Ele
tinha razão. Olhei-o surpresa, perante a sua afirmação, e apesar de não o
conhecer, soube que ele não era como a maioria dos homens, era diferente. Desviei
o olhar, mas ele não. Ele levantou a mão e segurou a minha cara para que o
olhasse:
-
Obrigado, por tudo. – Agradeceu.
- Não
tens de agradecer.
Continuou
a olhar-me, tão intensamente que não me deixava desviar o olhar:
- Não ia fugir. – Disse, numa tentativa de
acabar com aquele silêncio perturbador.
-
Agora sei que não. – Respondeu, acariciando a minha face com a sua mão.
Acho
que ele detestou aquele silêncio tanto quanto eu, e para não passar novamente
por isso, resolveu fazer algo de útil. Algo que ele desejou naquele momento de
proximidade. Moveu-se para a frente, na minha direcção e beijou-me gentilmente.
Não tive reacção, simplesmente deixei-me levar pelo gosto do beijo, dos seus
lábios, e pelo que me fazia sentir.
Ele
era um estranho e eu não o parei. Se tivesse sido outro rapaz qualquer, mesmo por mais bonito que fosse, o seu atrevimento teria sido recompensado com um valente estalo na cara, mas não aconteceu com o James. Admito, estava a adorar o
beijo, e as sensações que causava em mim. Ele apoiou-se na árvore e trocou
de lugar comigo. Fiquei presa entre ele e o tronco. Os seus lábios eram tão
doces, e o seu beijo tão viciante que não estava preparada para me afastar.
Os
meus braços á volta do seu pescoço, as minhas mãos entrelaçadas nos seus
caracóis. Os seus braços segurando-me firmemente, quase com receio que eu fosse
fugir. Mas o melhor foi quando a sua pele quente tocou na minha pele
escaldando, as suas mãos viajando pelas minhas costas, ignorando a minha
camisa, terminando nas minhas ancas, puxando-me para si.
Todo
esse tempo, os nossos lábios não se quiseram separar. Eu tinha conseguido
tirar-lhe a camisa sem me aperceber. Ele desabotoava a minha quando de repente
uma imagem, um flash da cara do meu pai e da sua fúria surgiu na minha mente.
- O
que estamos a fazer? – Disse, afastando-o custosamente.
-
Desculpa… - Disse, ainda embaraçado, ainda ofegante e tentando recompor-se.
- A
culpa não é só tua. Eu não te impedi. – Admiti envergonhada.
- Não
costumo ser assim, que raio me fizeste tu? - Acusou-me.
-
Então a é culpa minha? – Perguntei incrédula com o seu atrevimento.
Ele
riu e fitou-me ainda com aquela chama de desejo no olhar. O James lutava contra
ela, com todas as suas forças. Eu continuava encostada á árvore tentando
recuperar o fôlego, e ele em frente a mim, á curta distância de um braço, ainda
demasiado perto e sem a sua camisa.
-
Estou a brincar… Lamento ter-me comportado desta forma vergonhosa, desculpa. – Lamentou,
afastando-se e vestindo a sua roupa.
-
Não faz mal. O que se passou aqui não pode chegar aos ouvidos do meu pai James.
– Supliquei.
- De
mim ninguém vai saber. – Assegurou ele.
-
Obrigado.
Andámos
algumas horas, tivemos de parar algumas vezes para que o James descansasse, não
podia fazer muito esforço. Ainda fizemos uma bela caminhada, mas a maior parte
do percurso foi feita em silêncio. O que tinha acontecido entre nós a
apenas umas horas, era como se nunca tivesse acontecido. No entanto o ambiente
continuava constrangedor.
Estávamos
perto de Stormhold e o nervosismo estava a subir-me á cabeça, então comecei a
falar para me distrair:
- Não
sou a herdeira ou a mais velha, porque razão me escolheu ele para casar
primeiro? – Questionei-me acerca da decisão do meu pai.
- Não
sei, talvez tenhas algo de especial? – Disse, sorrindo de uma forma
desavergonhada, como se estivesse a fazer referência a algo em particular.
-
Não sou especial, um pouco diferente talvez. – Insisti, ignorando-o.
- És
diferente sim, a maioria das raparigas teria vindo para a floresta de vestido e
espartilho. Tu vieste de calças… - Gozou.
- Eu
não sou como a maioria das raparigas.
- Já
tinha reparado. – Fez questão de confirmar.
-
Ainda bem. – Respondi, deixando escapar um sorriso.
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