quarta-feira, 9 de abril de 2014

Um Sonho Ou Realidade - Cap 34

Instintivamente, eu e James corremos para apanhar as nossas armas e fomos na direcção de Lord Hastings e Richard, para unificar a defesa. Ia correndo logo atrás de James, mas num instante de azar, escorreguei na lama e no segundo seguinte, quando me levantei já não consegui vê-lo. A floresta estava escura, a chuva tinha extinguido as fogueiras, estava enlameada, mal conseguia distinguir uma árvore de uma pessoa, se não fosse pela altura da árvore.



Tentei manter-me no caminho, seguindo o ruído do bramir das espadas, acabei por lá chegar minutos depois. James, Richard, Lord Hastings e os restantes lutavam em diversas frentes. Aparentemente James não tinha dado pela minha falta, e ainda bem, a minha pequena queda tinha sido embaraçosa, não queria que me julgassem fraca ou desastrada. Em vez de me unir a eles, tentei acabar com os inimigos que iam na sua direcção, eles já tinham com que se ocupar, como era mais pequena, fiquei atrás de uma árvore escondida, os inimigos que passavam por mim nem tinham oportunidade de prever o meu ataque.

Momentos antes, James estava junto ao pai e ao irmão, mas numa questão de segundos deixou a segurança da sua defesa para ajudar o pai. Lord Hastings tinha sido propositadamente atraído para fora do grupo, e James foi trás para o proteger. 

Depois de assegurar a segurança do seu pai, foi impossibilitado de regressar ao grupo. Ele enfrentava dois oponentes que o continuavam a afastar do acampamento. Assim, deixei o meu posto e muito discretamente, segui-os. Ainda que a escuridão não estivesse a ajudar em nada, consegui perceber que James tinha já acabado com um dos seus oponentes, o que me deixou mais aliviada. No entanto deixei do os ver, ou ouvir. Só ouvia a chuva a cair na lama, nas plantas. 

Andei em silêncio por ali mais alguns minutos, e agora estava a ficar preocupada com James. Encontrei uma reentrância numa parede de rocha, podia passar por uma pequena caverna e decidi abrigar-me ali. Aproximei-me devagar e quando olhei para trás, para verificar que não estava a ser seguida, alguém dentro daquela pequena e escura gruta me agarrou e puxou para dentro, mas antes que eu pudesse começar a gritar, a minha boca foi coberta por uma mão e ouvi uma familiar voz sussurrar ao meu ouvido, deixando-me mais calma.

- Sou eu, não faças barulho, estás a ser seguida, ainda bem que o trouxeste até mim. – Disse ele baixinho.

E estava mesmo mas não me tinha apercebido. Quando o rebelde se aproximou da gruta, para averiguar se tinha alguém dentro, o James saindo do escuro, trespassou-o com a sua espada. Agora estávamos em segurança, no entanto chovia muito, era de noite, não tínhamos como achar o caminho de volta para o acampamento. Ele vasculhou o interior da gruta e encontrou alguma madeira, o suficiente para fazer uma fogueira que nos mantivesse quente durante algum tempo.

James estava inquieto e ainda não tinha dito uma palavra.

- Estás bem? – Perguntei.

Depois de alguns segundos debatendo-se ele responde angustiado.

- O que te passou pela cabeça para me seguires?

- Como podia não o fazer? Eles estavam a tentar afastar-te de nós, como tentaram fazer ao teu pai. Tinha de fazer alguma coisa, tentar ajudar, sei lá.

- Ah Belle, a minha morte vai ser a preocupação que me causas.

- Desculpa. Eu também estava preocupada. – Tentei desculpar-me, embora não me arrependesse de o ter seguido.

Estávamos sentados, lado a lado em frente da fogueira quando ele voltou a falar, e já tinha passado algum tempo desde a última troca de palavras.

- Vamos esperar até de manhã para voltar ao acampamento, teremos de dormir aqui.

- Vou procurar uns galhos por aqui, para nos deitarmos.

- Deixa, eu vou. – Insistiu.

- Não, eu vou, não vou magoar-me procurando uns galhos… - Respondi irritada.

- Belle…

Não respondi mais, fui fazer o que tinha a fazer e ele ficou sentado junto da fogueira. Encontrei umas folhas grande e galhos para tentar fazer uma cama minimamente confortável. Quando acabei, estava mais confortável que o chão da gruta, ao menos isso. Deite-me de costas viradas para ele, que se deitou a meu lado.

Não estava a conseguir dormir, e podia sentir que também ele estava deitado ali, mas estava acordado. Fitava as chamas quando James falou.

