Deixei
o James e fui para os meus aposentos, prevendo que seria uma noite difícil, não
tinha nem um pingo de sonho em mim. Depois de o castelo ficar em silêncio,
decidi aventurar-me pelos seus corredores, fiquei de pé atrás ao ver luz por
baixo da porta do James, porque os convidados não deviam andar a bisbilhotar
pela casa, depois de todos irem dormir. Decidi ir na mesma, conseguia ser mais
silenciosa que um gato. Descobri o sítio ideal, onde ninguém me iria importunar,
era um bom esconderijo.
Uma
torre escura e poeirenta, parecia que ninguém ia lá há muito tempo. Era a parte mais
alta do castelo, tinha uma vista magnífica, conseguíamos ver a vila e os
arredores. Depois de estar ali algum tempo a apreciar a magnifica noite que estava,
antes de voltar ao quarto fui até á cozinha comer qualquer coisa. A divisão
estava deserta e mal iluminada, mas mesmo assim aventurei-me a cortar um pouco
de bolo. De repente ouvi um barulho e virei-me com a faca na mão para encontrar
a Beth:
-
Queres matar-me de susto? – Perguntei.
- E
tu queres matar-me com essa faca? O que estás a fazer acordada a uma hora
destas? Daqui a nada é tempo de levantar…
-
Não consegui dormir, não tenho muito sono…
-
Passa-se alguma coisa? – Perguntou ela, que já me conhecia de ginjeira.
Sentei-me
no banco a comer e nem respondi á questão, até mesmo ela sabia que aquela era
uma pergunta parva:
-
Então tu e o James vão mesmo levar adiante o casamento…
-
Sim.
-
Porquê? Tu não o amas…
-
Sinceramente Beth, que escolha tenho eu? Se não for com ele, o pai vai
encontrar outra pessoa. Pensa bem nas minhas outras opções…
Demorou
somente uns segundos a analisar a situação e concordou comigo:
-
Sim, tens razão, não terias grandes opções, de facto… - Respondeu em tom de
gozo.
- A
minha outra opção era ir embora, mas eu não quero passar o resto da vida a
fugir e longe de vocês…
- E
o que te fez mudar de ideia? - Perguntou.
- O
James... - Admiti.
- E
tu ficaste…
-
Ele disse algumas coisas que fizeram sentido. Só não percebo porque
iria ele desistir de ir para o norte por minha causa, era o que ele mais queria
fazer.
-
Talvez goste de ti! – Disparatou ela.
-
Ele não gosta de mim, mal me conhece…
- O
que disse ele para justificar a decisão?
-
Disse que tinha pensado bem, que seria o melhor para os dois. Ele imaginou como
seria o seu futuro na King’s Guard e não lhe agradou, ele diz que eu sou a sua
melhor opção e que será fácil aprendermos a gostar um do outro… - Respondi
envergonhada.
-
Então, vão casar-se com base no quê? Nos sentimentos que podem vir a sentir, ou
não?
- Já
nos conhecemos e…
- O
quê? - Interrompeu.
-
Temos uma certa ligação, não consigo explicar.
- Essa ligação vai ser suficiente no momento em que te entregares a ele?
- Isso
é que me preocupa. O que vou fazer se chegar ao dia e não sentir mais do que o
que sinto agora? Será suficiente?
Abraçou-me
e tentou acalmar-me com uma piada:
-
Pensa pelo lado positivo…
- E
qual é?
- Ao
menos ele é muito bonito e atraente! – Provocou, afastando-se para não apanhar com
uma laranja que lhe atirei. – E esse fio foi ele que te ofereceu? Ele gosta de
ti. – Desta vez atirei-lhe uma maçã.
Fui
deitar-me e levantei-me pouco depois, dormindo só cerca de três horas. Depois
do pequeno-almoço, o Richard e o James juntaram-se no pátio de treino e eu
encontrei a Beth no varandim a suspirar pelo seu amor, acompanhada pela Júlia:
- É
isto que as raparigas fazem por aqui? - Perguntei eu.
- O
quê?
-
Ficar a observar os rapazes?
-
Por vezes, sim. – Respondeu a Júlia.
- Eu
não me importo nada de o observar. Nunca me vou cansar de observar o Richard, e
pensar que vou ter a vida toda para o fazer... – Disse a Beth completamente
apaixonada.
- Hoje
não veio cá treinar quem me interessa. – Disse a Júlia com um ar triste.
