quarta-feira, 18 de junho de 2014

Um Sonho Ou Realidade - Cap 43

Por vezes chegava a um ponto em que realmente não sabia se estava a sonhar ou se estava acordada, e perguntei-me se não seria um sinal de que a minha sanidade mental estava finalmente em decadência. Ao fechar a porta, encontrei o Shadow especado atrás de mim, olhando, como se visse algo que eu não conseguia ver, o que me assustou ainda mais. 




Decidi voltar ao salão, mas á medida que me aproximava percebi que não havia música a tocar, estava tudo silencioso. O meu coração disparou, assim como a minha imaginação, pensei logo que algo de errado, algo de grave tinha acontecido. Fiquei á porta, antes de entrar, a ver se ouvia algum barulho do outro lado, mas não ouvia nada.

Entrei de mansinho, e aparentemente estava tudo normal, as pessoas estavam bem, mas de facto, algo havia acontecido, a música tinha parado e estavam todos com cara de espanto. Procurei a Beth e encontrei ao fundo da sala com o resto da família. Eles fitavam alguém, com um ar de choque. Não consegui ver através da multidão, Beth encontrou o meu olhar e eu continuava sem perceber o que se passava e o Shadow passou por mim a correr naquela direcção abrindo caminho pela multidão:

- Shadow… - Chamei, para ele voltar mas fui completamente ignorada.

Á medida que o Shadow abria caminha por entre os convidados, fiquei na expectativa á espera. Todos se desviaram do seu caminho e no fim da linha vi alguém, de costas, apoiado num joelho, tinha um manto escuro e um capuz. Fiquei confusa com o olhar que a Beth me lançou, no entanto lembrei-me que não era a primeira vez que via aquela figura. Entretanto a pessoa dirigiu-se a Richard com respeito na sua voz e quando falou baixou o capuz:

- Meu Lord…

Conheci aquela voz de imediato, reconheceria aquela voz nos cantos mais remotos do mundo, e lembrava-me tão bem dela. 

- Irmão… Não posso acreditar. – Disse Richard em choque.

Então a Lady Catherine do nada, também o abraçou e desatou a chorar, até a Beth e as crianças foram na sua direcção com a intenção de o abraçar, mas eu não me mexi, não consegui reagir a nada. O Richard viu-me:

- Belle…

O James reagiu ao meu nome e voltou-se. Aquele olhar era exactamente como eu me lembrava, queimava até às profundezas do meu ser. Seria real? Seria um sonho? Ultimamente já não conseguia distinguir. Estava com medo que fosse mais um dos sonhos que me atormentavam desde que James havia partido. Só eu sabia a dor imensa que era acordar para não o ter junto a mim, por isso não acreditei naquele truque.

Ele vinha na minha direcção com aquele andar que eu recordava, calmo, confiante e sedutor, mas antes de chegar perto de mim, eu recuei desconfiada e com receio.

- Tu não és real, tu não estás aqui, eu estou apenas a sonhar. Não vou deixar que estes malditos sonhos controlem a minha vida. – Disse furiosa, saindo do salão a correr.

- Belle… - Disse James surpreso e confuso pela minha reacção.

- Ela não tem estado muito bem James, tem paciência. Ela pensou ter-te perdido, todos nós pensámos. – Pediu Richard.

- Obrigado Richard por teres olhado por ela.

Ele compreendeu as palavras do irmão e imediatamente percebeu o quanto Belle havia sofrido, ele sabia demasiado bem, tinha sofrido exactamente da mesma forma por ter sido obrigado a ficar longe dela. James sabia que Belle pensava que ele tinha morrido, ele próprio pensou que ia morrer e tinha pouca vontade de viver ao pensar que ia passar o resto da sua vida naquele campo de prisioneiros. Mas encontrou forças que o impediram de desistir e o levaram a lutar pela sua liberdade, para voltar para casa, para a sua família, para a mulher que amava.

Houve momentos em que a frustração se apoderava de si e perguntava-se a si mesmo por que motivo tinham poupado a sua vida, se era para o manter prisioneiro eternamente naquele sitio horrível, mais valia ter acabado com ele logo. Mas depois tinha momentos de clareza, onde a esperança e a vontade de lutar ganhavam força, e foi num desses momentos que começou a planear a sua fuga, juntamente com mais três companheiros.

