terça-feira, 23 de setembro de 2014

O Peso do Destino - Cap 7

Sai daquele estado de hipnose ao ouvir um barulho vindo do piso inferior, onde se encontravam os outros. Olhei o Ash uma última vez, fechei a porta e desci. Despedi-me deles, que ainda continuaram a discutir o assunto, aquela noite fatídica, mesmo depois de me ir embora. 

Cheguei a casa eram quase cinco da manhã, mais três horinhas e tinha de estar novamente a pé. Estava esgotada, demasiado cansada, então resolvi mandei uma mensagem á Lilly, a minha colaboradora, a avisar que possivelmente não iria trabalhar. Disse-lhe que não se preocupasse, que tinha uns assuntos para tratar, e quando chegasse a hora de fechar ela não precisava de ficar até mais tarde.




Fui para a cama, deitei-me e senti o corpo todo dorido. Adormeci minutos depois, vítima do cansaço e só acordei por volta do meio-dia. Acordei mole e com uma preguiça monumental, mas depois de um bom banho e de um almoço completo e recheado dos maiores disparates culinários e crimes calóricos, reabasteci as forças e passei na biblioteca. O que me valia era que o meu peso não mudava, comesse o que comesse, caso contrário por este andar, já não andava, mas rebolava.

Mais tarde o Ian ligou-me e fomos tomar um café. Ia servir para me distrair de tudo o que aconteceu na noite anterior. Apesar da diversão na festa do Julian e da Grace, tinha ficado um pouco abalada com o que tinha acontecido ao Ash, apesar de não o conhecer, sentia uma ligação, uma simpatia.

- Pareces um pouco cansada… - Observou ele.

- Foi da noite passada, fui sair! – Disse, sem insistir.

- Se foi assim tão divertido podias ter ligado, ia ter contigo.

- Foi um aniversário de um amigo, acho que não te ias sentir muito á vontade lá, havia muita gente que não conhecias!

- Ah ok, ainda bem que já me conheces! – Brincou.

- E conheço. – Brinquei também – Mas não perdeste nada de especial. – Disse tentando mudar de assunto.

- E mais logo, queres fazer alguma coisa? – Perguntou.

- Hoje? Estava a pensar em dar uma olhadela no trabalho acumulado e depois ir para casa descansar, espero que não te importes! 

- Claro que não…desta vez perdoo-te – Disse em tom de gozo.

- Oh muito obrigado! – Respondi também no mesmo tom.

- Bem, agora está na hora de voltar ao trabalho, falamos depois então. – Despediu-se ele.

- Está bem.

Levantou-se, deu-me um beijo na cara e foi embora. Depois de ele ir embora lembrei-me de ligar ao Julian para saber do Ash:

- E como é que ele está? - Perguntei.

- Bem, já está pronto para outra, está a recuperar rápido. Aliás, até já foi embora. – Descansou-me.

- Ainda bem, fico muito contente em ouvir isso, fiquei mesmo preocupada.

- Já somos dois Eva, já somos dois.

- Eu notei. Bem Juju, tenho de ir trabalhar mais um pouco. – Brinquei, gostava de lhe dar alcunhas carinhosas.

- Juju? Certo, não te lembraste de algo melhor, vai trabalhar, vai. Até logo. – Respondeu resignado.

Depois do fecho da biblioteca e depois de a Lilly ir embora por volta das sete da tarde, ainda fiquei até ás oito e meia. Assim acabava o que tinha em atraso para não deixar acumular muita coisa. Cheguei a casa, e assim que abri a porta senti algo estranho, fora do normal.

Liguei as luzes conforme ia passado por cada divisão, primeiro a da sala e depois a da cozinha. Cedo me apercebi de que não estava sozinha, estava mais alguém na minha casa. Pousei a mala na mesa da sala e senti alguém aproximar-se por trás, vindo do meu quarto que ainda se encontrava às escuras. Preparei-me para ser atacada, levei a mão discretamente á mala e tirei de lá um pequeno punhal.

Senti a presença aproximar-se mais e quando estava prestes a sentir o seu toque, voltei-me repentinamente e pontapeei o meu suposto agressor, encostando-o contra a parede com o punhal apontado ao pescoço.

Fiquei em completo choque quando vi que o invasor da minha propriedade era o Ash e que acabara de o golpear exactamente no mesmo sítio onde tinha sido ferido a noite passada.

- Oh meu deus…Ash? Peço desculpa, deixa-me ver se está tudo bem, não estava á espera… Acertei-te mesmo em cheio na ferida, oh meu deus… - Disse aflita.

