Depois da mais romântica demonstração de amor que havia assistido em toda a minha curta vida, desci do palco, fui juntar-me aos meus amigos, felicitei os recentes noivos e desejei feliz aniversário ao Julian.
A minha relação com ele era diferente, especial, ao contrário de todas as outras mulheres á sua volta, eu nunca me senti minimamente atraída por ele. Desde que nos conhecemos que o Julian se tinha tornado no irmão mais velho que eu nunca tive.
- Fico tão contente por vocês… - Disse emocionada, agarrando a Grace e o Julian num único abraço.
- Afinal fomos os dois surpreendidos. – Disse a Grace.
- É verdade, tinha contado o que tinha em mente á Eva, mas ela não me contou o que tinhas planeado para mim. – Riu o Julian.
- Claro que não, mas foi muito divertido ver-vos planear as surpresas um do outro. – Admiti com um sorriso travesso.
- E claro, fazer com que não descobrissem também foi divertido. – Argumentou a Mira.
Entretanto peguei no pequeno saco que trouxe comigo e entreguei-o a Julian:
- Parabéns Julian. – Disse beijando-o ternamente na face.
- Mas será que todos os anos tenho de repetir que não preciso de prendas? – Tentou discutir, ainda que amavelmente.
- Podes repetir, mas não vai valer de nada. – Disse a Mira.
- Vai entrar por um ouvido e sair pelo outro. – Acrescentou a Grace.
- Pois vai, sabes bem que adoro dar prendas. – Argumentei.
Ele pegou no saco, um pouco contrariado, pegou na caixa e desembrulhou-a. Tirou a tampa para cheirar:
- Hum…cheira bem, obrigado. – Agradeceu, voltando a apreciar o belo cheiro do seu novo perfume.
- É para estares sempre cheiroso para a tua Grace…- Brinquei.
- Isso é bom, gosto de um homem perfumado, se bem que o teu cheiro masculino é delicioso… - Provocou ela, apertando-o num abraço provocador.
- Nós não precisamos de saber isso. – Protestou a Miranna na brincadeira.
Deixando o perfume de lado, entregando-o a Grace para o guardar na sua mala, e de seguida mudando de assunto, o Julian diz:
- Já que estamos todos cá hoje, gostava de vos apresentar uns grandes amigos meus. – Disse para mim e para a Mira.
A Grace ficou a conversar com um conhecido, enquanto nós os três nos dirigimos para o fundo do bar, subindo um lance de escadas, havia umas mesas mais recatadas, e ai se encontrava um grupo de homens, era quatro no total. Assim que nos aproximámos o Julian anunciou:
- Rapazes, acho que chegou o momento ideal para vos apresentar as minhas grandes amigas, a Miranna e a Eva.
A Miranna e eu olhámos para o grupo e depois olhámos uma para a outra. Á excepção de uma pessoa, reconhecemos as outras três inesquecíveis caras.
- Então…olá de novo. – Cumprimentei.
- Eva? Então é esse o teu nome! – Disse o Nick.
- Esperem lá, mas vocês já se conhecem? – Perguntou o Julian admirado.
- Eles foram ao meu café o outro dia. – Esclareceu a Mira.
- Hum, está bem, então este aqui é o Nick. – Disse apontando para o jovem desbocado.
- És mesmo Nick… - Confirmou a Mira.
- Claro que sou, eu digo sempre o meu nome, seja para o engate ou não, gosto que saibam quem sou – Disse ele na maior das naturalidades.
- Continuando, este é o Kyrian. – Apontou para o loiro do sumo de laranja.
- Muito prazer conhecer-vos oficialmente - Respondeu ele, com um sorriso que seria capaz de derreter um glaciar em apenas alguns segundos.
- Este é o Talon – Disse, apontando para o único do grupo que não conhecíamos.
- Prazer… Julian, esqueceste-te de dizer que tinhas umas amigas tão simpáticas e bonitas! – Brincou ele com um ar provocador.
Era igual e irrealisticamente bonito como todos os homens presentes naquela mesa.
- Comporta-te Talon, por último, este é o Acheron, Ash para os amigos. – Disse finalmente, para acabar com a minha curiosidade.
- Olá novamente – Respondeu ele.
- Olá. – Disse eu em piloto automático.
Oh a sua voz era o paraíso, eu achava-o extremamente atractivo, tinha uma estranha aura de sensualidade poderosíssima. Todos eles, á excepção do Nick, tinham uma aura assim, sobreposta por uma aura ameaçadora, conseguia sentir isso muito bem.
- E como é que vocês os dois se conheceram? – Perguntou o Kyrian a Julian.
- Somos amigas da Grace. – Respondeu a Mira.
