quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A morte

Sempre ouvir dizer que é o único mal para o qual não há remédio, e de certa forma é verdade. Se tenho medo da morte? Não sei bem. Tenho medo do esquecimento, tenho medo de sofrer e tenho medo da possibilidade de nunca mais ver as pessoas que amo, quem é importante para mim.



Nós não sabemos o que nos espera do outro lado, nem sabemos se há outro lado. Ainda assim tenho na minha cabeça, acerca dos que partiram, que um dia nos encontraremos todos uma vez mais. Ilusão ou não, é nisso que me obrigo a acreditar quando a morte arranca alguém de mim.

É algo brutal, é rápida, cruel, dura eternamente, e arranca um pedaço de nós, não há como daí voltar. Faz-nos olhar para a vida de forma diferente, nem que seja por momentos. É algo irreal, o desaparecimento de alguém é difícil de aceitar e de acreditar. A morte levou recentemente alguém de mim, e não me parece real, até quando olho para a sepultura não parece real. O sentimento de vazio e saudade são tremendos, de tal forma que não sei o que fazer com eles, constantemente presentes.

Onde estás? Consegues ouvir-me? Porque partiste? Porque desististe de lutar? Irei ver-te novamente? Fui uma boa filha? Fiz o suficiente? Sabias que te amava? Isto aconteceu mesmo? Estas são as perguntas que agora fazem parte do meu dia-a-dia. Por muito que uma pessoa lute para se manter sã e continuar com a sua vida, todos os dias temos aqueles momentos de silêncio, de solidão em que os pensamentos e emoções que tentamos reprimir, acabam por vir á superfície, não há escapatória.

A morte faz realmente pensar no quão insignificante somos no mundo, mas também nos faz perceber que podemos ser o mundo de alguém. Quando se diz que só damos importância a alguém quando sentimos a sua falta, é verdade. Somos um ser que toma tudo como garantido e se esquece da efemeridade da vida. É nesse momento que pensamos em tudo o que deveríamos ter dito, deveríamos ter feito, e é nesse momento que desejaríamos voltar atrás para o fazer. Só eu sei o quanto gostaria que isso fosse possível. Só eu sinto o peso do arrependimento e da culpa que tenho dentro de mim.

Por isso, como não conseguimos evitar a dor que a morte nos causa, só resta esperar que passe com o tempo, como se costuma dizer. Desaparecer nunca desaparece mas alivia, é o que se chama aceitação. Mas como podemos nós aceitar que alguém que amamos partiu? Como é que alguém pode aceitar uma perda quando o nosso profundo desejo é ter as pessoas que amamos de volta? Será que esse sentimento de injustiça alguma vez desaparece?

2 comentários:

  1. Por mais que saibamos que, é a única coisa certa na vida e que começamos a morrer no momento em que nascemos, ainda temos, cada um a sua forma, dificuldade em lidar com a "partida" de quem amamos.
    Grande abraço
    Lúcia

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  2. Esse é um tema muito difícil. Eu perdi a minha avó em Janeiro de 2012, já foi um baque e quando pensei que não poderia piorar, meu pai vem a falecer em Fevereiro de 2012. Vários sentimentos vem ao mesmo tempo, mas o da perda e saber que não vou mais ver as pessoas que estavam sempre ao meu lado, o sentimento de que poderia ter feito algo para mudar isso sempre vem, no entanto, a vida continua, pessoas queridas ainda estão na minha vida. Devemos sempre olhar para frente, seguindo nossos sonhos, nunca esquecendo das pessoas que se foram, mas mesmo assim continuar, entre as alegrias e tristezas, pois assim é a vida.

    Abraço.

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