terça-feira, 9 de setembro de 2014

O Peso do Destino - Cap 6

acheron, o peso do destinoA noite estava longe de terminar como havia planeado. Aquele encontro tinha sido totalmente inesperado e encontrar o Ash no meio daquela confusão, menos esperado era.


Fiquei completamente imobilizada, sem puder fazer nada para o ajudar, ele estava no chão caído e em extremo sofrimento, sem se conseguir defender. O pânico e a frustração tomaram conta de mim, e gritei em desespero:


- Deixem-no em paz seus cobardes!.

Quando percebi que as minhas palavras de nada serviam, cedi á raiva que sentia e gritei de novo, com toda a minha força, fechando os olhos. Subitamente, quando voltei a abri-los, todos os daemons estavam a em chamas, como se lhes tivesse ateado fogo e poucos segundos depois desfaziam-se em cinzas. 

Tinha sido eu a fazer aquele estrago, fruto do meu poder, algo que eu não tinha total controlo uma vez que não fazia a mínima ideia do que era capaz, tinha muito que aprender e ninguém para me guiar.

Corri para o Ash, ajoelhei-me a seu lado e puxei-o com cuidado para perto de mim, enquanto o embalava nos meus braços, muito assustada. 

- Ash…oh meu deus, vais ficar bem, está tudo bem! – Tentei descansá-lo.

Ferido, acabou por perder os sentidos. Agarrei no telemóvel com as mãos trémulas e marquei o número do Julian, a única pessoa com quem podia contar naquele momento.

- Eva? O que se passa? – Perguntou calmamente.

- É o Ash…ele está ferido… - Disse eu com a voz trémula.

- O quê? O que aconteceu? – Perguntou agora assustado.

- Explico-te depois, por favor, vem depressa. Ele não está bem!

- Onde estão? - Perguntou ansioso.

- Estamos perto daquele atalho para a minha casa, perto dos armazéns! – Indiquei.

- Sei onde é, vou a caminho…Eva?

- Sim?

- E tu? Está tudo bem contigo? – Perguntou preocupado comigo.

- Comigo está tudo bem, não te preocupes. – Descansei-o.

Enquanto esperei pelo Julian, tentei fazer algum tipo de magia curativa. Coloquei a minha mão sobre a ferida do Ash e tentei concentrar-me, pelo menos era assim que costumava fazer, concentrar o meu poder num objectivo e ele materializava-se, mas desta vez não dava sinais que querer resultar. Eu nunca tinha tentado este tipo de magia, a única que havia resultado tinha sido magia de ataque, quando concentrava a minha energia para fazer bolas de fogo dispararem das minhas mãos, ou misteriosas forças invisíveis mandarem os meus inimigos pelos ares.

Ainda tentei mais algumas vezes, não sabia se não estava a resultar por falta de prática ou não, na verdade nem eu sabia se era capaz de fazer esse tipo de magia. Acabei por desistir e fiquei imóvel segurando o Ash com todo o cuidado enquanto o Julian não chegava.

O Julian chegou minutos depois e quando viu o estado do Ash não fez boa cara, tinha ficado assustado, claramente abalado com o que tinha acontecido.

Quando chegámos a sua casa, o Kyrian e o Talon já lá estavam. Levaram o Ash para cima e momentos depois o Julian desceu para me fazer companhia.

- Não será melhor levá-lo ao hospital? – Perguntei desconfiada das habilidades de médico do Talon.

- Não, o Talon trata de tudo! – Responde ele seguro de si.

- Mas ele é algum médico? Ou mágico? – Perguntei sarcasticamente.

Ele não me respondeu, mas percebi pela sua reacção, que o Julian já tinha dado a entender mais do que devia. Afastou-se e foi contemplar a noite através da janela da sala. O que quer que fosse que tinha acontecido com o Ash, tinha deixado o Julian alarmado, demasiado abalado.

- O que se passa Julian? Eu conheço-te, algo se está a passar! – Perguntei preocupada.

Após uns segundos, que mais pareceram uma eternidade, ele respondeu:

- O Ash…ele nunca foi ferido, nunca perdeu uma luta e…nunca deixou os seus inimigos vivos para contar a história. Ele é assim, o mais forte de nós. Desde que o conheço, o que aconteceu esta noite…nunca aconteceu antes, não com o Ash. Ele nunca teve de ser salvo, nunca foi uma baixa em combate… Isto é de doidos Eva, não consigo entender! – Disse desesperado, gesticulando com as mãos.

