tudo relacionado comigo ou com a história…

Pensou um pouco, tinha de processar tudo o que ele acabar de me dizer, e depois fez-se luz na minha cabecinha:

- Os deuses realmente existem? E o Kyrian…é mesmo o Kyrian? Kyrian da Trácia? – Perguntei entusiasmada.

- Sim, a tudo o que perguntas-te! – Confirmou.

- Oh que grande cena, se nunca me contasses sobre ti, nunca pensaria que este era o teu segredo.

- Eu sei, quem poderia imaginar tal coisa?

- Tenho tantas perguntas, nem sei o que perguntar primeiro. E o Talon “o Celta”…é mesmo a lenda presumo?

- Presumes bem. - Respondeu.

- Então vocês todos juntos, fazem o quê afinal?

- Bem, excepto eu, eles são o exército de Artémis, os “Predadores da Noite”, liderados pelo Ash.

Joguei a mão á boca para não deixar escapar um “wow” bem grande. Lembrei-me que havia encontrado o nome Acheron várias vezes, mas nada mais dizia a não ser que ele era o líder dos predadores, o predador original. Então perguntei:

- E o Ash?

- O que tem ele?

- Quem é ele na realidade, de onde vem?

- Bem, nem mesmo nós sabemos muito acerca dele. Sei que ele é um atlante, tem cerca de 11 mil anos, e é mais poderoso que nós todos juntos. Ele não fala de si e faz questão que continue assim, terá os seus motivos.

- Espera…um atlante…de Atlântida? - Perguntei chocada.

- Sim.

- Certo…fantástico. – Brinquei. – Isto é demasiada informação para a minha cabecinha, por hoje chega, logo me contas mais. Falámos muito de ti e tão pouco de mim, mas a verdade é que sobre mim não há muito para dizer. O que sei sobre mim, tu já sabes.

- Nem tudo, sei que não sabes quem é a tua família verdadeira, mas não me disseste onde aprendeste a lutar assim. 

- Não aprendi em lado nenhum. Simplesmente apercebi-me que o conseguia fazer sem esforço, como se já estivesse em mim desde sempre.

- Isso é fascinante, sabias? 

- Sei, mas há mais que não te contei…

- O quê? – Perguntou curioso.

- Já que estamos numa de revelar segredos…consigo fazer magia…

- Magia? Como assim? – Estava claramente intrigado.

- Concentrando-me, consigo controlar alguns elementos…eu mostro-te!

Estendi a mão, olhei fixamente para a palma, concentrei-me e vimos surgir uma chama que ficou a pairar na minha mão. Então concentrei-se um pouco mais, sem esforço nenhum, a chama tornou-se numa bola de fogo do tamanho de uma bola de basebol e atirei-a ao contentor do lixo fazendo-o explodir.

- Meu Deus, isso foi…espetacular Eva. Quem diria que tínhamos tanto por revelar.

- Sim, mas ainda falta uma coisa Julian…

- Mais? Conta por favor! – Implorou.

Tirei um punhal que trazia dentro da bota e fiz um golpe profundo na minha mão, o que chocou o Julian:

- És doida? Porque fizeste isso? – Disse segurando-me a mão e procurando um lenço no bolso do casaco para estancar o sangue.

- Espera, olha… - Pedi calmamente.

Mostrei-lhe a palma da mão e numa questão de segundos observámos a ferida sarar por si própria, numa questão de dez segundos, a minha mão não apresentava qualquer ferida. Ele olhou para mim sem palavras, chocado com o que acabara de ver.

- O que raio és tu Eva? 

- Isso gostava eu de saber Julian.

No final da noite fomos para casa, demasiado apinhados de informação para processar.

1 comentário:

  1. Interessante, os misterios vão se revelando. Estou gostabdo da leitura.
    Parabéns e continue a escrever.

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