quarta-feira, 2 de abril de 2014

Um Sonho Ou Realidade - Cap 33

Aquela confiança, aquele carinho que depositava em mim deixou-me emocionada. Conhecia Lord Hastings desde pequena, e a seguir do meu pai, ele era um dos homens que eu mais admirava. A nossa conversa deixou-me mais descansada. Agora contar ou não contar a James, não era da minha responsabilidade, ainda que fosse ficar ansiosa até que Hastings falasse com ele.

Finalmente fui para o meu quarto e meti-me na cama, estava fisicamente bem, mas a minha cabeça estava prestes a explodir com tanta nova e chocante informação. Estava na cama, ia apagar a vela da mesa-de-cabeceira, quando bateram á porta.



- Posso entrar? – Perguntou James, quase num sussurro.

- Sim.

- Sentes-te melhor?

- Um pouco, sim. – Respondi.

- Ainda bem, só queria saber como estavas, antes de me ir deitar.

- Não te preocupes, nada que uma boa noite de sono não cure.

- Espero que sim. Também queria dizer-te que amanhã vamos fazer preparativos para uma caçada no dia seguinte com alguns amigos e aliados da família.

- Isso parece-me interessante. – Disse, tentando não parecer demasiado entusiasmada.

- Bem, de manhã falamos mais sobre isso, agora descansa. Dorme bem e bons sonhos. – Disse ele, beijando gentilmente a minha testa.

- Tu também.

E saiu do quarto, fechando a porta devagar para não fazer barulho, olhando-me ternamente. Como me fazia sentir bem aqueles desejos de boa noite vindos dos James. Ele, do nada, tinha-se tornado uma pessoa importante na minha vida.

No entanto, ideia de participar numa caçada, tinha-me deixado entusiasmada, não tinha a certeza se me deixariam ir, mas estava decidida a impor a minha vontade até que a aceitasse. De manhã, antes de descer para o pequeno-almoço, esperei que James saísse do seu quarto para falar com ele. E quando saiu, eu estava ali, como um predador, á sua espera.

- Bom dia James.

- Bom dia. – Disse agradavelmente surpreso.

- Preciso de falar contigo sobre a caçada.

- O que tem?

- Eu quero ir com vocês! – Afirmei determinada.

Ele olhou para mim horrorizado, sem saber o que me responder.

- Acho que é perigoso para ti, além disso, as caçadas não são lugar para uma Lady, não achas?

- Não concordo James, não mesmo.

- Ainda não estamos casados, e eu não posso proibir-te de fazer o que quiseres, mas preocupa-me a ideia de te juntares anos. – Disse, realmente preocupado.

- Mesmo depois de estar casada, não vais proibir-me de fazer o que bem entender… - Reforcei a ideia.

- Eu sei, não foi isso que quis dizer. Só quero que compreendas que muita coisa pode acontecer numa caçada, num momento pode estar tudo bem, e no outro tudo mal. Podias ser ferida por um animal selvagem. E Ultimamente tem ocorrido muitos ataques de rebeldes na região, imagina que somos alvo de um. A tua presença só me iria distrair, só me iria preocupar com a tua segurança. – Tentou explicar.

- Mas eu sei defender-me.

- Sim, mas eu nunca poderia preocupar-me menos, mesmo sabendo isso. Eu me importo, me preocupo e gosto demasiado de ti para ignorar isso.

- Não tens de ser tão pessimista James, não sei como te levantas de manhã, imagina que nada disso acontece e corre tudo bem.

- Mas imagina que acontece. Não sei Belle, realmente não acho que é uma boa ideia, mas quem decide és tu.

Ele tentou virar o jogo contra mim, tentando fazer com que me sentisse preocupada e culpada caso alguma coisa de mal acontecesse. Foi bem jogado da sua parte, muito bem jogado, e quase funcionou. Não toquei mais nesse assunto e James acabou por relaxar, pensado que eu tinha abandonado a ideia, mas de manhã quando me juntei a eles, abanou a cabeça em sinal de desaprovação.

