Apesar
da inabalável confiança de James ser inspiradora, eu ainda tinha algumas dúvidas, e nada como as
esclarecer todas as antes de avançar, tive de fazer uma pergunta, que me estava
a torturar á algumas horas:
- Espero
mesmo que penses que isto é o melhor para os dois. Espero que não tenhas
decidido fazer uma coisa destas por pena… É algo que não vou conseguir
suportar.
-
Não estou a fazer isto por pena, fizeste-me prometer. – Interrompeu – Sei que
não sou o melhor partido do mundo, não é o sonho de qualquer mulher nobre casar
com um bastardo, mas mereces uma vida boa, e eu posso dar-te isso, mesmo que
seja só uma fachada.
- È
preciso mais que uma fachada para assumir um compromisso destes. Não vou ser
capaz de me entregar se os nossos sentimentos não passam de uma ilusão para
contentar os demais. - Confirmei envergonhada.
- Se
não estou em erro, nós quase tomámos esse caminho, e não me amavas aí, não me
conhecias de todo. – Disse sem vergonha nenhuma.
Aquele
comentário, completamente desnecessário fez-me perder a compostura:
-
Perdão? Se bem me lembro, eu não sou a única que está á espera de encontrar a
pessoa certa, e são precisas duas pessoas para cometer um erro daqueles. –
Respondi, face ao seu descaramento.
- Eu
sei, desculpa, não queria ser indelicado. – Admitiu. – Percebo o que queres
dizer. Mas acredito que vai ser fácil aprendermos a gostar um do outro.
-
Como consegues ter tanta certeza disso?
-
Não tenho Belle, mas sei e tu também sabes, que temos uma ligação. Eu nunca
aceitaria casar com uma pessoa que me é indiferente.
Olhei
para ele, mas não consegui conter um sorriso que me saiu involuntariamente, e me
fez ficar embaraçada e esconder a cara.
- Tu
sabes que eu tenho razão. – Insistiu.
-
Não disse que não. É fácil uma pessoa se afeiçoar a ti, eu entendo. – Admiti
envergonhada.
-
Então porque continuas a achar que vai ser complicado?
-
Porque eu nunca estive apaixonada, nunca amei ninguém. Apesar de tudo, sempre
me imaginei completamente arrebatada pelo homem com quem fosse casar, ainda
desejo isso.
- Isto
é um jogo que ambos temos de jogar, eu vou fazer o meu melhor, e tu tens de
fazer o teu. Talvez seja demasiado cedo para tentar imaginar o futuro, mas tu
és uma mulher que facilmente consegue fazer com que qualquer homem se apaixone.
– Disse, fitando o chão com algum embaraço. - Se a qualquer altura te
arrependeres, não te impedirei de ires embora.
Entrámos
os dois na sala privada de Lord Hastings, onde estava ele e o meu pai. Apesar
de estar certa de que esta união era algo do qual eu e o James só tínhamos a
beneficiar, tendo em conta as restantes opções, entrei lá sem ter total
confiança. Ainda bem que o James tinha confiança de sombra por nós dois.
- Aqui
está o homem que conseguiu convencer a minha indomável filha a casar, muito bem
rapaz! – Disse o meu pai ao James, abraçando-o em seguida.
-
Foi complicado, mas acabei por conseguir. – Brincou ele.
-
Parabéns filho. – Diz Hastings emocionado.
-
Agora podemos confirmar que está tudo acertado? Vamos ter dois casamentos? –
Perguntou o meu pai.
Apertei
a mão do James á procura de amparo, e ele apertou de volta.
-
Acreditamos que este casamento será uma coisa boa, para ambas as famílias. Só
temos a beneficiar. – Conclui educadamente, como se tivesse ensaiado a frase.
-
Ambos concordamos em dar este importante passo. – Concordou o James.
- Fico
contente em ouvir isso James, acredito que tomaram a decisão certa. – Disse-lhe
Hastings.
- E
eu também querida. O que pode ser melhor que um casamento, se não dois
casamentos para fortalecer a nossa aliança. – Disse-me o meu pai.
Saímos
da sala e agora estava feito, não havia volta a dar. Eu estava oficialmente
noiva, e com o meu consentimento. As voltas que a vida dá.
