sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Um Sonho Ou Realidade - Cap 7

Ele tinha razão. Olhei-o surpresa, perante a sua afirmação, e apesar de não o conhecer, soube que ele não era como a maioria dos homens, era diferente. Desviei o olhar, mas ele não. Ele levantou a mão e segurou a minha cara para que o olhasse:

- Obrigado, por tudo. – Agradeceu.
- Não tens de agradecer.

Continuou a olhar-me, tão intensamente que não me deixava desviar o olhar:

- Não ia fugir. – Disse, numa tentativa de acabar com aquele silêncio perturbador.
- Agora sei que não. – Respondeu, acariciando a minha face com a sua mão.


Acho que ele detestou aquele silêncio tanto quanto eu, e para não passar novamente por isso, resolveu fazer algo de útil. Algo que ele desejou naquele momento de proximidade. Moveu-se para a frente, na minha direcção e beijou-me gentilmente. Não tive reacção, simplesmente deixei-me levar pelo gosto do beijo, dos seus lábios, e pelo que me fazia sentir.

Ele era um estranho e eu não o parei. Se tivesse sido outro rapaz qualquer, mesmo por mais bonito que fosse, o seu atrevimento teria sido recompensado com um valente estalo na cara, mas não aconteceu com o James. Admito, estava a adorar o beijo, e as sensações que causava em mim. Ele apoiou-se na árvore e trocou de lugar comigo. Fiquei presa entre ele e o tronco. Os seus lábios eram tão doces, e o seu beijo tão viciante que não estava preparada para me afastar.

Os meus braços á volta do seu pescoço, as minhas mãos entrelaçadas nos seus caracóis. Os seus braços segurando-me firmemente, quase com receio que eu fosse fugir. Mas o melhor foi quando a sua pele quente tocou na minha pele escaldando, as suas mãos viajando pelas minhas costas, ignorando a minha camisa, terminando nas minhas ancas, puxando-me para si.

Todo esse tempo, os nossos lábios não se quiseram separar. Eu tinha conseguido tirar-lhe a camisa sem me aperceber. Ele desabotoava a minha quando de repente uma imagem, um flash da cara do meu pai e da sua fúria surgiu na minha mente.

- O que estamos a fazer? – Disse, afastando-o custosamente.
- Desculpa… - Disse, ainda embaraçado, ainda ofegante e tentando recompor-se.
- A culpa não é só tua. Eu não te impedi. – Admiti envergonhada.
- Não costumo ser assim, que raio me fizeste tu? - Acusou-me.
- Então a é culpa minha? – Perguntei incrédula com o seu atrevimento.

Ele riu e fitou-me ainda com aquela chama de desejo no olhar. O James lutava contra ela, com todas as suas forças. Eu continuava encostada á árvore tentando recuperar o fôlego, e ele em frente a mim, á curta distância de um braço, ainda demasiado perto e sem a sua camisa.

- Estou a brincar… Lamento ter-me comportado desta forma vergonhosa, desculpa. – Lamentou, afastando-se e vestindo a sua roupa.
- Não faz mal. O que se passou aqui não pode chegar aos ouvidos do meu pai James. – Supliquei.
- De mim ninguém vai saber. – Assegurou ele.
- Obrigado.

Andámos algumas horas, tivemos de parar algumas vezes para que o James descansasse, não podia fazer muito esforço. Ainda fizemos uma bela caminhada, mas a maior parte do percurso foi feita em silêncio. O que tinha acontecido entre nós a apenas umas horas, era como se nunca tivesse acontecido. No entanto o ambiente continuava constrangedor.

Estávamos perto de Stormhold e o nervosismo estava a subir-me á cabeça, então comecei a falar para me distrair:

- Não sou a herdeira ou a mais velha, porque razão me escolheu ele para casar primeiro? – Questionei-me acerca da decisão do meu pai.
- Não sei, talvez tenhas algo de especial? – Disse, sorrindo de uma forma desavergonhada, como se estivesse a fazer referência a algo em particular.
- Não sou especial, um pouco diferente talvez. – Insisti, ignorando-o.
- És diferente sim, a maioria das raparigas teria vindo para a floresta de vestido e espartilho. Tu vieste de calças… - Gozou.
- Eu não sou como a maioria das raparigas.
- Já tinha reparado. – Fez questão de confirmar.
- Ainda bem. – Respondi, deixando escapar um sorriso.

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