Entrei no quarto e tranquei a porta. Deambulei de um lado para o outro a passos largos, esperava acordar do maldito pesadelo a qualquer momento, estava a ficar desesperada. Uns minutos mais tarde, bateram á porta.

- Deixem-me em paz. – Pedi.

- Sou eu Belle… - Disse James calmamente do outro lado da porta.

- Porque me fazes isto? Porque me tormentas assim? Não é suficiente ter-te pedido, porque me vens atormentar também em sonhos?

- Não estás a sonhar Belle, deixa-me entrar, deixa-me mostrar-te. – Pediu.

Senti-me tão tentada a abrir a porta, ele parecia tão real, mas eu tinha noção que podia ser tudo propositado para me enganar. Mas e se desta vez fosse verdade? E se ele estivesse mesmo ali? Demorei algum tempo a render-me ao desespero de ver James novamente e desisti de lutar. Destranquei a porta e afastei-me para longe.

Ele entrou calmamente, fechou a porta atrás de si e deixou-se ficar no mesmo sítio para que eu pudesse observar e tirar as minhas conclusões.

- Olá. – Diz ele, tentando estabelecer a comunicação entre nós.

- Olá. – Respondi desconfiada.

- Porque razão tens tanto medo? – Perguntou tristemente. – Voltei mesmo.

- Tenho medo porque desde que partiste, desde que soube do teu desaparecimento que sonho com o teu regresso, e parece ser tão real que me deixo levar pelo desespero de te ter de volta, mas depois acordo sempre para me encontrar sozinha, sem ti. – Respondi com lágrimas nos olhos.

- Alguma vez pensaste que esses sonhos podiam ser um sinal?

- Um sinal? Sinal de quê?

- Sonhar com o meu regresso, podia ser um sinal de que eu iria eventualmente regressar. – Argumentou sorrindo.

- Não pensei dessa forma, tudo me levou a crer na tua morte. Eu tive esperança, mas quando o teu irmão regressou sem ti, não restou nenhuma e a que restou diminuiu rapidamente de dia para dia. – Admiti.

- Mas agora é real, estou aqui, voltei por ti. Não fazes ideia do perto que tive de desistir, mas tu e a possibilidade de voltar para ti fez-me lutar. – Insistiu, dando alguns passos na minha direcção.

- Juras que és mesmo tu? Que não vou acordar e encontrar-me sozinha novamente? – Perguntei a medo. – De uma coisa tenho a certeza, normalmente nos sonhos não costumas falar e muito menos argumentar, simplesmente apareces e eu acordo. – Disse, tentando ser engraçada, sem intenção.

- Sou eu mesmo, aqui em frente a ti, de carne e osso. Prometo nunca mais deixar-te. Por favor Belle acredita. – Assegurou ele, mais aliviado.

O meu nome nos seus lábios nunca me soou tão bem. Aproximei-me a medo. Pousei a minha mão sobre o seu peito e o bater do seu coração e a sua respiração lavaram as minhas dúvidas. Quando o abracei, o calor do seu corpo, e o seu perfume asseguraram-me que ele era real. Não me contive, abracei-o como se não houvesse amanhã, como se ele pudesse ser arrancado dos meus braços a qualquer momento, coisa que não iria permitir, e chorei, chorei como nunca havia chorado antes, pelo menos de felicidade.

2 comentários:

  1. Muito bom!!! :D Finalmente o tão desejado reencontro kkkkk
    Parabéns Joana, esta tua história está formidável e bastante cativante. Descreves tão bem os cenários, situações e sentimentos envolvidos que ao lermos é como se estivessemos a assistir ao vivo e a cores :)
    Fico a aguardar o próximo. Beijinhos :)

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    1. Oi Sandra, muito obrigada, não imaginas como é bom chegar aqui e ver a tua opinião e saber que estás a gostar de ler o que escrevo. Não deixes de acompanhar porque a história está perto do fim. Beijinhos =)

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