domingo, 29 de junho de 2014

Um Sonho Ou Realidade - Cap 45

Fiquei tão assustada com a terrível ideia de que podia ter sido iludida novamente, que um pânico imenso tomou conta de mim. Virei-me de forma tão brusca e repentinamente na cama que acabei por acordá-lo, mas assim que o vi a meu lado descansei. Senti um grande alívio.


- O que se passa? – Perguntou preocupado e ensonado.

- Pensei que…

- Não foi um sonho, estou aqui – Interrompeu ele, assegurando-me.

- Tive muitos sonhos do género enquanto não estavas, e acordava sempre desiludida.

Aninhei-me a si e ele abraçou-me com força, senti a sua pele na minha, sabia tão bem. Ele tossiu para clarear a garganta, mas eu soube que se sentia embaraçado:

- O que foi James? – Perguntei.

- Nada. – Disse timidamente, corando.

Eu percebi o que se estava a passar. Ele estava excitado novamente. Sorri-lhe, rolei para cima dele, beijei-o carinhosamente e deixei que me tomasse novamente. O desejo e a paixão que nos unia era infinita, nunca se iria extinguir, ele era a única pessoa de quem eu necessitava para viver, e era um sentimento mútuo.

No entanto, agora que James tinha regressado dos mortos, por assim dizer, ainda havia algo que eu tinha de fazer, algo que tive receio que viesse destruir aquela felicidade toda. Depois da passarmos a manhã inteira na cama, nos braços um do outro, decidi que era tempo de falar com ele acerca da carta que Lord Hastings havia deixado.

- James…

- Sim?

- Tenho algo importante para te mostrar. 

- O que é?

- É uma carta do teu pai. Ele deixou-a comigo antes de partirem para a guerra, ele queria que eu te entregasse quando regressasses, caso ele não sobrevivesse.

- Agora estás a deixar-me nervoso, e não no bom sentido.

Abri a gaveta da mesa-de-cabeceira, peguei na carta e entreguei-a. Não fazia ideia de qual seria a sua reacção ao descobrir o segredo que o seu pai se havia esforçado tanto para esconder. Não sabia o que Lord Hastings havia escrito a James, mas quando ele acabou de ler era como se tivesses perdido a voz e ao mesmo tempo o raciocino, estava confuso.

- Sempre pensei que a minha mãe fosse uma aldeã que vivesse perto da capital.

- Aparentemente não, ela á da realeza e tu também. – Tentei fazê-lo rir.

- Porque decidiu ele revelar isto agora?

- Porque encontrei uma carta num dos seus livros e confrontei-o. Ele contou-me tudo e pediu-me tempo, queria ser ele a dizer-te. Mas infelizmente esse tempo não lhe foi concedido. – Disse tristemente.

- Ele podia ter-me dito antes de partirmos para a guerra. - Insistiu James.

- Isso teria sido uma grande distracção para ti. O teu pai não queria que arriscasses a tua vida no campo de batalha por causa de uma distracção. – Expliquei.

- Isto não é apenas uma distracção, é a minha vida. – Respondeu ligeiramente revoltado, fitando a carta.

- Eu sei, acredita que sei. Mas o importante é que ele conseguiu que o seu desejo fosse cumprido e ele encontrou paz. Tudo o que ele fez foi com a intenção de te proteger.

- Desculpa, não queria ser rude. – Disse, beijando-me na testa. – Mas tens razão, e por muito que queira desprezá-lo por me ter escondido isto este tempo todo, não consigo, ele é o meu pai e eu amo-o, só tenho pena que não esteja mais entre nós.

- Mas ele está James, vai estar sempre a olhar por nós. – Disse, tentando confortá-lo.

- Então acho que vou escrever á minha mãe e talvez faça uma visitar, depois de saber a sua resposta á minha carta. – Afirmou confiante.

Casámos, tivemos uma cerimónia simples, era o que nós queríamos, apesar de termos tido bastantes convidados e a população da cidade a assistir. Depois de tudo o que tínhamos passado, merecíamos ser felizes. 

E algumas coisas estavam prestes a mudar. A Beth e o Richard deixaram Stormhold e ele assumiu a posição do meu pai em Bruma, descobriram pouco depois com a maior das alegrias que iam ser pais, e as saudades eram tantas que vinham de duas em duas semanas fazer uma visita. E eu e James ficamos com Lady Catherine e as crianças em Stormhold.

Ele tinha decidido partilhar com a família o segredo sobre a sua mãe, mesmo com receio que Lady Catherine ficasse magoada mas ela acabou por aceitar bem a novidade. James e eu visitávamos Lady Alara frequentemente. A Princesa era agora viúva e como só havia tido uma filha, mais nova que James, ele era o seu herdeiro. Ele havia também deixado de ser bastardo, Richard havia tornado o irmão num Hastings e Lord de Stormhold.

Passado cerca de um mês e pouco após o regresso de James, uma manhã descemos para o pequeno-almoço e assim que me sentei e senti o cheiro de carne fumada, o meu estômago começou ás voltas:

- Acho que vou dispensar o pequeno-almoço… - Disse, fazendo cara feia.

- Porquê? – Perguntou o James. – Não tens fome?

- Tinha, mas já não tenho. Sinto-me mal disposta, não consigo suportar o cheiro da carne.

- Será que comeste algo que te fez mal ontem? - Perguntou ele.

- Não sei.

Olhei para a Beth, que estava de visita, e depois para a Lady Catherine, e notei que partilhavam sorrisos:

- O que foi? – Perguntei intrigada.

- Há quanto tempo não tens a menstruação? – Perguntou Lady Catherine.

- O quê? Não sei, não me lembro, mas pensando bem, acho que está atrasada… - Disse assustada.

- Não comeste algo que te fizesse mal, muito pelo contrário! – Disse Beth em tom de gozo.

- O quê?

- O que ela quer dizer, é que estás gravida minha querida! – Confirma Lady Catherine com a maior das calmas.

- Grávida…

Olhei para o James e vi os seus olhos brilharem de orgulho. Abraçou-me, deu-me um beijo apaixonado:

- Vamos ser pais…estou orgulhoso de ti.

- Parece que sim. – Respondi, com as lágrimas nos olhos.

- Estás a chorar. – Diz assustado segurando na minha mão.

- De felicidade. Tu fazes-me feliz!

- Porque te amo Belle.

Sentia-me abençoada, as coisas tinham corrido mal durante tanto tempo e agora tinham-se revelado tão perfeitas que por vezes pareciam ter um toque de irreal. E foi assim que de repente o maldito do meu despertador tocou, fazendo-me despertar.

2 comentários: