domingo, 23 de fevereiro de 2014

Um Sonho Ou Realidade - Cap 27

Emily estava assustada com aquilo tudo, ela que era determinada, forte e desbocada. Estava claramente chocada e podia ver nos seus olhos que se sentia culpada. Ajudou-me a ir até ao castelo por um atalho de forma a não atrair muitas atenções.

- Lamento imenso Belle, é tudo culpa minha… - Disse sentindo-se culpada.

- Não digas isso, não tens culpa de nada. Vivo com isto, mas se te tivesse acontecido alguma coisa e não tivesse conseguido impedir…não conseguia viver com isso! – Assegurando-lhe de que não tinha de se sentir culpada.

- Tu salvaste-me, és a minha heroína, fico eternamente em divida contigo. – Disse inocentemente. Ela Lembrava-me eu quando era pequena.

- Tu fazes parte da minha família Emily, daria a minha vida de bom grado para te proteger. Nem tu, nem ninguém podia adivinhar que isto ia acontecer.


- Como entraram assim na cidade, sem serem detectados? – Perguntou ela com receio.

- Isso não é muito difícil. Eles sabiam o que faziam, estava bem planeado. Mas não nos vamos preocupar com isso agora. – Descansei-a.

Chegámos á entrada do castelo e vi lá a Beth com o Thomas e a Lady Catherine em segurança, e vi que o James, o Richard e Lord Hastings haviam chegado no mesmo instante. Viram a Emily coberta em terra e palha da queda e viram-me coxear:

- Oh caramba, que belo timing. Tinham mesmo de me ver assim.

Ela achou piada e desatou a rir, mas assim que viu a cara dos irmãos e do pai, calou-se logo. O James e o Richard vieram na minha direcção para me ajudar e o Lord Hastings correu para a Emily. Consegui ver a preocupação na cara do James:

- Não é nada de grave, está tudo bem! – Disse eu, tentado assegurar que estava tudo bem.

- Achas mesmo? – Gozou o Richard, pela forma como eu encarava a situação.

- O que raio se passou? – Perguntou o James.

- Não tenho a certeza – disse apoiando-me nele – Estes…mercenários, bandidos apareceram do nada, no meio do mercado.

- Vieram atrás de nós, mas depois mudaram de ideias e marcharam para cá, atrás das crianças e da Lady Catherine. – Esclareceu a Beth.

Estava com dores excruciantes, mas a agir o mais naturalmente possível, como se nada fosse, mas só me apetecia chorar como uma criancinha. O James pegou-me ao colo e levou-me para o meu quarto:

- O que pensas que estás…

- Não é hora de protestar, vais ser tratada, vou levar-te ao médico! – Interrompeu seriamente.

- Mas eu posso andar.

- Não, não podes, vou levar-te. - Insistiu ele.

- Sim, mestre. – Brinquei.

Ele olhou-me de lado. Ele estava zangado, não entendi porquê, mas estava. Pousou-me na cama e deixou o médico tratar de mim. Era o momento pelo qual mais esperava, tirarem-me o dardo da perna. Olhei uma última vez, aquilo ia doer bastante. Cortaram as minhas calças deixando a perna á mostra:

- Respire fundo Lady Isabelle, vai doer, não vou mentir, mas vai ser rápido.

- Espero que sim.

Não me podia armar em cobarde com o James ali. Coloquei as mãos debaixo das almofadas, fechei os olhos e apertei-as o mais fortemente possível. Nunca tinha sentido uma dor assim, ao puxarem o dardo foi como se me tivessem arrancado um bocado da perna. Nem sei como não gritei descontroladamente, era o que me apetecia fazer. Depois a ferida ainda foi desinfectada e cozida, e em todo este tempo reinou um silêncio no quarto, não se ouvia nada mais a não ser o médico a trabalhar. Depois dele sair é que o James falou:

- Como é que isto aconteceu? – Perguntou.

- Ela levou com o dado por mim, pôs-se na minha frente. – Interrompeu a Emily, que espreitava pela porta do quarto.

- Fizeste isso? – Perguntou-me o James surpreendido.

