terça-feira, 15 de outubro de 2013

Um Sonho Ou Realidade - Cap 5

Não entendi o motivo logo naquele instante, mas pareceu-me que depois de ouvir a minha opinião, ele olhava de outra forma para mim, como que, com admiração. Acho que se identificou a ele mesmo naquela situação. Consegui identificar isso no seu olhar, o que me fez ficar curiosa:

- O que foi? - Perguntei.
- Nada, é só que pareces muito jovem e no entanto consegues ser tão sensata, isso é raro.
- Obrigado, o meu pai diz que tenho uma mente demasiado aberta para o seu gosto. Voltando ao outro assunto, seria uma pena, se te alistasses.
- Porquê?
- Porque és demasiado novo e tens a vida toda pela frente. Estás assim tão disposto ou tão desesperado ao ponto de sacrificares a tua liberdade?

- Que outra opção tenho? Ficar o resto da vida como o bastardo e causar embaraço á minha família?
- Podes ir embora, fazer o teu próprio destino. Encontrar um trabalho mesmo que modesto, ganhar algum dinheiro, casar… - Disse, sem querer ser indiscreta.
- Acho que o meu pai não ia achar piada nenhuma que o seu filho, ainda que bastardo, andasse a viver uma vida de camponês.
- Cada um tem a sua opinião. Eu não me importava de trocar a minha vida por uma mais modesta, desde que fosse feliz. – Disse sem rodeios.
- Então és mais corajosa que eu. – Brincou.
- Parece que sim. De qualquer forma, acho que é um grande desperdício se te alistares.
- Ah sim? – Perguntou curioso com o meu comentário.
Não lhe respondi á pergunta, mas não consegui evitar sorrir.

- Acho que devíamos dormir!
- Sim, devíamos. – Respondeu.

Dormi como um bebé nessa noite. Tinha acabado de o conhecer mas sentia-me confortável e segura com o James por perto. De manhã acordei e quando abri os olhos tomei consciência que se estava a passar. Senti, junto ao meu traseiro, que ele estava demasiado entusiasmado com a minha presença ou então tinha tido um sonho pouco próprio. Não me consegui conter e tive de perguntar:

- Tens a tua espada apontada a mim novamente? – Gozei.

Ele levantou-se rapidamente, compondo-se muito envergonhado e sem dar qualquer resposta. Ajudou-me a levantar, pois eu não o ia conseguir fazer sozinha, atada como estava. Depois disse-lhe:

- Estive a pensar e decidi ir contigo para Stormhold, de livre vontade.
- Ainda bem, acho que é o mais correcto.
- Podes desamarrar-me agora? – Perguntei esperançosa.
- Não, como é que sei se não me estás a tentar enganar outra vez?
- Estás a falar a sério? Depois de tudo o que te disse… - Disse sem querer acreditar. – Como queiras.


Ele nem respondeu, talvez por ainda estar envergonhado com aquela situação e por tê-lo tentado envergonhar ainda mais. Andámos o dia todo e eu não lhe dirigi a palavra. Senti-me humilhada por lhe ter contado tanto sobre mim, por ter partilhado coisas que nem com a minha irmã Beth tinha falado, e mesmo assim, ele não confiava em mim. Não era pessoa de guardar ressentimento, mas aquele pequeno golpe da parte do James estava a fazer-me sentir pequenina, e de certa forma, traída também.

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