quarta-feira, 14 de maio de 2014

Um Sonho Ou Realidade - Cap 40

Acordei antes do nascer do sol, passei pela cozinha, era demasiado cedo para o pequeno-almoço, arranjei algo para comer e fui ter aos estábulos. Assim, que cheguei, vi o Thomas e a Emily á minha espera.


- O que estão a fazer aqui? Deviam estar a dormir.

- Podemos ir contigo? – Perguntou o Thomas.


- Não Thomas, é uma viagem longa, perigosa e eu safo-me melhor sozinha.

- Tens mesmo de ir? – Insistiu Thomas.

- Vais voltar? – Perguntou a Emily.

Aquela angústia, aqueles olhares receosos e a minha preocupação pelo seu bem-estar, mostrou-me quão importantes estas duas crianças se tinham tornado para mim. Como podia eu dizer que não, adorava-os como se fossem do meu sangue, o pensamento de os deixar e não voltar mais a Stormhold dilacerou-me o coração:

- Sim, volto, não se preocupem. Vou só visitar a minha família, já tenho saudades.

- Prometes? Vamos ficar á espera.

- Eu sei.

Beijei cada um deles na testa, abracei-os e depois montei o cavalo e parti. Levei três dias a chegar a Bruma, e aquela viagem fez-me recordar a ultima vez que tinha tentado deixar Stormhold, encontrei o James e acabei por voltar na mesma. Bem, desta vez ia ser diferente, não o ia encontrar perdido no meio da floresta. 

Cheguei a Bruma para ser recebida pelos meus pais e pela minha irmã mais nova, que tinham imensas saudades minhas. Enquanto lá estive tiveram o cuidado de falar o menos possível sobre o James, nem perguntei nada ao meu pai, que tinha sido das últimas pessoas a vê-lo.

Era bom estar de volta a casa, tinha imensas saudades da traquinas da minha irmã, de ajudar a minha mãe com os afazeres de casa e passar longos serões a treinar e a conversar com o meu pai. Todas as noites que lá fiquei, a Marianne veio dormir comigo, ela também tinha passado um mau bocado, ela e a minha mãe, enquanto o meu pai esteve fora.

Uma semana passou depressa, num piscar de olhos. Numa manhã, enquanto estávamos á mesa, a minha mãe lembrou-se de perguntar:

- O que pensas fazer agora Belle?

- Relativamente a quê?

- Se ficas aqui em Bruma, ou se voltas para Stormhold? Já não tens nenhum motivo para ficar a viver lá.

Aquelas palavras foram como um estalo bem dado na minha cara. Eu sabia que agora não tinha lá nenhum compromisso que me fizesse ficar, mas mesmo assim, era difícil para mim, separar-me assim de todo o que havia planeado para o meu futuro em Stormhold. Tinha lá pessoas importantes para mim, e gostava de lá estar.

- Não sei mãe. – Respondi friamente.

- Desculpa se estou a ser direta, mas não devias perder tempo com o passado, devias tentar seguir em frente com a tua vida. Se voltares para Stormhold vai ser doloroso para ti.

- E o que propões que faça?

- Que fiques aqui, com a tua família, vamos estar sempre do teu lado, e tenho a certeza que daqui a nada vais encontrar alguém, com quem estejas disposta a casar!

- Desculpa se te vou desiludir, desculpem todos, mas eu não vou voltar a comprometer-me com ninguém.

- Porquê? És jovem, inteligente, bonita. É um desperdício se ficares presa ao passado filha. – Insistiu ela.

- Porque perdi a única pessoa que alguma vez amei, e se não a posso ter, não quero mais ninguém, quer vocês aceitem ou não.