- Desculpa.

- Não tens de pedir desculpa James, eu sei que estavas preocupado com a minha segurança.

- E estava, mas também não tenho o direito de me chatear quando tu estás preocupada com a minha. É disso que se trata.

- Não creio que seja uma coisa má.

- Na teoria não é, e significa muito para mim, mas na prática pode ser perigoso.

- Eu sei, mas é inevitável. – Virando-me para cima.

Ele estava deitado de lado, virando para mim. Estava cansada, não tinha muito mais para dizer. Entretanto aquela miserável fogueira começou a morrer, ainda nem íamos a meio da noite, e num instante começou a ficar frio. As nossas roupas estavam ligeiramente húmidas, o que não ajudava em nada. Eu estava de costas para ele, novamente, agarrando-me a mim própria, tentando agarrar e conservar algum calor.

- Está a ficar demasiado frio. – Diz ele.

- Eu notei.

- Lembras-te da noite em que nos conhecemos? Conseguimos sobreviver ao frio.

Uma série de imagens daquela noite invadiram a minha cabeça. Lembrava-me bem de adormecer com o James abraçado a mim.

- Sim, lembro-me.

Ele tomou aquilo como aprovação da minha parte. Aproximou-se de mim, abraçou-me e ficámos assim, até que o nosso calor corporal começou a aliviar o frio. É claro que aquela proximidade toda não tardou a fazer como que ficasse cheia de calor. O meu corpo moldava-se perfeitamente ao dele, adorava aquele abraço. Era impossível que ele tivesse adormecido, e eu tinha razão porque ele começou a acariciar a minha mão com a sua.

- Não consegues dormir? – Perguntei.

- Estou a tentar. – Respondeu.

- O que te impede?

Ele riu baixinho e aproximou-se um pouco mais para responder no meu ouvido.

- Eu acho que sabes o que me impede.

- Quando te conheci, nunca te tomaria por perverso. – Virei-me para cima. 

- E não era, pelo menos não antes de te conhecer. – Admitiu. 

- Queres dizer que a culpa é minha? – Perguntei olhando-o indignada, mas com um certo orgulho. 

- Sim. 

Estava a tentar culpá-lo mas eu também não era exactamente inocente, ele despertava sentimentos em mim que nenhum outro homem alguma vez despertou. Ele afastou o cabelo da minha cara e passou um dedo pelos meus lábios, o que me levou a fechar os olhos de prazer. 

- Posso fazer uma pergunta? 

- Já estás a fazer uma. – Sorri-lhe. 

- Posso beijar-te? 

Aquela pergunta apanhou-me de surpresa, realmente não estava á espera. 

- Porquê? 

- Porque estou desesperado por fazê-lo. 

Fiquei sem palavras, estava demasiado envergonhada para consentir, mas queria demasiado  o mesmo para o impedir. Então ele apoiou-se num braço e sem meias medidas beijou-me. Foi um beijo que já ansiava há muito, um beijo que já era para ter acontecido mais cedo, mas infelizmente havia sido sempre interrompido. Nesta noite não havia ninguém para interromper, só a nossa consciência. 

Quando nos demos conta, estávamos a um passo de nos deixarmos levar pelo desejo e pela luxúria. Ele dominava-me por completo e eu arrebatada, deixei-me dominar. Mais uma vez a sua camisa tinha desaparecido, a minha estava quase desabotoada. Ele agarrava-me como se não houvesse amanhã, como se só tivéssemos esta noite. A sua mão deslizava pelas minhas costas, pela anca até me agarrar sem vergonha pela nádega. Ambos desfrutávamos, mas sabíamos que não podíamos ir mais além ainda. 

- James… - Interrompi, afastando a minha boca da dele. 

- Eu sei…como queria já estar casado contigo neste momento. – Afirmou com pesar. 

Ele beijou-me carinhosamente na testa, voltou para o seu lugar e aninhou-se junto a mim. Apesar daquela loucura toda, sabíamos que tínhamos um compromisso a honrar, e era doloroso começar algo que tinha de ser interrompido, se bem que a ideia de guardar tudo para a mesma noite, era cruelmente deliciosa. Acabámos por adormecer abraçados, sonhando com a noite em que pecar nunca iria saber tão bem.

2 comentários:

  1. ainda nao tinha começado aler esta historia, mas começei a ler o 1 capitulo nao consegui parar ate ao ultimo e uma historia muito bonita e cativante espero ansiosa pelo proximo capitulo

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    1. Obrigada Ana, ainda bem que gostou. Espero que continue acompanhando, volte sempre. Beijo =)

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