Eu não queria aborrecer ninguém com a minha insistência, mas eu sentia falta de alguma excitação, aventura, passava demasiado tempo enfiada dentro das muralhas de Stormhold, necessitava urgentemente de ar livre, de liberdade, da natureza. Ninguém disse nada sobre a minha presença, mas vi Lord Hastings e Richard preocupados, sussurrando algo a James, mas ele logo os descansou, ainda que não concordasse com as suas próprias palavras.

Ainda andámos de cavalo uns duas horas até chegar ao acampamento, local de encontro com os restantes convidados. O James ia a meu lado, o caminho todo olhando á sua volta, atento, como se esperasse um ataque a qualquer momento.

- Tentar descontrair-te. – Disse-lhe.

- Não consigo. – Respondeu.

- Tu sabes que não é minha intenção causar transtorno, preciso disto. Sabes que eu estou habituada a andar fora das muralhas em Bruma, a andar a cavalo durante horas pela floresta… - Insisti, em minha defesa.

- Eu sei, mas não deixa de ser perigoso.

- Vais ver que vai correr tudo bem, e se não correr, ainda vou acabar por ser útil.

- Não digas isso, nem quero imaginar. – Respondeu angustiado.

Chegámos ao acampamento, descansámos um pouco e dividimo-nos em grupos para dar início á caçada. Lord Hastings liderava um deles, juntamente com Richard, para tentar dar a vitória á sua casa. Quanto a nós, eu limitei-me a acompanhar calmamente, seguida pelo meu mais novo guarda-costas, James. Aquele ar puro, aquela frescura sabia tão bem, era um dos melhores sentimentos do mundo para mim.

Ao fim da tarde, Lord Hastings com grande vantagem, concordou em conceder um empate contra os outros dois grupos, numa de espírito desportivo e voltámos ao acampamento para celebrar, onde íamos passar a noite e partir de volta a casa de manhã.

Preparei algo para comer e levei até onde o James se encontrava, sentado de baixo de uma árvore, junto á sua fogueira. 

- Este momento parece-me familiar. – Disse eu.

- Como assim?

- Quando nos conhecemos, assim no meio da floresta.

- Ao menos não estás a tentar roubar-me os mantimentos. – Respondeu, mais animado.

- Não, não estou. Trouxe comida, desta vez.

- Foi uma óptima noite, essa noite. Fico feliz em ter-te mantido presa, se não, tinhas fugido, e provavelmente nunca mais te iria ver.

- Talvez não, ainda não me esqueci da humilhação que me fizeste passar, depois de te ter contado sobre mim e tudo mais, ainda me mantiveste presa até de manhã.

Ele riu com a minha indignação. Ele tinha um lindo sorriso, e eu adorava quando ele descontraia o suficiente para se deixar levar por uma boa conversa e vê-lo sorrir. Mas ele voltou a ficar sério, pouco depois.

- Se bem me lembro, na manhã seguinte fomos atacados.

- Vá lá James, estamos aqui a festejar junto a esta bela e quente fogueira, numa belíssima noite, e tu só pensas em coisas más.

- Estaria mais descansado sabendo que estavas em casa e segura.

- Isso é aborrecido. – Protestei.

- Sim, eu sei que és uma pequena alma indomável. – Sorriu, derretendo-me por completo.

Ele lá conseguiu relaxar um pouco, á medida que a noite tomou lugar, á medida que enchia o estômago com a deliciosa comida e saboreava o doce vinho quente. Mas de repente a noite ficou silenciosa, anormalmente silenciosa, e do nada se ouviu um grito de guerra de um grupo de rebeldes que nos tomou por assalto. O pânico tomou conta dos nossos, que corriam em busca das suas armas para combater. É a isto que eu chamo de azar. E tornar a noite mais dramática ainda, o céu ficou todo encoberto e começou a chover torrencialmente.

3 comentários:

  1. Simplesmente adorei hehehe :)... vou ficar a "roer as unhas" ate ao proximo episodio :) beijinhos

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  2. Obrigada Sandra, ainda bem que gostaste, daqui a quatro dias há mais kkkk Beijinhos =)

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  3. E bota azar nisso. Quero saber como eles vão se safar dessa. Quero ver se Belle vai mesmo ser útil ou se só vai atrapalhar.
    Mas acredito na rapariga. Agora, é só esperar pra ver. Vamos lá, Joana, cadê o 34(risos)?

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