domingo, 16 de março de 2014

Um Sonho Ou Realidade - Cap 30

A infeliz pessoa que acabava de arruinar aquele momento intimo só podia ser o Richard, que vinha á nossa procura. De certa forma, alguém tinha sempre de se intrometer e interromper, cada vez que James e eu estávamos próximos.

- Porque raio deixaram vocês o banquete e vieram enfiar-se aqui? – Perguntou, pensando em todas as possíveis e mais prováveis respostas, sorrindo maliciosamente. – Esqueçam, não quero saber. De qualquer forma, vim chamar-vos para se despedirem dos nossos convidados que partem de madrugada. Ordens de Lord Hastings.



Olhámos com embaraço para Richard e logo seguimos atrás dele, os três num silêncio além dos limites do constrangedor. Eu e James conscientes da intimidade que tínhamos acabado de partilhar, e o Richard porque tinha a certeza de ter interrompido alguma coisa, provavelmente sentia-se envergonhado por isso.

Voltámos para o grande salão onde nos despedimos de Lord Blackwell e de Andrew, que apesar de se ter despedido de mim, recusou um aperto de mão que James ofereceu. Ele era mesmo arrogante e mal-educado. A noite foi dada como terminada, mas a minha excitação era tanta que mal consegui dormir. A lembrança do calor do corpo do James contra o meu, os beijos no meu pescoço…estava a ter sérias dificuldades em adormecer.

Na manhã seguinte quando nos encontrámos á mesa, ao pequeno-almoço, assim que trocámos um olhar, um simples e normal olhar, senti uma onda de calor abater-se sobre sim. Aquilo era tudo menos um simples olhar, era outra coisa, algo mais. Como é que as coisas entre nós, o que sentíamos, podia ter evoluído tão rapidamente?

Mais tarde, Lord Hastings, Richard e James saíram para visitar uma aldeia perto da fronteira, que de acordo com o que James me tinha confidenciado, tinha sido alvo de um assalto por parte dos rebeldes.

Estava á espera que regressassem com notícias, mas também queria perguntar a Lord Hastings se tinha notícias de Bruma, sabia que ele se mantinha em contacto com o meu pai. Já no fim do dia, dirigi-me ao seu gabinete, entrei, fiquei lá espera, com um guarda á porta para me vigiar. Já estava á espera há algum tempo, então levantei-me da cadeira e dirigi-me a uma enorme estante e cheia de livros no fundo da sala.

Havia tantos livros ali, novos, velhos, era uma delícia para qualquer amante da leitura. Folheei vários clássicos da nossa literatura e alguns dos meus favoritos, mas pelo canto do olho tive um vislumbre de um livro que me chamou á atenção. Era um volume ilustrado sobre a nossa mitologia, apesar de ser bastante antigo, estava muito bem conservado. Ao folhear as suas páginas, encontrei um pedaço de papel, o que me pareceu ser uma carta, também ela velha.

Olhei para a porta, certificando-me que o guarda não tinha visto e meti-a dentro do bolso do vestido. Passei pelo guarda e disse:

- Já estou cansada de esperar, volto mais tarde.

- Com certeza Lady Isabelle.

Encaminhei-me para o meu quarto, onde me tranquei para ler a carta com mais atenção. Sabia que era algo importante, tinha o selo real no envelope. Sentei-me na minha cadeira junto á cama e comecei a ler:

Meu querido Peter, já não tenho noticias tuas há algum tempo, pergunto-me se está tudo bem. Sei que não devia escrever-te assim com tanta frequência para não levantar suspeitas, foi o combinado e tenho receio cada vez que o faço, mas eu só quero saber se o nosso filho, se James está bem. Qualquer mãe que ame o seu filho faria o mesmo. Por favor, sei que é um grande risco, mas preciso de saber. Espero receber noticias tuas em breve.

Para sempre tua,

Alara

Quando acabei de ler aquele pequeno pedaço de papel, tapei a boca com a mão, de tão chocada que estava. Não podia acreditar no acabava de descobrir. Aquilo era algo grande, importante e iria certamente afectar a vida de algumas pessoas se fosse descoberto. Agora que sabia a verdade, não fazia a minima ideia do que fazer com ela.

4 comentários:

  1. Como sempre deixa-nos com vontade de ler o próximo capítulo... isso não se faz ;)
    É incrível como consegues descrever as coisas de tal maneira que facilmente conseguimos visualizar e sentir o momento como se de nós se tratasse :)
    Muito bom!!!
    Beijinhos

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  2. Oi Sandrinha =)
    Obrigado pelo comentário, já sabes que tento fazer o melhor que posso, ainda assim ás vezes não fico totalmente satisfeita com o resultado, tudo parece tão bem, até melhor, na nossa cabeça do que escrito kkkkk
    Beijinhos =)*

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  3. Acredito que sim... mas mesmo assim o que escreves e a maneira como descreves é muito boa acredita :) bjinhos

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  4. Cada vez molhor, heim, Joana! Amei o a ideia de uma carta velha achada em um livro. E achei sagaz a Belle tê-la surrupiado. Como eu já disse antes, há detalhes que dão dinâmica e profundidade a uma história. Parabans mais uma vez, amiga.

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