-
Está feito! – Disse ele.
- Se
não der certo, posso sempre fugir antes do casamento. – Brinquei.
-
Espero que não chegue a isso Belle. – Riu.
Depois
desta pequena reunião, o meu pai e o Lord Hastings foram tratar dos seus
assuntos numa vila vizinha e o James e o Richard foram também. A Beth como era
mais caseira, ficou com a Lady Catherine a discutir os planos para os
casamentos, eu como não tinha muita paciência e queria lembrar-me disso o menos
possível, fui explorar a vila, os mercados, os jardins e quando regressei
encontrei a Emily e o Thomas a treinar arco e flecha no átrio. O Thomas estava
a ficar frustrado com a irmã, que estava claramente mais á vontade com o arco:
-
Estão a treinar? Parece que estão a sair-se muito bem.
-
Sim, mas treinar com o Thomas é aborrecido, ele não é grande competição.
- Oh
cala-te lá, eu não tenho tanta prática como tu. Além disso, uma espada é bem mais
digno de um homem que um arco e flecha. - Disse, tentando justificar a falta de talento.
-
Mas eu também não te vejo praticar a tua técnica com a espada. Passas o dia a
saltar de um lado para o outro, ou a trepar às árvores. Não percebo para que te
servirá isso no futuro. – Gozou ela.
- Vá
lá, não discutam. Vou ensinar-te uns truques Thomas.
-
Vais? Boa, vou finalmente dar-te uma lição, és mesmo parvalhona. – Disse apontando
para a irmã.
- Tu
é que és parvo. – Respondeu a Emily.
- Já
chega. – Ordenei.
Cheguei
perto do Thomas, mas como ele era baixinho tive de me agachar:
- Tu
estás muito tenso Thomas, tens de relaxar e não pensar no que está a acontecer
á tua volta.
-
Isso é complicado com a Emily sempre a tentar distrair-me. - Queixou-se ele.
-
Não é complicado. Ouve, concentra-te no alvo, descontrai o corpo, mas os pés
têm de estar firmes, uma perna atrás e outra mais á frente. Sente o teu braço tornar-se
numa extensão do arco. O melhor truque para te concentrares é respirar fundo.
- Respirar
fundo, como assim?
- Ao
inspirares preparas o arco e ao expirares atiras a seta. Experimenta, vais ver
que resulta.
Ele
pôs-se em posição, inspirou, fez mira e ao expirar lançou a seta e acertou
mesmo em cheio no alvo. Ficou entusiasmado com o resultado.
-
Tinhas razão Belle, és muito boa nestas coisas. Tens de me ensinar mais.
-
Também quero aprender. És oficialmente a minha heroína. Acabas-te de fazer um
milagre. – Disse a Emily ainda a gozar com o irmão.
-
Isto são coisas que só com a prática vão lá, e eu já pratico á muito tempo.
-
Tens de nos ensinar tudo o que sabes, por favor. – Implorou o Thomas. – Promete.
-
Sim, prometo, vamos ter imenso tempo para isso. – Respondi antes de o ver
desaparecer a correr atrás da irmã.
Aquelas
crianças eram tão queridas. Ainda tinha o sorriso nos lábios mesmo depois de
elas irem embora.
ownnnnn, o "momento tia" de Belle. hehe
ResponderEliminarJoana, como você imagina Belle fisicamente?
E qual é o estilo de vestimenta que ela mais usa?
Poderia me dar uma descrição bem técnica?
Esses momentos também são importantes kkkk Imagino a Belle uma jovem mulher nos seus 20 anos, com a pele clara, cabelo escuro, olhos azuis claros e lábios avermelhados, para fazer contraste. Se ela está em casa ou com companhia normalmente aceita vestir um vestido simples e elegante (que nela assenta tudo muito bem) e soltar o cabelo, ou arranjá-lo minimamente. Se estiver sozinha nas suas aventuras ou a treinar, imagino-a com o cabelo apanhado numa trança, com calças e botas de couro, uma camisa por baixo de um colete ou espartilho (não muito apertado). Espero que tenha ajudado Jon =) Beijo
Eliminar