domingo, 9 de março de 2014

Um Sonho Ou Realidade - Cap 29

Não fiquei para o baile, estava um pouco cansada de tanto barulho e tantas pessoas, tinha ordens específicas do médico para não me cansar muito. Discretamente escapei para o meu esconderijo, a minha torre. A noite estava magnifica. O dia tinha estado ligeiramente encoberto, mas agora o céu começava a ficar limpo e a lua tão brilhava como uma jóia. Na cidade também estavam a decorrer festejos cuja música, ao longe se ouvia e era bem-vinda.

























Estava perdida nos meus pensamentos. Lembrei-me do que havia dito ao Andrew, que gostava do James e estava a tentar que isso fizesse sentido na minha cabeça. Sim, gostava dele, mas quanto gostava dele? Seria amor, como a Beth e o Richard? Não, não chegava a isso, ainda não, mas era certo que sentia um enorme carinho por ele. Nós estávamos cada vez mais próximos, podia muito bem transformar-se em amor em pouco tempo.

Por vezes esquecia-me que já havia provado os seus lábios, e perguntei-me que sentimentos despertariam agora em mim. Não ia mentir, sentia uma grande atracção por ele, sentia isso quando ele estava por perto, e quando não estava, sentia falta de me sentir assim. 

Estava tão distraída que não me apercebi da sua chegada:

- O que estás a fazer aqui? – Perguntou. 

- Este é o meu sítio secreto. – Revelei.

- Oh, mas antes de ser o teu, era o meu sítio secreto.

- Era? 

Ele riu da minha ingenuidade:

- Vieste para aqui a meio de uma celebração.

- Não suporto ficar muito tempo no meio de tanta gente e com tanto barulho.

- Bem, nesse aspecto já somos dois.

- Vieste embora para escapar á confusão?

- Em parte sim, mas também vim á tua procura.

- Para quê?

- Pela companhia. – Disse timidamente, debruçando-se no parapeito da torre, a meu lado. – Conheces o filho do Lord Blackwell á muito tempo?

- Porquê a pergunta?

- Pela forma como se dirige a ti, notei.

- Sim, conheço-o desde pequeno. Costumávamos brincar juntos muitas vezes, ele implicava muito comigo por ser mais nova. Aos dezasseis foi com o seu pai em campanhas, eu tinha treze na altura. Ficámos uns quatro anos sem nos vermos, e quando ele voltou já era um homem e eu tinha deixado de ser a pequena Belle.

- Então presumo que não fosse a primeira vez que fez esse pedido.

- Não, não foi a primeira vez.

- E tu recusaste casar com ele, com um Lord, mas aceitaste casar comigo, porquê? – Virou a cabeça na minha direcção para me fitar.

- Achas que eu e ele temos alguma coisa em comum? Não suporto o seu feitio, a forma como se acha superior. Não tenho qualquer interesse em títulos e fortunas, preferia ser pobre e amar alguém, do que rica e infeliz. Se casasse com ele, na primeira noite matava-o enquanto dormia – Disse quase com uma gargalhada.

Ele riu da minha determinação, em parte com vontade, e em parte para disfarçar a sua preocupação, ou ciúme talvez. 

- Eras bem capaz disso. – Confirmou na brincadeira. - Se bem me lembro, á pouco disseste que gostavas de mim, o que significa isso? – Mudou de assunto.

O James por vezes também tinha o hábito de causar embaraço, talvez não propositadamente como o irmão, mas isso não significava que a vergonha que causava fosse menor.

- Significa que gosto da tua maneira de ser, és um homem bom, de certa forma somos parecidos, na maneira de pensar. Tens-me tratado bem, o que agradeço muito e tens sido paciente.

- Não é caso para tanto. Gosto de te ter aqui, não me arrependo de ter ficado. Sendo assim acho que também gosto de ti. E és muito bonita, considero-me um sortudo.

- Vá lá, não me envergonhes James. – Pedi, sentindo-me corar ainda mais.

- Não estou a tentar envergonhar-te, só estou a ser sincero. – Disse fitando o horizonte.

- Pronto…também acho que és um homem bonito. – Admiti. - Gosto dos teus olhos e o teu cabelo, com esses caracóis escuros, é muito bonito. Dá vontade de tocar.

- Sei que não estamos casados, mas podes tocar-lhe, dificilmente será considerado obsceno. – Disse, sem desviar olhar do horizonte.

Relutante, mas curiosa, estiquei o braço e com a mão toquei e passei os meus dedos pelo seu cabelo, ele fechou os olhos ao sentir o meu toque. 

- Retiro o que disse. – Diz ele, ainda de olhos fechados.

Quando ele disse aquilo pensei que tinha feito algo de errado e afastei-me um pouco, ficando quase imóvel a seu lado.

- Relativamente a quê? – Perguntei.

- A ser obsceno, porque é, quando consegue ter este efeito excruciantemente delicioso.

- E porque motivo seria isso obsceno? – Perguntei, em tom de provocação.

- Porque dou comigo a divagar em pensamentos indecentes. – Confessou.

Endireitou-se, e colocou-se atrás de mim. Passou os braços por baixo dos meus e puxou-me gentilmente pela cintura, encostando-me ao seu peito, e juro que conseguia sentir o seu coração bater desenfreadamente, tal como o meu. O James era um sedutor nato. Afastou o meu cabelo do meu pescoço e brincou com a minha sanidade mental, passando a ponta do nariz pela minha orelha, deixando-me ouvir a sua respiração irregular, partindo depois para sul, na direcção do meu pescoço.

Não conseguia raciocinar, o rasto de beijos que ele deixava na minha pele, incendiavam o meu corpo, toldando o meu pensamento, despertando aquele desejo reprimido. Sem controlar os meus movimentos, levantei o braço por cima da sua cabeça e afaguei-lhe os caracóis, enquanto ele me puxava para mais perto e continuava com aquela tortura deliciosa.

O nervoso miudinho na minha barriga havia desaparecido, e sem mais demoras, virei-me sua direcção com a intenção de o beijar. Ele agarrava-me pela cintura, como se nunca mais me fosse soltar, e o meu peito estava colado ao dele. 

Ele estava prestes a beijar-me e eu estava pronta para o receber, para provar aqueles lábios, cujo primeiro beijo, há algum tempo atrás, tinha deixado saudade. Conseguia sentir a sua respiração na minha cara, a ponta do seu nariz tocou o meu gentilmente, e quando os seus lábios roçaram os meus levemente, ele parou e esperou pela minha reacção, quando não protestei e ele se preparava para me beijar a sério, ouvimos alguém aproximar-se no corredor e acabámos por nos afastar, sem vontade.

3 comentários:

  1. Você escreve muito bem!
    Nos sentimos parte da história facilmente.
    Nos identificamos com os personagens, como que num vislumbre de realidade!

    PARABÉNS!
    CONTINUE!

    ps.: Não tenho tido muito tempo para acompanhar,
    e às vezes passo e nem comento.
    Só queria que soubesse que tem o meu apoio ;)

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  2. Oi Priscilla, muito obrigado pela visita, pelo comentário e pelo seu apoio, é bom saber que tem gente como você. Vou continuar escrevendo, sempre que conseguir faça uma visita, é sempre bem-vinda. Beijos =D*

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  3. Agrrr.
    É sempre assim, quando o negócio começa a pegar fogo, sempre tem um inconveniente que se aproxima pelo corredor para atrapalhar.

    Achei genial a descrição do momento do casal. Fiquei aqui imaginando aquela respiração irregular. hehe

    Beijo, Joana!

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