Eu percebi que por de trás daquela conversa toda havia muitas coisas, muitos segredos que não era suposto contar, por isso não quis que ele sentisse a pressão de ter de falar sobre aquilo, naquele momento.

- Não tens de me contar nada Julian, outro dia falamos, se quiseres… - Disse-lhe, confortando-o com um abraço.

- Obrigado, realmente não tenho cabeça para ir por ai agora. Gostava que me contasses o que aconteceu, detalhadamente. – Pediu.

Levantei-me do sofá e comecei a deambular pela sala enquanto falava:

- Sai do bar, e a caminho de casa encontrei o Ash com os daemons e corri para o ajudar. Até não estava a correr mal para nós, mas ele distraiu-se e foi o suficiente para o apanharem. A espada que o golpeou era feita de luz, uma luz branca, muito brilhante. Nunca tinha visto uma coisa assim. – Disse, quase sussurrando com receio que me ouvissem. 

- Uma espada, feita de luz… Sei tanto sobre isso como tu. Só sei que foi capaz de deitar o Ash abaixo, coisa que antes nunca tinha acontecido, nem arma ou inimigo alguma vez tiveram sucesso.

- Julian, e se… - As palavras fugiram-me.

Ele olhou muito sério para mim, esperando que eu fosse confirmar o que ele próprio já havia pensado:

- E se essa arma foi construída com esse mesmo propósito? Construída para acabar com o Ash… - Disse eu a medo.

O Julian desviou o olhar, passou a mão pelo cabelo em sinal de preocupação e disse:

- Tinha acabado de pensar exactamente a mesma coisa. – Concordou.

- É uma possibilidade, certo? Ou imagina que essa arma já existia e nunca se lembraram de a usar e agora descobriram o que podia fazer. – Continuei com as minhas teorias.

- Certo. Eu pelo menos nunca ouvi falar de tal arma. – Respondeu, admitindo a custo que eu tinha razão.

Esperaram um bom bocado, e finalmente o Talon e o Kyrian acabaram por descer.

- Como é que ele está? – Perguntei ansiosa.

- Ele vai ficar bem, não se preocupem. – Respondeu o Talon.

Mais aliviada sentei-me de novo no sofá e o Julian fechou os olhos e abanou a cabeça. O Ash quase lhe fez ter um ataque de coração.

- Bem, eu acho que vou para casa, mas antes posso ir ver o Ash? – Perguntei.

- Claro, ele está lá em cima no quarto de hóspedes. – Respondeu o Kyrian.

- Eu vou contar-lhes o que se passou. – Disse-me o Julian.

- Está bem, volto já. – Respondi.

Subi as escadas, segui pelo corredor e estaquei em frente da porta á minha direita. Já conhecia bem esta casa, tão bem como a minha própria casa. 

Eu queria ver se ele estava bem, mas tinha um certo receio de ver que o seu estado era pior do que havia imaginado. Rodei o manípulo e abri a porta. Dei com o Ash deitado na cama, como se estivesse simplesmente a descansar. Tinha uma grande parte do tronco coberto com ligaduras. Realmente parecia pior do que o que havia pensado. De certa forma dei por mim a recordar a forma como o Julian falava do Ash, como se fosse indestrutível, imortal e agora estava deitado numa cama, ferido.

Ao menos parecia bem, o que quer que fosse que o Talon tinha feito, tinha resultado. Apesar de ter ido ver se ele estava bem, não podia fingir que era cega e não ver o pedaço de homem que se encontrava deitado naquela cama. Nunca tinha visto homem mais belo. Ele tinha os seus músculos bem definidos, desenhados quase que artisticamente. Tinha uma tatuagem em forma de dragão que subia desde a sua cintura, ido por trás e passar por cima do ombro, parecia que a criatura tinha vida própria, era linda. 

A sua pele era dourada, ligeiramente morena. Apesar de estar deitado, ela sabia que ele era alto. Como era possível existir um homem assim, tão fisicamente perfeito? Aproximei-me da cama e fiz-lhe uma carícia na cara.

- Espero que fiques bom depressa Ash. – Sussurrei preocupada.

3 comentários:

  1. Excelente :). Estou a adorar esta história também. Beijinhos :)

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    1. Obrigada Sandra, pelo apoio e por continuares a acompanhar as minhas escritas. Beijinhos =)

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  2. Uma surpresa a cada capítulo. Demorei para voltar a leitura, mas aqui estou.
    Parabéns. Estou atualizando a leitura.
    Um abraço e tudo de bom.

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