Ela entrou e sentou-se na cama. Ainda se sentia culpada por eu ter sido ferida, apesar de lhe ter explicado, ela ainda não tinha ultrapassado isso:

- Fez. Lamento James, não queria que isto tivesse acontecido…

- Tu não tens culpa Emily, não sejas tolinha! – Disse-lhe carinhosamente, abraçando-a.

- Já lhe expliquei isso. – Disse ao James.

Ela riu timidamente, já se sentia um pouco melhor:

- Sabes o que ela disse? – Virou-se para o James.

- O quê? – Perguntou curioso.

- Disse que eu era família que dava a vida por mim se fosse preciso…gosto dela James! – Disse antes de sair.

Ela tinha-me deixando numa posição embaraçosa, tinha-me deixado envergonhada, conseguia sentir a minha cara a ficar quente. Sim, era sinal que todos eles eram importantes para mim, da mesma forma que me sacrificaria pela Emily, o faria pelo James:

- Não olhes assim para mim, se fazes favor. Não sou nenhuma ave rara. – Protestei.

- Não consigo evitar. Se soubesses o quão grato estou por teres salvo a minha irmã, irias perceber que realmente te admiro.

- Obrigado. Fiz o que qualquer pessoa faria, não ia ficar parada a ver a Emily ser ferida.

- Não, nem todas as pessoas o teriam feito, a maioria teria ido cada um por si. É essa uma das coisas que te destaca das outras pessoas. 

- James…cuidado com isso, acho que estás a ficar apaixonado! – Gozei descaradamente.

- Quem sabe… - Respondeu na mesma moeda – Mesmo assim, consegues manter o sentido de humor.

- Queres que chore? 

- Se quiseres podes chorar, não vou pensar menos de ti. – Confirmou.

- Bem, faço o que posso. Não penses que á bocado não me apeteceu chorar e espernear porque era o que mais queria fazer. – Admiti.

- E porque não o fizeste?

- Oh, bem, não estava sozinha no quarto. Não quero que pensem que sou fraca.

- Para me impressionar, queres tu dizer…

- Não disse nada disso… - Disse envergonhada. - Se fazes o favor, quero descansar um pouco.

Eu estava a tentar ver-me livre dele, ele apercebeu-se disso e deu-lhe vontade de rir. Antes de sair deu-me um beijo na testa:

- Descansa, volto mais tarde.

- James?

- Sim?

- Reparei que ficaste zangado…

- Não tem nada a ver contigo.

- Então?

- …Podia ter evitado que tudo isto acontecesse, mas eu não estava aqui para vos proteger. Quando cheguei e me contaram sobre o que tinha acontecido fiquei em pânico pela minha família, por ti.

- Não tens de te sentir culpado, nada de mais aconteceu e estamos todos bem.

Olhou para a minha perna e para o meu ar cansado, também ele com um ar exausto, e eu respondi:

- Eu estou óptima, a sério.

As ervas medicinais estavam a fazer efeito e deram-me um abalo tão grande que adormeci ferrada como uma pedra. Acordei algum tempo depois, senti um peso na cama e vi o Shadow deitado ao meu lado, mas fiquei mais chocada ao ver o James na cadeira perto da minha cama. Estava a dormir, já devia estar ali há algum tempo e acabara por adormecer. Ficava tão bonito e vulnerável assim a dormir, já não era o guerreiro destemido, era só um homem.

Não evitei observá-lo, quer dizer, já estava a morar ali á um mês e estávamos juntos todos os dias, mas era rara a oportunidade de o ver assim, com a guarda baixa.

3 comentários:

  1. Ola amiga vim visitar seu blog , e também curtir no facebook ,bem como apreciar seus post .Tudo bom

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    1. Muito obrigado e espero que volte mais vezes. Tudo de bom e sucesso para você. Bj =)

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  2. Belle cada vez mais admirável e James cada vez mais apaixonante.
    Gostei da tua sacada da Belle dizer algo lisonjeiro à Emily (Tu fazes parte da minha família. Emily.) e a mesma, contar isso depois ao James, deixando Belle encabulada.
    A história está a cada capítulo mais profunda e interessante.
    Obrigado, Joana. Já havia esquecido de como as páginas neste blog são quentes!

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