-
Quem? – Perguntei eu.
Ela
ficou toda envergonhada e corou de imediato:
- É
o Brandon Harrington.
-
Quem? – Não estava a reconhecer o nome.
- É
o filho do dono daquela grande fazenda á saída de Stormhold. – Esclareceu a
Júlia.
-
Sim, ele é bonito. – Acrescentei.
- É
sim, mas não te esqueças que estás comprometida. – Disse a Júlia.
- Eu
não me esqueço disso, nem por um segundo. – Disse, olhando para o James.
-
Não te podes queixar, o meu irmão é um dos rapazes mais desejados de Stormhold
e nunca prestou muita atenção a isso. E tu simpatizas com ele, tens de admitir…
Aquele
assunto começava a incomodar-me. Já tinham conseguido o queriam de mim, não
precisavam de mo lembrar constantemente.
-
Vou lá a baixo.
-
Fazer o quê? - Perguntou a Beth.
-
Treinar. - Respondi.
Desci
as escadas, mudei-me rapidamente e apareci no átrio com o meu equipamento.
- O
que estás a fazer? Este não é o local adequado para uma Lady. – Comentou o Richard.
- O
mesmo que vocês, a treinar.
-
Richard… - Advertiu o James.
- Que
foi? – Perguntou o Richard.
-
Não a subestimes irmão. – Disse-lhe o James.
- Porque motivo faria eu isso? - Perguntou curioso.
- Ele não me considera uma ameaça, ou desafio...
- Falando dessa maneira... Devia considerar? - Perguntou ao irmão.
- Ele não me considera uma ameaça, ou desafio...
- Falando dessa maneira... Devia considerar? - Perguntou ao irmão.
- Tu fazes o que quiseres, mas aviso-te já, não a subestimes. - Preveniu James.
- Agora fiquei curioso. Vamos lá então. - Diz o Richard.
- De
certeza? – Provoquei.
-
Absoluta Belle.
-
Não te acanhes Richard, irei notar se o fizeres.
-
Não te preocupes.
O
James achou piada e tentou avisar o irmão para ter cuidado, mas o Richard
estava demasiado confiante e não fez caso. Tomou a sua posição, todo
presunçoso. Ele era um bom guerreiro, filho do norte.
Lançou golpes firmes e
seguros que eu não tive dificuldade em evitar. Ele também conseguiu defender os
meus com facilidade, mas ele não sabia que eu, por vezes, não me importava de
jogar sujo para ganhar. Com a minha rapidez, lancei um golpe que o obrigou a
mexer, e ao fazê-lo apanhei-o com uma rasteira. Num momento estava de pé e no
outro estava no chão com a minha espada apontada ao peito e desarmado.
- Eu
avisei-te. – Disse o James, rindo do irmão.
Dei-lhe
a minha mão e ajudei-o a levantar-se.
-
Bem, tenho de admitir que não tinha previsto este resultado. Quem te ensinou a
lutar assim? Foste bem treinada. - Disse surpreendido.
- O
meu pai, ensina-me desde pequena.
-
Ensinou-te bem, bastante bem, tenho de acrescentar.
-
Quando nos conhecemos na floresta, se não fosse com a ajuda dela, não me tinha
livrado de um bando de selvagens. – Explicou o James.
- A
sério? Há mais alguma coisa que deva saber? - Perguntou Richard.
Eu
ri, adorava surpreender quem não me julgava capaz:
-
Tenho uma boa pontaria, se servir para alguma coisa… - Acrescentei.
-
Tão boa como a do James? – Perguntou ele.
-
Não sei, nunca o testei.
-
Vamos ver então, já fui humilhado o suficiente, agora é a tua vez. – Disse o
Richard ao James.
-
Está bem, por mim, pode ser. – Disse o James confiante.
Perfeito! Consegui ver a luta de espadas bem nítida em minha mente.
ResponderEliminarLegal que o James cofia bastante na Belle e não a subestima.
A cada dia, a Belle me lembra um pouco mais da princesa Xena, só que bem mais graciosa.
Continue, Jona! Continue, continue, continue, continue ( voz sumindo aos poucos) ...
Ele sabe, em primeira mão que ela, apesar de ser mulher, está apta para lutar como um homem kkkkk. A Belle é bem mais graciosa, não é tão selvagem como a Xena. Obrigado por acompanhar Jon. Beijos =)
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