quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O Peso do Destino - Cap 10

o peso do destinoNa manhã seguinte, deixei-me levar pela preguiça e só me levantei por volta da uma da tarde, era bom ter folga ao fim-de-semana. Depois de uma noite descansada e depois de me despachar e almoçar decidi fazer uma visita a Maggie e a Alan, a antiga governanta e o antigo jardineiro da minha mãe, que continuavam a viver na mansão. 


Queria vê-los mas também pensei em ir lá ver como estava a casa, afinal continuava a ser minha e não havia voltado lá desde que tinha entrado na universidade. Queria dar também uma olhadela às coisas da minha mãe para ver se encontrava algo sobre si, algo em que pudesse pegar ou que me desse alguma pista.



Enquanto vasculhava as coisas dela tentei lembrar-me de algo que ela tivesse dito, ou algo que tivesse acontecido, mas nada me ocorreu. Fui ao escritório mas também não encontrei nada de relevante e ao fim de cerca de uma hora de procura incessante acabei por desistir. Ela não havia deixado qualquer pista, qualquer rasto que eu pudesse seguir. Quereria isso dizer que não era suposto eu andar a investigar?

Ao entrar no carro, dei uma última olhadela á casa que me tinha acolhido, que me trazia tão boas e felizes recordações. Naquele momento lembrei-me também dela, naquele dia no hospital e acabei por me emocionar, não contive as lágrimas, apesar de não gostar de chorar, não consegui fazê-lo ao lembrar-me da minha querida mãe, ao lembrar-me de tudo, ao pensar em todas coisas que ficaram por dizer e demonstrar, principalmente pelo tempo que não voltaria atrás.

Recostei-me no banco e as palavras dela naquele dia vieram-me á memória e era exactamente aquilo de que precisava. O que ela me havia dito…lembrei-me de tudo e de algo essencial, como podia ter-me esquecido?

Procurei o telemóvel na mala cheia de tralha e liguei para o Julian:

- Olá maninha, tudo bem? – Brincou ele.

- Sim, está! Julian…lembrei-me de algo.

- De quê?

- A minha mãe disse-me, antes de falecer, que sempre soube o que se passava comigo, mas que não podia falar sobre isso, tinha feito um juramento. Disse também que era o seu dever manter-me em segurança…

Houve um silêncio do outro lado e deu-me uma certa vontade de rir, pois significava que o Julian estava a pensar. Entretanto ele diz:

- Já é alguma coisa, apesar de não dar nenhuma pista, sabemos que ela queria manter-te em segurança por algum motivo! - Concluiu ele. - Ao menos sabemos que de certa forma, corres perigo?!

- Sim é alguma coisa, e preocupa-me…mas também acaba por não ser nada. – Disse frustrada.

- Tens de ter calma, mais tarde ou mais cedo acabaremos por descobrir tudo sobre ti, prometo… - Descansou-me.

- Obrigado Julian, por tudo…

- Oh vá lá, não fiz nada de especial… - Disse envergonhado.

- Não foi preciso fazeres alguma coisa, basta estares presente quando preciso de apoio!

- E vou estar sempre aqui Eva…

- Eu sei…

Depois daquilo tudo não me apeteceu ir logo para casa, andei às voltas de carro a deambular, e decidi também fazer a ronda nessa noite, pois precisava de descarregar toda a frustração em alguém. Nada melhor que dar cabo de alguns daemons armados em espertos.

Mais tarde estacionei o carro em casa e fui para a noite, percorrer as ruas da zona da cidade onde costumava fazer o papel de salvadora dos inocentes. Deambulei um bocado, sempre com os sentidos em alerta, mas a noite estava a demonstrar-se calma e demasiado monótona. Quando ia dar a noite por terminada, virei a esquina e dei de caras com um grupo de cinco ou seis daemons que vinham na direcção contrária. Que sorte a minha.

O primeiro pensamento que tive foi fugir, pois era um grupo grande e eu estava claramente em desvantagem, mas devido á minha teimosia não recuei. Lutei com toda a minha força e perícia, mas assim que derrubava um, outro tomava o seu lugar, criando assim a um ciclo interminável que não levava a lado nenhum. Fui então apanhada de surpresa, pelas costas.

Um deles tinha uma espada retráctil e aproveitou uma distracção minha para levar a melhor. Só me apercebi quando olhei para baixo e vi a lâmina da espada a sair pelo meu abdómen. 

O daemon retirou a espada e senti uma dor aguda demasiado forte, até mesmo para mim, e cai de joelhos. Nesse momento, devido á minha estupidez, pensei que ia desta para melhor, mas vi que os daemons ficaram subitamente agitados e a tentarem dispersar. Foi então que vi o Ash dar cabo deles em apenas alguns segundos.

Levantei-me com a mão no estômago para tentar esconder a ferida, mas assim que acabou com os daemons, o Ash apressou-se para perto de mim. Viu a minha blusa manchada e a minha mão com sangue.

- Pensaste mesmo que conseguias fazer frente a tantos deles, ferida e escapar ilesa?

- Sim, pensei. Não seria a primeira vez, só que esta noite estava distraída! – Admiti.

Era a verdade, estava distraída e mesmo assim, tinha tentado encarregar-me deles. Ele aproximou-se e disse:

- Deixa-me ver isso! – Apontou para a ferida.

- Não, eu estou bem! – Disse afastando-me imediatamente.

Ele agarrou-me pelo braço firmemente e respondeu:

- Eu não estou a pedir.

Parei de me debater e obedeci. Então ele como era mais alto que eu, ajoelhou-se á minha frente, abriu os dois últimos botões da minha camisa e puxou o tecido para cima, para verificar a gravidade da situação. Se não fosse uma questão de preocupação pelo meu bem-estar da parte dele, diria que poderia ter sido uma cena bem sensual. Antes de tecer algum comentário, olhou a ferida e depois olhou para mim, e ai sim, disse:

- A ferida está a sarar, e pelo que parece dentro de poucos segundos não haverá sinal dela. – Disse em tom acusatório.

4 comentários:

  1. Nossa! Capítulo quente esse, respostas surgindo. Curioso para o próximo.
    Parabéns, gostando da leitura.

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    1. Obrigada pelos comentários Francisco, espero que esteja a gostar e que continue acompanhando. Abraço

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  2. Olá amigo. Um grande abraço. Visitei suas notícias no diHITT, não tinha novidades resolvi retribuir passando por aqui. Um abraço e sucesso.

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