quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Um Sonho Ou Realidade - Cap 18

Apesar da inabalável confiança de James ser inspiradora, eu ainda tinha algumas dúvidas, e nada como as esclarecer todas as antes de avançar, tive de fazer uma pergunta, que me estava a torturar á algumas horas:

- Espero mesmo que penses que isto é o melhor para os dois. Espero que não tenhas decidido fazer uma coisa destas por pena… É algo que não vou conseguir suportar.

- Não estou a fazer isto por pena, fizeste-me prometer. – Interrompeu – Sei que não sou o melhor partido do mundo, não é o sonho de qualquer mulher nobre casar com um bastardo, mas mereces uma vida boa, e eu posso dar-te isso, mesmo que seja só uma fachada.


- È preciso mais que uma fachada para assumir um compromisso destes. Não vou ser capaz de me entregar se os nossos sentimentos não passam de uma ilusão para contentar os demais. - Confirmei envergonhada.

- Se não estou em erro, nós quase tomámos esse caminho, e não me amavas aí, não me conhecias de todo. – Disse sem vergonha nenhuma.

Aquele comentário, completamente desnecessário fez-me perder a compostura:

- Perdão? Se bem me lembro, eu não sou a única que está á espera de encontrar a pessoa certa, e são precisas duas pessoas para cometer um erro daqueles. – Respondi, face ao seu descaramento.

- Eu sei, desculpa, não queria ser indelicado. – Admitiu. – Percebo o que queres dizer. Mas acredito que vai ser fácil aprendermos a gostar um do outro.

- Como consegues ter tanta certeza disso?

- Não tenho Belle, mas sei e tu também sabes, que temos uma ligação. Eu nunca aceitaria casar com uma pessoa que me é indiferente.

Olhei para ele, mas não consegui conter um sorriso que me saiu involuntariamente, e me fez ficar embaraçada e esconder a cara.

- Tu sabes que eu tenho razão. – Insistiu.

- Não disse que não. É fácil uma pessoa se afeiçoar a ti, eu entendo. – Admiti envergonhada.

- Então porque continuas a achar que vai ser complicado?

- Porque eu nunca estive apaixonada, nunca amei ninguém. Apesar de tudo, sempre me imaginei completamente arrebatada pelo homem com quem fosse casar, ainda desejo isso.

- Isto é um jogo que ambos temos de jogar, eu vou fazer o meu melhor, e tu tens de fazer o teu. Talvez seja demasiado cedo para tentar imaginar o futuro, mas tu és uma mulher que facilmente consegue fazer com que qualquer homem se apaixone. – Disse, fitando o chão com algum embaraço. - Se a qualquer altura te arrependeres, não te impedirei de ires embora.

Entrámos os dois na sala privada de Lord Hastings, onde estava ele e o meu pai. Apesar de estar certa de que esta união era algo do qual eu e o James só tínhamos a beneficiar, tendo em conta as restantes opções, entrei lá sem ter total confiança. Ainda bem que o James tinha confiança de sombra por nós dois.

- Aqui está o homem que conseguiu convencer a minha indomável filha a casar, muito bem rapaz! – Disse o meu pai ao James, abraçando-o em seguida.

- Foi complicado, mas acabei por conseguir. – Brincou ele.

- Parabéns filho. – Diz Hastings emocionado.

- Agora podemos confirmar que está tudo acertado? Vamos ter dois casamentos? – Perguntou o meu pai.

Apertei a mão do James á procura de amparo, e ele apertou de volta.

- Acreditamos que este casamento será uma coisa boa, para ambas as famílias. Só temos a beneficiar. – Conclui educadamente, como se tivesse ensaiado a frase.

- Ambos concordamos em dar este importante passo. – Concordou o James.

- Fico contente em ouvir isso James, acredito que tomaram a decisão certa. – Disse-lhe Hastings.

- E eu também querida. O que pode ser melhor que um casamento, se não dois casamentos para fortalecer a nossa aliança. – Disse-me o meu pai.

Saímos da sala e agora estava feito, não havia volta a dar. Eu estava oficialmente noiva, e com o meu consentimento. As voltas que a vida dá.