Levantei-me e sai do salão. A minha mãe não tinha o direito de me fazer tal conversa. Eu não estava pronta, nunca iria estar pronta. Fiquei mais uma semana e durante a minha estadia recebemos a visita do Andrew e do seu pai. Fiquei surpresa e até pensei que a minha mãe estivesse envolvida nisso. Quando chegaram apenas os cumprimentei, não fiquei no salão para saber o motivo da visita. Fui para o átrio com a Marianne, ensiná-la a usar o arco. Estávamos lá quando fomos interrompidas pelo Andrew que resolveu vir meter conversa:

- Ela está a ir muito bem. – Disse ele

- Claro que está.

- Com uma professora como tu, não tem como falhar. – Elogiou-me.

- O que estás a fazer aqui? – Perguntei desconfiada.

- O meu pai veio ver o teu, e eu vim ver como estás.

- Bem, como podes ver, estou perfeitamente bem.

- Estou a ver. – Confirmou.

Aproximou-se de mim e disse, mais simpático que o costume:

- Lamento o que aconteceu ao James!

- Lamentas?

- Sim, lamento.

- Não lamentas não, tu não gostavas dele Andrew, ou da ideia de me casar com ele. – Acusei-o.

- Não gostava da ideia, mas eu não posso mudar a vontade das pessoas, se gostavas dele, era com ele que devias casar. De que me servia ter-te se não era em mim que pensavas? – Disse ele honestamente.

- Porque estás a ser assim, tão estranhamente simpático? – Perguntei cada vez mais desconfiada.

- Talvez não conheças este meu lado.

- Tens razão, não conheço.

- Há muitas coisas que não sabes a meu respeito. Sei que consigo ser insuportável às vezes, na maioria das vezes, mas não sou sempre assim.

- Lamento, mas não conheço nenhum lado teu diferente de todos os que já vi.

- Se me deixares ser teu amigo, ao menos, pode ser que venhas a descobrir.

Não disse mais nada, afastou-se e desapareceu. Não cheguei a perceber o que ele realmente queria de mim, ou qual foi o motivo da visita. Nem ficaram para jantar, foram logo embora antes de anoitecer. Depois de jantar, fui ver o meu pai á sua sala privada:

- O que queriam eles?

- Simplesmente visitar-me, se bem que o Lord Blackwell disse que tinha sido o Andrew que insistira em vir.

- Como sabia que eu estava cá? – Perguntei.

- Há muitas maneiras de se saber.

- Bem, não me interessa, ele estava estranho, não era o mesmo Andrew.

- A guerra pode mudar um homem Belle, não te esqueças que ele também lá esteve.

Era verdade, não me tinha lembrado disso. Pensava em todos os meus entes querido que tinha ido para a guerra, mas não me lembrei que o Andrew e o seu pai também tinham ido juntamente com os meus. Mas mudar o seu terrível feitio? Será que o meu pai tinha razão, ou era simplesmente uma fachada? De qualquer das maneiras, não queria dar importância a isso.

As duas semanas tinham passado rápido, a mudança de ares tinha-me feito bem, mas estava na hora de voltar para Stormhold. Como sentia saudades daquele sítio. Na noite anterior á minha partida, o Andrew tinha enviado um corvo a perguntar se eu não queria que me escoltasse a Stormhold. Eu agradeci e disse que conseguia fazer a viagem sozinha. 

Parti antes do sol nascer e demorei igualmente três dias a chegar. Fui tão bem recebida. As crianças correram para mim, a Lady Catherine disse que tinha sentido a minha falta. A minha irmã tinha algo para me contar e o Richard parecia estar feliz.

2 comentários:

  1. Ai ai ai ai.... agora esse Andrew a meter-se no meio... na na na, nao pode ser :) o final ideal para esta história magnifica é o James voltar para a Belle :) e o Andrew sempre tem a hipotese de se casar com o cavalo lolol.... A historia esta muito boa Joana. Estás de parabens xD Beijinhos

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    1. kkkkk Não posso revelar o que vai acontecer Sandra, vais ter de aguardar muito pacientemente =P Obrigada por acompanhares e pelo apoio =) Beijos

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