- Desde…há muito tempo, desde que ela se mudou para a nossa escola quando tinha doze anos, acho eu. – Completei. – Conhecemos o Julian algum tempo depois dele e a Grace começarem a namorar. Ela fez muito mistério á volta da relação.
- Com um homem como este eu também não o queria mostrar muito, as mulheres comem-no com os olhos sempre que sai á rua. – Confirmou a Mira.
Todos os presentes ali não tiveram outro remédio a não ser desatar a rir com aquela afirmação, e da forma tão natural que ela dizia aquelas coisas, fazia parecer o Nick. Entretanto, já estavam familiarizados uns com os outros, a Mira estava sentada ao lado do Nick e estavam a dar-se “às mil maravilhas”, para quem havia acabado de se conhecer.
Momentos depois, o Nick convidou a Miranna para dançar, mas antes de se afastar o instinto protector falou mais alto e agarrei-o pelo braço, avisando-o amigavelmente:
- Trata-a bem Nick… - Avisei.
- Claro que sim… tens um pulso forte para uma rapariga! – Respondeu um pouco surpreendido.
- Vou fingir que não disseste isso… - Disse divertida para não levantar suspeitas.
Claramente ele não fazia a mínima ideia do que eu era capaz, nem ele nem ninguém ali sentado, á excepção do Julian e da Mira, mas mesmo assim, nem eles faziam ideia da extensão do meu poder. Eu tinha aquele lado protector das pessoas importantes para mim, e fazia todos os possíveis para evitar que algo de mal lhes acontecesse.
Tentei ser discreta, mas não consegui, o Ash olhava atentamente na minha direcção, não que tivesse feito algo de mais, ou demonstrado algo de anormal, mas sim pela atitude. Eu era cuidadosa o suficiente para não me descuidar, já tinha alguns anos de prática. No entanto, havia encontrado uma pessoa com o olho bem treinado, e daqui em diante teria de ter cautela. Afinal não dominava assim tão bem a técnica de passar despercebida.
Ele era muito observador e estava sempre muito atento a tudo e a todos em seu redor, captava até o mais ínfimo pormenor sem ninguém reparar, isso já tinha percebido. Ele era impossível de decifrar, era um pouco assustador.
Toda a gente naquela mesa estava animada e com uma vontade súbita de dançar. Depois do Nick e da Mira, foi a vez do Julian e da Grace se lançarem á pista. Levantei-me, fui até ao bar buscar outra bebida quando fui surpreendida pelo Talon.
Ele apareceu com um simples sorriso e sentou-se a meu lado ao balcão. Ele era muito charmoso e atraente, sem dúvida, e tinha uma lábia que poucos ou raros podiam dizer possuir. Pude perceber o seu interesse pela forma como se sentou bem perto de mim, e soube aproveitar-se disso para fazer conversa sussurrando ao ouvido, bem ao estilo de conquistador.
- Tu realmente atrais muita atenção… - Observou.
- Porque dizes isso? - Não que não soubesse, mas resolvi perguntar na mesma.
- Porque a grande maioria dos machos deste bar te têm debaixo de olho… - Esclareceu ele.
- Sinceramente tento não ligar a isso, não costumo andar a enaltecer o meu físico por ai! – Respondi.
- Bem, para ser igualmente sincero, devias, uma beleza como a tua é rara de encontrar, até eu estou fascinado! – Admitiu sem vergonha.
- Tu és realmente um grande mulherengo, sabes as falas todas…O Nick deve ter aprendido contigo. – Disse-lhe na cara.
- Estou a falar a sério, não estou a dar uma de engatatão. É normal que não acredites, é o que ganho por ser assim, às vezes não me levam a sério quando tento falar a verdade. – Disse, desta vez falando mesmo a sério, consegui perceber que sim.
- Pronto, vou tomar em consideração os teus elogios, obrigado Talon - Brinquei, acabando por ceder e baixando a guarda. – Também não podes falar muito. Quer dizer, tu e os teus amigos…toda aquela mesa, não é normal.
- Porquê? – Perguntou intrigado com a minha observação.
- Bem, nunca vi tantos homens assim. Tanta perfeição junta não é normal. Não consigo dizer qual de vocês é o mais feio. – Admiti ainda que brincando com o assunto.
- Quanto a isso, não sei realmente o que te dizer… - Não sabia o que havia de me responder, mas já tinha percebido que eu era muito astuta, e percebeu que eu sabia que aquele grupo tinha muita coisa a esconder.
- Compreendo, mesmo que soubesses…não poderias contar-me certo? Todos nós temos segredos – Afirmei segura do que dizia.
Ele olhou-me curioso e surpreendido pela minha perspicácia.
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