- Está feito! – Disse ele.

- Se não der certo, posso sempre fugir antes do casamento. – Brinquei.

- Espero que não chegue a isso Belle. – Riu.

Depois desta pequena reunião, o meu pai e o Lord Hastings foram tratar dos seus assuntos numa vila vizinha e o James e o Richard foram também. A Beth como era mais caseira, ficou com a Lady Catherine a discutir os planos para os casamentos, eu como não tinha muita paciência e queria lembrar-me disso o menos possível, fui explorar a vila, os mercados, os jardins e quando regressei encontrei a Emily e o Thomas a treinar arco e flecha no átrio. O Thomas estava a ficar frustrado com a irmã, que estava claramente mais á vontade com o arco:

- Estão a treinar? Parece que estão a sair-se muito bem.

- Sim, mas treinar com o Thomas é aborrecido, ele não é grande competição.

- Oh cala-te lá, eu não tenho tanta prática como tu. Além disso, uma espada é bem mais digno de um homem que um arco e flecha. - Disse, tentando justificar a falta de talento.

- Mas eu também não te vejo praticar a tua técnica com a espada. Passas o dia a saltar de um lado para o outro, ou a trepar às árvores. Não percebo para que te servirá isso no futuro. – Gozou ela.

- Vá lá, não discutam. Vou ensinar-te uns truques Thomas.

- Vais? Boa, vou finalmente dar-te uma lição, és mesmo parvalhona. – Disse apontando para a irmã.

- Tu é que és parvo. – Respondeu a Emily.

- Já chega. – Ordenei.

Cheguei perto do Thomas, mas como ele era baixinho tive de me agachar:

- Tu estás muito tenso Thomas, tens de relaxar e não pensar no que está a acontecer á tua volta.

- Isso é complicado com a Emily sempre a tentar distrair-me. - Queixou-se ele.

- Não é complicado. Ouve, concentra-te no alvo, descontrai o corpo, mas os pés têm de estar firmes, uma perna atrás e outra mais á frente. Sente o teu braço tornar-se numa extensão do arco. O melhor truque para te concentrares é respirar fundo.

- Respirar fundo, como assim?

- Ao inspirares preparas o arco e ao expirares atiras a seta. Experimenta, vais ver que resulta.
Ele pôs-se em posição, inspirou, fez mira e ao expirar lançou a seta e acertou mesmo em cheio no alvo. Ficou entusiasmado com o resultado.

- Tinhas razão Belle, és muito boa nestas coisas. Tens de me ensinar mais.

- Também quero aprender. És oficialmente a minha heroína. Acabas-te de fazer um milagre. – Disse a Emily ainda a gozar com o irmão.

- Isto são coisas que só com a prática vão lá, e eu já pratico á muito tempo.

- Tens de nos ensinar tudo o que sabes, por favor. – Implorou o Thomas. – Promete.

- Sim, prometo, vamos ter imenso tempo para isso. – Respondi antes de o ver desaparecer a correr atrás da irmã.


Aquelas crianças eram tão queridas. Ainda tinha o sorriso nos lábios mesmo depois de elas irem embora. 

2 comentários:

  1. ownnnnn, o "momento tia" de Belle. hehe
    Joana, como você imagina Belle fisicamente?
    E qual é o estilo de vestimenta que ela mais usa?
    Poderia me dar uma descrição bem técnica?

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    1. Esses momentos também são importantes kkkk Imagino a Belle uma jovem mulher nos seus 20 anos, com a pele clara, cabelo escuro, olhos azuis claros e lábios avermelhados, para fazer contraste. Se ela está em casa ou com companhia normalmente aceita vestir um vestido simples e elegante (que nela assenta tudo muito bem) e soltar o cabelo, ou arranjá-lo minimamente. Se estiver sozinha nas suas aventuras ou a treinar, imagino-a com o cabelo apanhado numa trança, com calças e botas de couro, uma camisa por baixo de um colete ou espartilho (não muito apertado). Espero que tenha ajudado Jon =) Beijo

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