- Eu estou bem Eva, não te preocupes! – Tranquilizou-me.

- Como podes estar bem? – Perguntei.

- Mas estou! – Interrompeu-me.

Olhei-o desconfiada, mas acabei por não insistir mais, já que ele me cortara a palavra. Então perguntei:

- O que estás a fazer aqui?

- Ah certo, vim agradecer-te por ontem á noite, afinal de contas, se estou aqui hoje é graças a ti! - Disse enquanto se recompunha.

- Não tens de agradecer, não fiz nada além do que era correcto.

- Certo, mas obrigado na mesma.

Apontei para o sofá e disse-lhe:

- Senta-te, queres tomar alguma coisa? Simplesmente café? – Brinquei.

- Boa memória, pode ser, se não for incómodo claro!

Fui até á cozinha com intenção de fazer café para os dois, mas acabara de chegar á conclusão que não encontrava o frasco do café. Normalmente guardava-o na prateleira mais alta do móvel, apesar de saber que lhe era difícil chegar lá, o móvel era um pouco alto demais. Então antes de agarrar numa cadeira fiz uma tentativa, estiquei-me toda para tentar agarrar o frasco mas em vão.

Não queria fazer figuras tristes e ter de pegar numa cadeira para chegar lá, acabei por praguejar:

- Ah que merda, porque é que continuo a guardar isto aqui?

Olhei por cima do ombro e vislumbrei um sorriso na cara do Ash, que aparentemente já se tinha apercebido da situação. Senti-me envergonhada e fiz uma última tentativa de lá chegar. Tentei esticar o braço o máximo que consegui, mas nesse momento senti o Ash atrás de mim e vi o seu braço passar por cima da minha cabeça e a mão dele agarrou o frasco do café. 

Estava praticamente colado a mim, tinha-me encurralado entre ele e a bancada. Tinha-me feito parar de respirar e quase me causara uma paragem cardíaca, sem exageros.

Devido á proximidade, eu senti uma forte tensão á nossa volta, uma onde de electricidade, uma atracção enorme, algo como nunca sentira antes. Comecei a pensar se seria a sério ou fruto da minha imaginação, mas segundos depois o Ash afastou-se repentinamente, e conclui que talvez fosse só da minha cabeça:

- Devias considerar seriamente, guardar isso noutro sítio de mais fácil acesso. – Gozou.

- É o que tenciono fazer, para o bem de todos. – Respondi igualmente.

Juntei-me a ele no sofá e servi o café.

- Já chegaram a alguma conclusão sobre o que aconteceu ontem? - Perguntei.

- Não, nem por isso, mas já estamos a investigar. – Afirmou.

- Hum…é o melhor, não vá o mesmo repetir-se.

- Provavelmente é o que irá acontecer, penso que ontem não foi um caso isolado. Irá certamente repetir-se. 

- Porquê? Com o intuito de acabarem contigo? – Perguntei receosa.

- Não sei “quem”, por isso também não sei “o porquê”! – Confessou.

- …Então é melhor estarmos preparados para a próxima vez que acontecer! – Disse confiante.

- Estarmos? Estás a incluir-te? – Perguntou ele.

- Sim estou, claro ou pensavas que ia simplesmente esquecer o que aconteceu? – Respondi incrédula com a sua pergunta.

- Não tens de te envolver nisto, ninguém te pediu nada!

- Bem, agora não há volta a dar. O Julian é meu amigo e é teu amigo, o que faz de nós amigos, certo? É tudo o que preciso de saber. – Disse impondo a minha vontade.

- Muito bem, não vou recusar ajuda, ainda por cima a ajuda de alguém tão dotado como tu! – Disse em tom acusatório.

5 comentários:

  1. Excelente e super viciante como sempre!!! Agora vou colocar o relógio tik tak... tik tak... e esperar que chegue rápido o próximo capítulo ;). Beijinhos

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  2. Já falta pouco, tens de me dar uns dias para preparar o próximo, calma rapariga =P Beijinho

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  3. Estou um pouco perdido, creio que é pelo fato de estar no sétimo capítulo, com toda a honestidade, não me atraiu muito, mas vamos ver a continuidade. Um abraço e sucesso.

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    1. Talvez não seja fã de romance paranormal, ou então esteja mesmo perdido, pode ler de inicio e acompanhar. Abraço

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  4. Excelente, vamos em frente que estou curioso.
    Um abraço.

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